CEDEAO: Dados eleitorais "são fiáveis e estão intactos"
Lusa
4 de novembro de 2019
Auditoria solicitada pela CEDEAO garante a fiabilidade dos ficheiros eleitorais da Guiné-Bissau que vão ser utilizados nas presidenciais do próximo dia 24.
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Perante a imprensa, numa unidade hoteleira de Bissau, Moussa Abdou, perito informático do Níger, contratado pela Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), apresentou os resultados da auditoria, perante representantes de 10 dos 12 candidatos às eleições presidenciais, jornalistas e alguns elementos da comunidade internacional.
O perito explicou os procedimentos técnicos que utilizou, na presença de técnicos informáticos guineenses, para auditar os ficheiros eleitorais e no final dos trabalhos concluiu que os dados "são fiáveis e estão intactos" desde as eleições legislativas de março.
"Os mesmos dados que foram deixados no servidor, durante as legislativas, são os que estão no servidor", declarou, com o braço no ar, em forma de juramento de honra, Moussa Abdou, que agora vai remeter à CEDEAO, na sua sede em Abuja, na Nigéria, as conclusões da peritagem aos ficheiros eleitorais da Guiné-Bissau.
José Mário Vaz: "Não me arrependo de nada"
09:23
761.676 eleitores podem ir a votos
O representante da organização em Bissau, Blaise Dipló, indicou que a sua organização estava a cumprir com uma promessa feita aos candidatos às presidenciais do próximo dia 24, em como os ficheiros seriam auditados e os resultados seriam publicados.
Blaise Dipló afirmou que, "tal como se viu, os ficheiros estão intactos e fiáveis" e pediu que todos os guineenses "retenham na memória que 761.676 eleitores estão habilitados a votar" nas eleições presidenciais.
À sessão de apresentação pública dos resultados da auditoria aos ficheiros eleitorais, faltaram os representantes dos candidatos José Mário Vaz e Carlos Gomes Júnior, ambos independentes. A CNE disse ter enviado o convite para todos.
Domingos Cá, representante do candidato Afonso Té, pediu à CNE que fizesse chegar a todos os concorrentes os resultados da auditoria aos ficheiros e Ester Fernandes, representante do candidato Domingos Simões Pereira, disse estar satisfeita, não tendo nada a apontar à peritagem feita aos dados eleitorais.
O presidente da CNE, o juiz José Pedro Sambu, voltou a frisar a existência de "todas as condições materiais, logísticas e financeiras" para a votação no próximo dia 24.
Sumos, bolachas e até "bifes" para diversificar rendimento do caju
O caju é a principal fonte de rendimento dos produtores guineenses. A fim de estimular a economia, os produtores de Ingoré uniram-se na cooperativa Buwondena, onde produzem sumo, bolachas e até "bife" de caju.
Foto: Gilberto Fontes
O fruto da economia
Sendo um dos símbolos da Guiné-Bissau, o caju é a principal fonte de receita dos camponeses. A castanha de caju representa cerca de 90% das exportações do país. Este ano, foram exportadas 200 toneladas de castanha de caju, um encaixe de mais de 250 mil euros. A Índia é o principal comprador. O caju poderá trazer ainda mais riqueza ao país, se houver maior aposta no processamento local do produto.
Foto: Gilberto Fontes
Aposta no processamento
Em Ingoré, no norte da Guiné-Bissau, produtores de caju uniram-se na cooperativa Buwondena - juntamos, em dialeto local balanta - para apostar no processamento do caju. Antes, aproveitava-se apenas a castanha, desperdiçando o chamado pedúnculo, que representa cerca de 80% do fruto. Na cooperativa produzem-se agora vários produtos derivados do caju.
Foto: Gilberto Fontes
“Bife” de caju
Depois de devidamente preparado, o pedúnculo, que é a parte mais fibrosa do caju, pode ser cozinhado com cebola, alho e vários temperos. O resultado final é o chamado “bife” de caju.
A partir das fibras, produz-se também chá, mel, geleia, bolacha, entre outros. Ao desenvolverem novos produtos, os produtores diversificam a dieta e aumentam os seus rendimentos.
Foto: Gilberto Fontes
Néctar de caju
Depois de prensadas as fibras do caju, obtém-se um suco que é filtrado várias vezes, a fim de se produzir néctar e sumo. Com 50% desse suco e 50% de água com açúcar diluído, obtem-se o néctar de caju. Este ano, a cooperativa Buwondena produziu quase 400 litros desta bebida.
Foto: Gilberto Fontes
Sumo de caju
O sumo resulta da pasteurização do suco que foi filtrado do fruto, sem qualquer adicionante. Cada garrafa destas de 33cl de sumo de caju custa quase 0.40€. Ou seja, um litro de sumo pode render até 1.20€. O que é bem mais rentável que vinho de caju, produzido vulgarmente na Guiné-Bissau, que custa apenas 0.15€ o litro. Em 2016, foram produzidos na cooperativa quase 600 litros de sumo de caju.
Foto: Gilberto Fontes
Mel de caju
Clode N'dafa é um dos principais especialistas de transformação de fruta da cooperativa. Sabe de cor todas as receitas da cooperativa e só ele faz alguns produtos, como o mel. Mas devido à falta de recipientes, este produziu-se pouco mel de caju. Desde que se começou a dedicar ao processamento de fruta, Clode N'dafa conseguiu aumentar os seus rendimentos e melhorar a vida da sua família.
Foto: Gilberto Fontes
Castanha de caju
Este continua a ser o produto mais vendido pela cooperativa. O processamento passa por várias etapas: seleção das melhores castanhas, que depois vão a cozer, passam à secagem, ao corte e vão à estufa. As castanhas partidas são aproveitadas para a produção de bolacha de caju. Este ano, a cooperativa conseguiu fixar preço da castanha de caju em 1€ o quilo, protegendo os rendimentos dos produtores.
Foto: Gilberto Fontes
Potencial para aumentar produção
A maior parte dos produtos são vendidos localmente, mas alguns são comercializados também em Bissau e exportados para o Senegal. A produção decorre sobretudo entre os meses de março e junho, período da campanha do caju. No pico de produção, chegam a trabalhar cerca de 60 pessoas. Se a cooperativa conseguisse uma arca frigorífica para armazenar o caju, continuaria a produção depois da campanha.
Foto: Gilberto Fontes
Aposta no empreendedorismo
A cooperativa Buwondena aposta na formação a nível de empreendedorismo, para que os produtores possam aumentar o potencial do seu negócio. A cooperativa pretende criar uma caixa de poupança e crédito. O objetivo é que, através de juros, os produtores possam rentabilizar as suas poupanças e apostar noutros negócios.
Foto: Gilberto Fontes
É urgente reordenar as plantações
A plantação de cajueiros é outra das preocupações da cooperativa: uma plantação organizada, com ventilação é fundamental para aumentar a rentabilidade.
Devido ao peso do sector do caju na economia da Guiné-Bissau, todos os anos são destruídos entre 30 e 80 mil hectares de floresta para a plantação de cajueiros. Especialistas defendem uma reordenação urgente das plantações.