Alemanha enviará 1.000 armas antitanque e 500 mísseis terra-ar dos estoques das Forças Armadas Alemãs para Kiev, anunciou o porta-voz do Governo alemão, Steffen Hebestreit, neste sábado (26.02).
Publicidade
A Alemanha está a enviar 1.000 armas antitanque e 500 mísseis terra-ar dos estoques das Forças Armadas Alemãs para a Ucrânia, anunciou o porta-voz do Governo, Steffen Hebestreit, neste sábado à noite, acrescentando que as armas deveriam ser entregues o mais rápido possível para apoiar as forças armadas ucranianas.
O chanceler Olaf Scholz (SPD) disse que era dever da Alemanha "apoiar a Ucrânia da melhor forma possível em sua defesa contra o exército invasor de Vladimir Putin".
Antes, neste sábado (26.2), a Alemanha aprovou, desde a Holanda até a Ucrânia, a entrega de 400 lançadores de granadas, confirmando uma mudança na sua política, após Berlim enfrentar críticas por se recusar a enviar armas para Kiev, ao contrário de outros aliados ocidentais.
"A aprovação foi confirmada pela chancelaria", disse hoje o porta-voz do Ministério da Defesa. Os lançadores vêm dos estoques das forças armadas alemãs.
Armas da antiga RDA
O Governo federal da Alemanha também aprovou hoje a entrega de várias peças de artilharia das antigas ações da República Democrática Alemã (RDA), antigo país socialista, para a Ucrânia, segundo a agência de notícias dpa.
Publicidade
Uma política de longa data alemã é não exportar armas a zonas de guerra, enraizadas em parte em sua história sangrenta do século 20.
Entretanto, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, saudou hoje o enviou de armas pela Alemanha para a Ucrânia, que foi invadida na quinta-feira pela Rússia, e agradeceu ofertas de mediação.
"A Alemanha acaba de anunciar a entrega à Ucrânia de lançadores de granadas antitanque e mísseis Stinger. Continue assim, Olaf Scholz! A coligação antiguerra em ação!", afirmou o chefe de Estado ucraniano, na rede social Twitter, dirigindo-se ao chanceler alemão.
A Ucrânia contabilizou neste sábado (26.2) centenas de mortes no país devido a ataques das forças da Rússia, que iniciaram-se na última quinta-feira (24.02). Mais de 120 mil pessoas já fugiram do país, segundo a agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Este é o segundo balanço de mortes divulgado pelo Governo ucraniano desde o início da guerra empreendida pela Rússia. Na noite de quinta, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, anunciou que 137 pessoas haviam morrido no primeiro dia da ofensiva militar russa.
Sanção à Rússia
Como sanção à Rússia, a União Europeia (UE) tem vindo a discutir a possibilidade de expulsar a Rússia do Swift, uma medida que isolaria os bancos russos. Áustria, Hungria e Alemanha dependem em grande medida do gás natural russo e, caso a Rússia seja desligada do sistema Swift, não poderiam pagar as faturas dessa importação.
Entretanto, o Governo da Alemanha expressou neste sábado sua disposição para apoiar uma restrição "seletiva e funcional" do acesso da Rússia ao sistema bancário Swift em resposta à invasão russa da Ucrânia.
O Ministério das Relações Exteriores alemão informou por meio de uma mensagem em sua conta no Twitter que está trabalhando em maneiras de limitar os "danos colaterais" de uma desconexão russa do sistema "para que isso afete aqueles que deve afetar". "O que precisamos é de uma restrição seletiva e funcional do Swift", acrescentou Scholz.
Manifestantes em cidades de todo o mundo expressaram solidariedade para com a Ucrânia neste sábado, tendo muitos manifestado insatisfação perante a decisão do Kremlin de invadir o vizinho russo.
Rússia - Ucrânia: Uma cronologia das relações que levaram a guerra à Europa
Ao invadir a Ucrânia, o Presidente Vladimir Putin foi acusado pelos países ocidentais de provocar uma guerra na Europa. Veja aqui a cronologia dos acontecimentos que levaram à guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Foto: UMIT BEKTAS/REUTERS
2004
O candidato pró-Rússia, Viktor Yanukovich (na foto), é declarado Presidente, mas alegações de fraude eleitoral provocam um movimento de protesto. Conhecida como a Revolução Laranja, a iniciativa força uma nova votação, que resulta na eleição do pró-ocidental Viktor Yushchenko.
Foto: Reuters/T. Makeyeva
2005
Um ano mais tarde, o novo Presidente, Viktor Yushchenko, promete retirar a Ucrânia da órbita de Moscovo e conduzi-la em direção à NATO e União Europeia. Durante a sua campanha em 2004, Yushchenko sofreu uma tentativa de assassinato por envenenamento que o deixou desfigurado. Desde então, fez uma recuperação física total.
Foto: picture-alliance/dpa/Sputnik/A. Vitvitsky
2008
Na cimeira de Bucareste, a NATO concorda em iniciar o processo de adesão da Ucrânia e da Geórgia. "Acordámos hoje que estes países se tornarão membros da NATO", lê-se na declaração da cimeira. Na mesma cimeira, o Presidente russo, Vladimir Putin (na foto), avisou que as relações com o Ocidente dependeriam do respeito pelos interesses do seu país.
