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Bissau: Dúvidas e desejos nos primeiros dias do novo Governo

Iancuba Dansó (Bissau)
18 de agosto de 2023

Esta foi a primeira semana do novo Governo da Guiné-Bissau. Cidadãos ouvidos pela DW África estão divididos sobre estes primeiros dias. Entre otimismo e dúvidas, há quem diga que este é "mais um Governo de improvisos".

Novo elenco governamental guineense vai reunir-se pela primeira vez em Conselho de Ministros na próxima semanaFoto: Iancuba Dansó/DW

Há cinco dias em funções, os diferentes responsáveis pelas pastas governamentais desdobram-se em reuniões com os colaboradores e visitas aos departamentos sob a sua tutela, para fazer um ponto de situação.

O primeiro-ministro Geraldo Martins prometeu reformar o Estado, revitalizar a economia e reduzir a pobreza. Por isso, os guineenses acompanham os primeiros passos do Executivo com bastante atenção.

É preciso uma "boa governação" para desenvolver o país, dizem os cidadãos.

"A avaliação, por enquanto, é positiva, tendo em conta a própria dinâmica que o Governo está a criar, e a expetativa é boa", afirmou um funcionário público ouvido pela DW África em Bissau.

A opinião é partilhada por um estudante: "Estou a ver sinais positivos, de acordo com as decisões que estão a ser tomadas por diferentes responsáveis pela governação do país".

Geraldo Martins, novo primeiro-ministro guineense, promete reformas importantes no EstadoFoto: privat

"Mais um Governo de improvisos"

Uma das primeiras decisões do novo Governo foi a retoma das emissões da Rádio Capital FM, emissora privada atacada em 2022 por desconhecidos e posteriormente impedida pelo Executivo de retomar os serviços.

No entanto, a ativista social Adama Baldé olha com algum ceticismo para o atual elenco no Executivo, devido à presença, no seu seio, de vários estreantes, alguns "sem experiência" governativa e que "não têm agendas ligadas a instituições do género".

"Portanto", continua a ativista, "podemos esperar mais um Governo de improvisos e de alianças, pensando em garantir as eleições presidenciais e não respondendo aos problemas do povo guineense, que manifestou nas urnas a sua insatisfação com a situação do país".

Adama Baldé: "As pessoas manifestaram uma tamanha insensibilidade com a questão do género"Foto: Iancuba Dansó/DW

Desafios do novo Governo

O analista político Fransual Dias acredita que a "prioridade imediata" das novas autoridades são questões do dia a dia que precisam de resolução urgente, como por exemplo o combate à fome ou a "abertura do ano escolar, para que as aulas decorram sem sobressaltos".

Fransual Dias acrescenta como prioridades "aproximar a escola das comunidades e reforçar o sistema de saúde, que tem sido uma catástrofe que ceifa a vida das pessoas". 

Para a ativista Adama Baldé, um dos grandes desafios do novo Executivo é também a questão da desigualdade de género. A ativista social não acredita que o problema seja resolvido, até porque há poucas mulheres no Governo. 

"As pessoas manifestaram uma tamanha insensibilidade com a questão do género, o que significa que também este Governo pode vir a querer responder a [alguns] problemas do povo, mas não vai responder ao problema das mulheres. Nós não podemos ignorar [a mulher,] uma parte da sociedade muito importante", avalia.

Fransual Dias: "Este Governo terá a responsabilidade de promover uma reconciliação interna"Foto: privat

Reconciliação nacional

Na opinião de Fransual Dias, é preciso apostar na reconciliação nacional. Há quase uma década que a Guiné-Bissau é palco de "profundas" divisões políticas, lembra o analista.

"Este Governo terá a responsabilidade de promover uma reconciliação interna, criar um quadro de são relacionamento entre as instituições da República, dentro do princípio da interdependência entre os órgãos de soberania, criando as condições para que as instituições funcionem", refere.

O novo Governo guineense é uma coligação entre a Plataforma de Aliança Inclusiva (PAI) - Terra Ranka, o Partido de Renovação Social (PRS) e o Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG). A equipa governamental reúne-se pela primeira vez em Conselho de Ministros na próxima terça-feira (22.08).

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