MADEM-G15 responsabiliza Governo por mortes nos tiroteios
2 de dezembro de 2023O Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15), que lidera a oposição na Guiné-Bissau, criticou, este sábado, a atuação da Guarda Nacional nos atos de violência ocorridos no país na sexta-feira.
Em comunicado, o MADEM-G15 escreve que a atuação da Guarda Nacional "é um atentado à República, ao Estado de Direito democrático e à obstrução à realização da justiça" e lamenta as mortes ocorridas nos combates, as quais diz serem da responsabilidade do Governo.
A força política, que detém 29 dos 102 assentos no parlamento guineense, felicitou as Forças Armadas pela resposta dada à Guarda Nacional na sua atuação de retirar o ministro das Finanças, Suleimane Seidi, e o secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro, das celas da Polícia Judiciária.
Os dois governantes estavam ali detidos preventivamente, a mando do Ministério Público, no âmbito dos inquéritos ao processo que levou ao pagamento de dívidas a 11 empresários próximos ao Governo.
O partido liderado por Braima Camará insta o Ministério Público a prosseguir com celeridade as investigações do ocorrido e a levar à justiça os autores morais e materiais, com vista à sua responsabilização criminal e civil.
PRS e PTG também criticam Guarda Nacional
O PRS, pela voz do seu líder interino, Fernando Dias, primeiro vice-presidente no parlamento, também condenou os confrontos armados de sexta-feira por "colocar novamente a população em pânico", desaprovou a atuação da Guarda Nacional "pela tentativa de retirada de detidos da Polícia Judiciaria" e ainda a resposta dada pelas Forças Armadas.
"O Estado-Maior General das Forças Armadas, como superior hierárquico em termos militares, podia dar um outro tipo de ordem ao comandante da Guarda Nacional (...) Os dois atos são condenáveis", defendeu Fernando Dias.
O PTG, através de um comunicado, também condenou o ato perpetrado pelo comando da Guarda Nacional nas instalações da PJ, lamentou a perda de vidas humanas e exortou as autoridades competentes a um cabal esclarecimento do ocorrido.
O MADEM-G15, que apoia o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e um eleito do APU-PDGB (Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau), são os únicos partidos da oposição e que não integram a coligação da maioria que governa a Guiné-Bissau, liderada pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
Da coligação fazem ainda parte a União para a Mudança (UM), o Partido da Convergência Democrática (PCD), o Partido Social Democrata (PSD) e do Movimento Democrático Guineense (ODM).
Aos cinco partidos da PAI- Terra Ranka juntaram-se mais tarde, através de um acordo de incidência parlamentar, o Partido da Renovação Social (PRS) e o Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG).
Também num comunicado divulgado este sábado, a CEDEAO condenou "todas as tentativas de perturbação da ordem constitucional" na Guiné-Bissau e pediu a "detenção e julgamento dos responsáveis".
Regresso aos quartéis
Também num comunicado publicado, este sábado, o vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas guineenses, general Mamadu Turé, apelou aos militares da Guarda Nacional para regressarem aos quartéis, depois da debandada que se registou na sequência dos confrontos de sexta-feira.
"Devido aos acontecimentos de 30 de novembro de corrente ano, os oficiais, sargentos e praças da Guarda Nacional dispersaram-se por partes incertas do país (...), o Estado-Maior vem comunicar-lhes para retomarem os seus postos de serviço", lê-se no comunicado assinado pelo general Mamadu Turé.