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Bolseiros angolanos da Sonangol sem apoio no Brasil

30 de março de 2017

Estudantes angolanos das universidades Unisinos e PUCRS estão sem receber bolsa há cerca de três meses. Os jovens, que relatam dificuldades financeiras, ainda não receberam explicações da empresa.

Brasilien Stipendien für angolanische Studenten
A cidade de São Leopoldo, no estado brasileiro Rio Grande do Sul, é conhecida pela sua colónia de descendentes de alemãesFoto: DW/L. Nagel

Depois da Litis Petróleo Company em Angola ter suspendido o pagamento de bolseiros angolanos que estudam no Brasil, quem passa agora dificuldades financeiras no país são estudantes financiados pela Sonangol.

Cerca de 70 estudantes vindos de Angola estão sem receber a bolsa fornecida pela petrolífera estatal angolana para cobrir despesas básicas como alimentação, transporte e compra de material de estudos, entre outros gastos, nas cidades de São Leopoldo e Porto Alegre, na região sul do Brasil, há cerca de três meses. Os jovens são alunos da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e deveriam estar a receber, todos os meses, uma bolsa de cerca de 500 dólares.

29.03.17 Bolsistas Angola - MP3-Mono

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De acordo com os bolseiros angolanos, o intermédio é feito através da Siano & Rego Consultoria de Gestão de Empresas e Pessoas, localizada no Rio de Janeiro. A empresa é responsável pela transferência das verbas, realização de contratos, moradia, entre outros.

Estudantes estão sem dinheiro para despesas pessoais

Em entrevista à DW África, um jovem bolseiro que estuda na Unisinos, mas que prefere não ser identificado, revela que a empresa gestora Siano & Rego estaria sem receber da Sonangol o pagamento dos bolseiros. No entanto, a agência não lhes explicou os motivos.

Campus da Unisinos, em São LeopoldoFoto: DW/L. Nagel

"A empresa disse-nos que estava sem receber da Sonangol desde outubro e que por isso, em dezembro, a bolsa não ia cair. Nós dissemos que estava tudo bem, porque sabemos que os atrasos são normais. Com a atual situação do país, sabiamos que poderia cair e aguardámos, pensando que em janeiro a situação estaria resolvida. Só que a situação foi-se alastrando e chegou a uma fase em que eles não tinham previsão de pagamento", conta o jovem angolano, mostrando a sua preocupação por não ter como pagar as despesas pessoais como as contas da casa ou os transportes, por exemplo.

Outro bolsista angolano que estuda na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, relata também as dificuldades financeiras que muitos dos seus colegas passaram devido ao atraso na receção das verbas aos estudantes estrangeiros.

Para além de terem ficado sem internet, conta o estudante, houve alunos que "ficaram sem dinheiro para a alimentação e tiveram que se hospedar no apartamento de outros colegas. Outros ficaram sem dinheiro para apanhar o autocarro para a universidade", dá conta este estudante que denuncia ainda a falta de atenção da empresa gestora no Brasil para com os vários bolseiros.

Prédio onde residem os bolseiros de Angola, localizado na principal rua do centro de São LeopoldoFoto: DW/L. Nagel

Siano & Rego e Sonangol não se pronunciam

A DW África entrou em contacto com a empresa Siano & Rego, do Rio de Janeiro, para perceber quais os motivos para o atraso no pagamento das bolsas destes estudantes. A primeira resposta foi de uma agente administrativa que não se quis identificar e que afirmou não ter autorização para se pronunciar sobre o caso. Já o segundo contacto foi com um alegado diretor da agência, que também recusou falar à imprensa.

Tentámos ainda contactar a assessoria de imprensa da Sonangol, em Angola, que não respondeu aos e-mails enviados. 

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