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Bissau: Federação assume culpa na fuga de futebolistas

Djariatú Baldé (Bissau)
11 de agosto de 2024

Organismo que tutela o futebol guineense assumiu responsabilidades na fuga dos desportistas em Portugal. Pais dos jovens futebolistas custearam parte das deslocações ao certame desportivo. Jovens procuravam vida melhor.

Foto: Michael Weber/imageBROKER/picture alliance

Entre 10 e 14 de julho, a seleção sub-17 de futebol da Guiné-Bissau participou na 1ª edição do Torneio da União das Federações de Língua Portuguesa, em Portugal. Durante a prova, doze dos dezassete futebolistas guineenses fugiram do centro de concentração antes de disputarem a final frente à seleção do Brasil.

Um dia depois da fuga, nove dos doze jogadores foram encontrados pelas autoridades portuguesas e, segundo a Federação de Futebol, os três restantes terão ido para Espanha.

A DW conversou com um dos jogadores, que preferiu não gravar a entrevista. O jovem explicou que a intenção era fugir na esperança de conseguirem realizar o sonhos de se tornarem jogadores profissionais, algo que seria difícil na Guiné-Bissau.

Em conferência de imprensa sobre o balanço da participação da Guiné-Bissau no torneio, a Federação de Futebol da Guiné-Bissau (FFGB), através de Bacar Camará, um dos vice-presidentes do órgão, pediu desculpas pelo sucedido.

"A Federação assume a responsabilidade por tudo que aconteceu de errado e aproveitamos para dizer que não era a nossa intenção que os pais pagassem a viagem mas infelizmente foi o que aconteceu. Pedimos as nossas sinceras desculpas", afirmou.

Jovens guineenses veem no desporto uma forma de singrar na vida, num país assolado por crises e dificuldades relacionadas com o empregoFoto: Braima Darame

Em declarações à DW, Ansu Fati, pai de um dos jogadores da seleção sub-17, que tinha fugido durante a competição, confirmou que gastou cerca de 150 mil francos CFA (230 euros) no processo da documentação da viagem do filho.

"Foi um processo muito esquecido falando da Federação de Futebol da Guiné-Bissau e do Governo. A participação das crianças não deveria ser organizada desta maneira", considerou.

O jornalista desportivo Olívio Mendonça também atribuiu a responsabilidade do sucedido à federação. Mendonça entende que tanto a federação como o Governo se eximiram das suas responsabilidades.

"Sabemos que as seleções nacionais são patrimónios públicos que pertencem ao Estado da Guiné-Bissau. Cabe ao Governo patrocinar estas viagens e estas participações", disse.

Embora culpe o Executivo e a Federação de Futebol, Ansu Fati tinha o sonho de ver o seu filho a jogar a final da competição frente ao Brasil, o que acabou por não acontecer devido à ausência dos jogadores da Guiné-Bissau.

"Os miúdos cometeram um erro. O meu filho realmente saiu de lá e no mesmo dia mandei-o voltar, porque era o meu sonho vê-lo a galar aquela taça", recordou.

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