Munícipes da capital da Guiné-Bissau estão preocupados com o amontoamento de resíduos nas ruas e mercados. A Câmara Municipal promete resolver a situação e anunciou uma campanha de sensibilização.
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Em 2015, a Câmara Municipal de Bissau (CMB) estimava que a capital guineense produzisse 250 toneladas de lixo por ano. Agora, de acordo com o edil de Bissau, são mais de 300 toneladas produzidas pelos munícipes. A realidade são montes de lixo abandonados nas ruas e nos mercados, à espera da sua remoção pela Câmara, que muitas vezes apresenta dificuldades de executar essa tarefa.
No mercado junto à "Chapa de Bissau", os utentes convivem com o mau cheiro do lixo, que também dificulta a passagem das pessoas. "Estamos a viver só em canseira. Este lixo nos cansa aqui, cada dia ficamos constipados", diz um feirante ouvido pela DW África. "Pedimos àqueles que apanham o lixo que o tirem", apela.
Outro feirante lamenta a situação e pede a intervenção da Câmara Municipal de Bissau: "Não vivo tranquilo, mas não há jeito. Disseram que o carro [de transporte de lixo para o aterro] está danificado, mas, se houver a maneira, venham ajudar-nos e tirem este lixo, só isso é que pedimos".
Uma utente reforça o pedido: "Que nos ajudem com este lixo, porque está mal aqui".
Acessibilidade é o problema
O diretor dos serviços de saneamento da Câmara Municipal de Bissau, João Juca Intchama, explica, no entanto, que o problema não está na avaria da viatura, mas "com a situação da via de acesso ao vazadouro [aterro] de Safim". O corte da estrada por causa da chuva é "a razão que motivou grande amontoamento do lixo durante esses dias".
O diretor de saneamento garante: "Estamos a fazer o trabalho para resolver a situação do lixo amontoado na Subida de Cabana e estrada de Bôr [mercado de Caracol]".
Mas o problema é mais grave, alerta o ambientalista Welena Silva: "A problemática do lixo que causa poluição do solo é um problema ambiental grave que está à vista de todos, mas que não tem merecido uma atenção especial e que merece".
"Aqui na Guiné-Bissau, não se faz a gestão dos diferentes lixos que existem. A saúde pública está em risco. A partir do lixo, nós podemos ter várias doenças e essas doenças podem provocar mortes e outros males à sociedade. Portanto, degradação ambiental e problemas sanitários graves podem ser causados pelo lixo", frisa.
Juca Intchama admite que o tratamento de lixo urbano é um problema e anuncia "uma campanha que vai ser realizada na televisão e nas rádios de Bissau, destinada aos munícipes".
Em junho, o Governo encerrou o vazadouro de Antula, nos arredores de Bissau, onde moradores e vizinhos queixavam-se do fumo e mau cheiro. O Executivo abriu um novo vazadouro, em Safim, no norte do país, a mais de 16 quilómetros do centro da capital.
Maputo: De lixo plástico a utensílios domésticos
No Dia Mundial do Ambiente (05.06), acompanhamos um negócio em crescimento em Maputo: a recolha e reciclagem de lixo plástico. Há produtos para todos os gostos, desde embalagens a cadeiras.
Foto: DW/R. da Silva
Um negócio em crescimento
O negócio da recolha de plástico na capital moçambicana está a ganhar espaço e muitas famílias dedicam-se a esta atividade. Algumas empresas compram e transformam o lixo plástico em utensílios domésticos. Na periferia de Maputo, empresas de reciclagem vendem diretamente ao consumidor e empregam muitos jovens.
Foto: DW/R. da Silva
Plástico reciclado para todos os gostos
A produção com material reciclado é muito variada: desde açucareiros e saleiros a recipientes para água, baldes e embalagens para alimentos. Os reservatórios nesta imagem são muito usados em Maputo para carregamento de água, sobretudo nos momentos de escassez. Algumas empresas de produção de óleo, por exemplo, também solicitam estes utensílios para distribuir aos revendedores.
Foto: DW/R. da Silva
Lixo à espera de ser vendido
Muitas famílias arranjam um espaço no seu quintal para guardar o lixo plástico, dada a sua importância para o sustento. Nesta casa, o tecto foi a solução encontrada para armazenar o plástico até chegar à quantidade adequada para vender. Cada quilo de lixo plástico pode render, dependendo do comprador, entre 20 a 40 cêntimos de euro.
Foto: DW/R. da Silva
Separação do lixo
Na maior lixeira de Maputo, há vários tipos de lixo. No caso do plástico, os catadores também colocam de lado os sacos – que são reutilizados. Este lixo é posteriormente embalado em grandes sacos para ser pesado e vendido às empresas de reciclagem.
Foto: DW/R. da Silva
À espera dos compradores
Esta é a lixeira de Hulene, onde vai parar todo o tipo de lixo. Os residentes das redondezas vivem praticamente do lixo plástico - e não só. Os montes que estão aqui expostos já têm donos e estão apenas à espera para serem vendidos às empresas que se dedicam à reciclagem.
Foto: DW/R. da Silva
Cadeiras recicladas
Algumas instituições do Estado e entidades privadas usam produtos reciclados no dia a dia. É o caso deste escritório de um estabelecimento de ensino público localizado algures na periferia da capital Maputo.
Foto: DW/R. da Silva
Prontas para a distribuição
As cadeiras e outros materiais reciclados são transportados em camiões. A reciclagem de lixo está a ajudar a cidade e a periferia a "livrar-se" dos resíduos.
Foto: DW/R. da Silva
Catadores de lixo em Hulene
Na maioria, as pessoas que se dedicam a recolher lixo na lixeira de Hulene são jovens. Também recolhem plástico na periferia de Maputo para vender posteriormente. Entre os catadores, também há mulheres que se dedicam a esta atividade que ajuda a limpar a cidade e arredores de Maputo.
Foto: DW/R. da Silva
O negócio do lixo
A Recicla é uma cooperativa de produção de plástico criada em 2006. A empresa criou um projeto para o tratamento e valorização do plástico com impactos positivos ao nível do ambiente, economia, ação social e educação. Compra aos catadores todo o lixo plástico que mais tarde é reciclado.
Foto: DW/R. da Silva
Praias sem plástico
A praia da Costa do Sol, em Maputo, é a mais concorrida no verão – e a paisagem sofre com os resíduos deixados na areia por quem a frequenta. Com o negócio do lixo plástico, a praia da Costa do Sol está mais limpa.