Foto: Vladimir Rodionov/dpa/picture-alliance
2010
Viktor Yanukovich derrota Yulia Tymoshenko nas presidenciais e torna-se chefe de Estado. As eleições foram consideradas justas por observadores internacionais. Uma semana antes da assinatura do acordo com a UE, Yanukovich suspende o processo e anuncia que a Ucrânia prefere juntar-se à Rússia na União Aduaneira Eurasiática.
Foto: Reuters
2013 e 2014
A decisão de Yanukovich gera uma onda de protestos de apoiantes da integração europeia. O movimento chamado "Euromaidan", por centrar as manifestações na Praça Maidan, em Kiev, tornam-se violentos. Dezenas de manifestantes são mortos, mas o Presidente acaba por ser retirado do Governo, exilando-se na Rússia.
Foto: Tomas Rafa
2014 - anexação da Crimeia
Em março, a Rússia anexa a península da Crimeia, no sudeste da Ucrânia.
Em abril, separatistas com apoio de Moscovo declaram a independência das "repúblicas" de Luhansk e de Donetsk, na região oriental ucraniana do Donbass, iniciando uma guerra que provoca 14 mil mortos em oito anos.
Foto: Imago Images
2019
O ex-ator e comediante Volodymyr Zelensky é eleito Presidente da República em 21 de abril e promete pôr fim ao conflito no leste da Ucrânia. Em 2021, apela ao novo Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, para apoiar a adesão da Ucrânia possa à NATO, colocando o país em novamente nos trilhos rumo à Europa.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Sivkov
2021 - Março até Novembro
O Governo russo estaciona tropas perto da fronteira da Ucrânia, alegando treinos miltares.
A Ucrânia acusa Putin de ter concentrado 100 mil tropas e armamento pesado nas suas fronteiras, o que motiva um pedido de explicação dos EUA ao Kremlin. Putin acusa o Ocidente de exacerbar tensões "entregando armas modernas a Kiev e conduzindo exercícios militares provocatórios" no Mar Negro.
Foto: Maxar Technologies via REUTERS
2021 - Dezembro
Biden adverte que a Rússia será alvo de sanções económicas duras se invadir a Ucrânia.
Moscovo divulga as suas exigências ao Ocidente: tratados a proibir a adesão da Ucrânia e da Geórgia à NATO, o estabelecimento de bases militares no leste e a retirada de tropas aliadas da Roménia e da Bulgária, num regresso à situação anterior a 1997.
Foto: Brendan Smialowski/AFP
2022 - 10 de Fevereiro
Tropas russas e bielorrussas iniciam dez dias de exercícios de combate próximo da fronteira da Bielorrússia com a Ucrânia. A presença destas tropas gera mais preocupação na comunidade internacional, que vê os exercícios como um posicionamento estratégico das tropas russas, dando-lhes mais um ponto de entrada na Ucrânia.
Foto: Alexander Zemlianichenko/AP Photo/picture alliance
2022 - 21 de Fevereiro
Os líderes das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Luhansk pedem a Putin para as reconhecer como Estados independentes. Putin assina os decretos em que a Rússia reconhece a independência das regiões e ordena ao exército russo que envie uma missão de "manutenção da paz" para os territórios no leste da Ucrânia.
A NATO acusa Moscovo de fabricar um pretexto para invadir a Ucrânia.
Foto: Alexei Alexandrov/AP Photo/picture alliance
2022 - 22 de Fevereiro
Zelensky pede ao Ocidente "medidas de apoio claras e eficazes", assegura que os ucranianos "não vão ceder uma única parcela do país" e responsabiliza a Rússia por tudo o que acontecer.
Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, diz que tomou medidas para interromper a certificação do gasoduto Nord Stream 2, numa decisão saudada pela UE e pelos EUA.
Foto: Clemens Bilan/Getty Images
2022 - 24 de Fevereiro
Tropas russas entram na Ucrânia e muitos locais são atingidos por mísseis. Vladimir Putin pronuncia um discurso no qual afirma que apenas alvos militares serão atingidos. Mas relatos de civis feridos e vídeos de ataques em zonas urbanas enchem as redes sociais. Várias baixas são reportadas nas primeiras horas do conflito.
Foto: Ukrainian President s Office/Zuma/imago images
2022 - 24 de Fevereiro
Edifícios residenciais civis atingidos durante a operação militar do Kremlin contra a Ucrânia. Relatos, vídeos e pedidos de ajuda surgem nas redes sociais, expondo vários cenários em que zonas urbanas e civis foram apanhados na destruição dos ataques militares.
Foto: UMIT BEKTAS/REUTERS
2022 - 24 de fevereiro
Muitas pessoas utilizaram as estações de metro em Kiev como abrigo durante a operação militar do Kremlin. As sirenes contra ataques aéreos soaram pela primeira vez desde a 2ª Guerra Mundial. As estações encheram-se de pessoas à procura de guarida.
Foto: Zoya Shu/AP/dpa/picture alliance
2022 - 24 de Fevereiro
Protestos contra a iniciativa militar do Kremlin surgem em vários países, incluindo na Rússia. Na foto, uma manifestante russa é detida pela polícia enquanto segura um cartaz que diz "Não à guerra!".