Biblioteca comunitária atrai jovens e crianças em Cabinda
Simão Lelo
24 de junho de 2024
Jovem em Cabinda criou biblioteca comunitária para promover a leitura em Cabinda. "Clube de Leitura Victor Nguma" conta com cerca de 400 livros, maioritariamente adquiridos a custo próprio.
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Bonifácio Mavinga Nguma, de 32 anos, decidiu criar um projeto com o objetivo de estimular a aprendizagem e o gosto pela leitura: o "Clube de Leitura Victor Nguma". À DW África, o jovem releva que o seu maior sonho é conseguir fazer algo útil pela sociedade de Cabinda:
"Sempre sonhei em ter um destaque a nível da sociedade. O Clube de Leitura Victor Nguma, é uma organização não-governamental apartidária e sem fins lucrativos, preocupada em levar cada vez mais a leitura às distintas faixas etárias existentes na nossa sociedade."
Levar a leitura aos bairrros
Fundado em dezembro de 2020, este projeto, que também conta com uma componente itinerante, já chegou a bairros periféricos. Atualmente, a biblioteca comunitária, instalada no bairro Gika, funciona num espaço cedido pela Comissão de Bairro.
"Há também a biblioteca itinerante, que visa levar diversos livros com apoio de uma bicicleta a uma determinada rua da cidade, largos, igrejas e outros lugares, de forma gratuita, para que o interessado tenha acesso," sublinha Bonifácio Mavinga Nguma.
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Livros são caros
Atualmente com 432 livros de vários géneros literários, esta biblioteca procura chegar a vários públicos. Num país onde os livros são caros, o projeto pretende continuar a crescer, apesar das dificuldades enfrentadas clube de leitura.
"Nós notamos muitas dificuldades, porque os livros têm preços muito elevados, e temos dificuldades em adquiri-los. Os livros que temos resultam do pouco que que temos do ponto de vista financeiro," descreve.
"O livro transforma"
O projeto integra mais três pessoas. Em entrevista à DW África, outro integrante do projeto, José Tati, valorizou o mentor do Clube de Leitura Victor Nguma e destacou os benefícios da leitura.
"Bonifácio Mavinga Nguma sempre foi uma pessoa muito presente e inspiradora. Ele me inspirou muito, uma vez que o livro transforma, aprimora a voz, a escrita e o intelecto pessoal," pontua.
O objetivo do projeto é continuar a crescer e arrecadar cada vez mais livros, através de doações de benfeitores. Numa área em que existem poucas bibliotecas, projetos como este são essenciais para aproximar a população da leitura e da cultura.
Poder místico dos Bakama. Mito ou realidade?
Os Bakama são uma conhecida organização secreta de Cabinda, Angola, cuja aparição em público dos membros obedece a um ritual secreto. No entanto, há quem não o esteja a respeitar.
Foto: Lelo Simão
Bakama, a sociedade secreta
Bakama é um substantivo feminino da língua tradicional de Cabinda, que designa uma organização tradicional relacionada a crenças sobrenaturais, que existe exclusivamente na região. Esta organização pertence ao grupo étnico Bawoyo, que mantém o secretismo através das suas enigmáticas máscaras.
Foto: Lelo Simão
Origem da tradição
Segundo a mitologia local, os Bakama terão sido criados por orientação divina da sereia Lusunzi. Os estudos apontam para a existência do grupo desde 1491. Segundo os locais, existem quatro grupos conhecidos de Bakama: Tchinzanzi, Susu, Ngoyo e Tchizo. Este último com o mesmo nome do santuário do grupo.
Foto: Lelo Simão
Máscaras, folhas e segredos
As pessoas que integram os Bakama aparecem sempre escondidas por detrás de máscaras pintadas e com o corpo revestido por folhas de bananeira secas. Carregam consigo uma vassoura feita com ramos de folhas de palmeira. O mais surpreendente é que nunca são conhecidos os nomes das pessoas que vestem as máscaras.
Foto: Lelo Simão
Rituais como parte da cultura
A bênção tradicional é um ritual que já se tornou comum na região. A prática é cheia de mistérios e atrai visitantes para a província a fim de conhecer a cultura que se apresenta, por exemplo, em funerais de nobres.
Foto: Lelo Simão
Os instrumentos
Instrumentos musicais são utilizados nas aparições dos Bakama. Segundo as crenças, nos rituais, os Bakama terão o poder de amaldiçoar.
Foto: Lelo Simão
Banalização em Cabinda
Alguns músicos em Cabinda estão a vestir-se de Bakama. A atitude é vista na região como uma banalização dos rituais, pois a aparição dos Bakama em público e a visita ao Tchizo obedece a um ritual secreto e cultural. O Secretário Provincial da Cultura em Cabinda criticou já os músicos que apareceram no bastião dos Bakama para tirarem fotografias, que se tornaram virais nas redes sociais.
Foto: Lelo Simão
Preservação da cultura dos "mascarados"
Para ajudar as pessoas a conhecerem a cultura dos Bakama, existe um mural no centro da cidade de Cabinda com vários desenhos de máscaras da seita e seus referidos nomes.