Protestos inicialmente pacíficos tornaram-se violentos. Mais de 50 polícias foram feridos durante "tumultos" à noite, na sequência dos protestos para assinalar o Dia do Trabalhador, segundo sindicato da categoria.
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Este domingo (02.05), a Polícia de Berlim informou ter detido mais de 250 pessoas, depois que as manifestações de sábado passaram de pacíficas para uma violência "inaceitável", com manifestantes a atirar pedras e garrafas contra os oficiais e atear fogo em contentores de lixo.
Cerca de 30.000 pessoas de todo o espectro político participaram em várias marchas na capital alemã no sábado (01.05), no âmbito das tradicionais manifestações por mais direitos para os trabalhadores, no Dia do Trabalhador.
A maioria das manifestações decorreu pacificamente, segundo a polícia.
Mas o ambiente transformou-se, quando as forças de segurança dispersaram uma manifestação da extrema-esquerda, o "Bloco Negro", cujos membros não respeitaram as restrições de saúde relacionadas com a pandemia de Covid-19.
Seguiram-se fortes confrontos, com manifestantes a atirar garrafas de vidro e pedras à polícia e a colocar fogo em contentores de lixo e paletes de madeira na estrada.
Cerca de 50 agentes foram feridos quando o protesto foi interrompido, segundo o sindicato da polícia de Berlim, colocando o número de detenções em mais de 250.
"A violência durante as manifestações é absolutamente inaceitável", disse a chefe da Polícia de Berlim, Barbara Slowik. "A situação degenerou, mas foi rapidamente controlada", acrescentou.
Mais de vinte manifestações foram organizadas no 1.º de maio na capital alemã, com palavras de ordem sobre temas como o aumento das rendas, a política de migração e a oposição a medidas restritivas ligadas à pandemia.
A capital alemã tinha destacado cerca de 5.600 oficiais para acompanhar os protestos no sábado, que se tornaram violentos no passado.
Protestos semelhantes tiveram lugar em todo o mundo, alguns dos quais também resultaram em confrontos.
Em Paris, a polícia disparou gás lacrimogéneo contra os manifestantes que partiram janelas de agências bancárias, incendiaram caixotes do lixo e atiraram projéteis contra os agentes.
Varredoras de Quelimane: Trabalho arriscado e mal pago
Mais de 270 mulheres fazem a limpeza da capital provincial da Zambézia, no centro de Moçambique. Com idades entre 40 e 60 anos, elas queixam-se das condições de trabalho e reclamam um salário digno.
Foto: Marcelino Mueia/DW
Necessidade não vê idade
Alzira da Silva Mussalama, carinhosamente chamada "vovó Alzira" pelas colegas, é viúva e há 37 anos é varredora. Começou a trabalhar perto dos 19 anos. Agora com 56, a idade já pesa: ela sente dores constantes na coluna, mas, para garantir o seu sustento, é obrigada a aturar o trabalho. E "vovó Alzira" sequer tem um contrato de trabalho definitivo com a empresa municipal de limpeza urbana.
Foto: Marcelino Mueia/DW
Companheiras de trabalho
A varredora Joaquina Luís (esquerda) também tem 56 anos de idade. E ao seu lado está Suraia Arune Jafar, que está há 16 anos na profissão. As colegas de trabalho, além de partilhar experiências, partilham preocupações. A maior de todas é o desconto salarial frequente. Elas dizem que a folha de pagamento não espelha o valor real que ambas recebem.
Foto: Marcelino Mueia/DW
O salário não compensa
Julieta Rafael, como as outras varredoras, pede a compaixão das autoridades para incrementarem o salário que considera péssimo e sem reajuste há vários anos. Com três filhos, a profissional diz que o pouco que recebe cobre apenas a alimentação da família durante um mês.
Foto: Marcelino Mueia/DW
Falta de incentivo
Cecília Dinis José é supervisora das varredoras e queixa-se da falta de incentivos na profissão. Muitas varredoras exercem a atividade há pelo menos 15 anos, mas não são promovidas e nem mudam de carreira, embora tenham concluído algum nível académico - requisito principal exigido pelas autoridades para a promoção profissional.
Foto: Marcelino Mueia/DW
A chefe das mulheres
Hortência Agostinho é a diretora da empresa municipal de limpeza (EMUSA), uma instituição que é subordinada ao Conselho Autárquico de Quelimane e congrega 270 varredoras de rua. Como mulher, e a comandar as outras mulheres, Hortência diz que o seu desafio é garantir o salário a tempo e criar condições condignas de trabalho para as varredoras.
Foto: Marcelino Mueia/DW
Riscos diários
Manter a cidade limpa constitui o maior desafio das varredoras. Mas o trabalho nas ruas é bastante arriscado. As varredoras enfrentam o risco de atropelamento devido à circulação dos automobilistas, motociclistas e ciclistas. Outro risco iminente é o de contrair doenças respiratórias devido à poeira e o cheiro de lixo.
Foto: Marcelino Mueia/DW
Embelezamento da cidade
Além da limpeza das ruas, há quem cuide dos jardins municipais. É o caso da
Victória Mateus Dima (de fato azul), em companhia das suas colegas de
trabalho. Victória está acostumada com o trabalho que antes teve dificuldades de realizar por alguns considerarem uma tarefa masculina.
Foto: Marcelino Mueia/DW
Amontoados de lixo
Entretanto, o lixo chega a permanecer dois ou três dias nas ruas. De um lado, a incapacidade das autoridades na coleta dos resíduos associada à falta de meios. Do outro, a conduta dos próprios munícipes que não obedecem os horários para o descarte do lixo - uma falta de respeito com o trabalho das varredoras.
Foto: Marcelino Mueia/DW
"Edifício sucata"
Esta é a sede da EMUSA, empresa responsável pelas varredoras de Quelimane. O edifício está sucateado e clama por manutenção, uma pintura externa e o aprimoramento dos sistemas de saneamento interno.
Foto: Marcelino Mueia/DW
Contentores de sucata
Além do edifício-sede da EMUSA, há contentores de lixo que se transformaram em ferro-velho. Os contentores chegaram a Quelimane há mais de dois anos, e o resultado é este. Esse sucateamento do setor dificulta ainda mais o trabalho das varredoras.