Bons resultados na vacinação contra cólera em Tete
Amós Fernando (Tete)
12 de maio de 2017
Campanha de vacinação contra a cólera na província central de Tete foi bem sucedida. Ela termina esta sexta-feira (12.05.) e deixou os visados satisfeitos. A segunda fase está prevista para este ano.
Publicidade
A campanha, que vinha decorrendo desde última segunda-feira (08.05.) previa abranger mais de 341 mil pessoas, nos distritos de Moatize, Marara e Cidade de Tete e reduzir os índices de contaminação pela doença que este ano afetou mais de 1000 pessoas só na cidade de Tete fazendo dois óbitos.
A DW África testemunhou nas várias brigadas montadas na cidade-capital da província de Tete uma afluência massiva dos citadinos.
Alexandre Malenga e Jesus Jaime são moradores do bairro Chingodiz, arredores da cidade, um dos bairros mais afetados pela cólera em 2015 e princípios deste ano. Em entrevista à DW os dois mostraram-se satisfeitos.
Alexandre Malenga diz: "Depois de tomar estou-me a sentir bem. Com este programa de saúde estamos a ver que podemos combater [a doença] porque há dias passamos mal.”
Já Jaime Jesus recorda: "Neste bairro [Chingodzi] houve muita tragédia. Eu não me sentia bem em não tomar esta vacina anti-cólera.”
Este citadino vinca a importância da observância das regras básicas de saneamento para evitar a eclosão da doença. "Informar aos compatriotas para participarmos todos juntos. Porque os prejuízos são para todos nós”, finaliza Jesus. Os seus dois filhos menores também já tomaram a vacina logo no primeiro dia.
Grande aderência a vacinação
Os distritos de Marara, Moatize e a cidade de Tete são os abrangidos pela campanha. Na capital provincial a campanha está a decorrer em todos os bairros.
A chefe da brigada de vacinação afeta ao bairro Chingodzi, Isaura Paula, mostrou-se satisfeita com aderência dos residentes daquele bairro.
"Esta é uma zona de muita afluência. Muitas pessoas estão aderir a esta campanha. Até acredito que já atingimos mais de 4 mil pessoas”, disse Isaura Paula, apelando as pessoas a não abdicarem das regras básicas de higiene.
José Sinoia é secretário do bairro Chingodzi e acredita que mais pessoas serão abrangidas pela campanha porque "pessoas daqui deixam tudo para a última hora. O número de pessoas vacinadas vai aumentar até o fim”, disse.
Ao todo, até esta quinta-feira (11.05.), tinham sido vacinadas nos três distritos escalados mais de 257 mil pessoas, segundo Alex Bertil, porta-voz da Direção Provincial da Saúde de Tete: "Acredito que conseguiremos alcançar os 90 por cento ou mais, visto que hoje é o último dia. Estamos a registar muita afluência.”
Bertil garante que várias brigadas móveis estavam até esta sexta-feira (12.05.), último dia da campanha, a efetuar a vacinação nas instituições públicas e privadas.O porta-voz da Direção Provincial da Saúde de Tete esclarece que "nos distritos de Marara e Moatize apenas estamos a vacinar aquelas áreas mais próximas da cidade de Tete, e na cidade são todos os bairros.”
12.05.2017 Campanha-cólera - MP3-Mono
Resultados da vacinação
Tete é a segunda província moçambicana a administrar a vacina contra cólera depois de Nampula em 2016.
Dados do setor da Saúde apontam que em 2015, mais de 3 mil pessoas tiveram cólera na cidade de Tete, Mutarara e Moatize, com um total de 22 óbitos. Este ano a doença apenas afetou a cidade de Tete com um total de 1015 casos diagnosticados e dois óbitos.
Alex Bertil conta que "houve uma diminuição do número de casos na cidade de Tete e de óbitos, devido aos esforços que foram empreendidos para diminuir os casos da cólera”, e garante ainda o seguinte: "Quanto aos óbitos notamos uma diminuição porque houve melhoria no manejo atempado dos casos”.
Ainda este ano será aplicada a segunda dose da vacina contra cólera na província de Tete. E só assim os vacinados estarão livres da cólera por um período de cinco anos.
Ébola: luta contra o vírus mortal
Apesar das medidas preventivas, algumas pessoas já se contaminaram com o vírus na Europa e Estados Unidos. Cuidadores utilizam trajes para prevenir a propagação, mas na África a proteção ainda deixa a desejar.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Woitas
Traje de proteção
Na luta contra o ebola, roupas de proteção adequadas para médicos e enfermeiros são essenciais. Toda a pele deve ser coberta com material impenetrável pelo vírus. Mas trajes apenas não bastam, também é necessário seguir corretamente as prescrições de segurança.
Trabalho em conjunto
Os profissionais de saúde devem treinar a colocação correta dos trajes protetores. Como aqui, na unidade especial de isolamento de Düsseldorf. Novos trajes são utilizados a cada vez, para que não haja risco de contaminação no processo. Dessa forma, cuidadores sem proteção também podem ajudar os colegas a se vestir.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Isolamento total
Os quartos dos pacientes na unidade de isolamento em Düsseldorf são completamente protegidos do mundo exterior. O ar é filtrado e as águas residuais são tratadas separadamente. As vestes de proteção, que os cuidadores trajam permanentemente, são pressurizadas. Essas medidas de segurança vão além do necessário: o ebola pode ser transmitido por objetos contaminados, mas não pelo ar.
Após o tratamento dos pacientes, todo o traje é aspergido por fora com desinfetante, a fim de eliminar potenciais contaminações viróticas. Somente após essa ducha as vestimentas podem ser removidas, cuidadosamente.
Foto: picture-alliance/dpa/Sebastian Kahnert
Ajuda externa
Durante a remoção dos trajes protetores, os profissionais de saúde devem ser extremamente cautelosos. Luvas de proteção permanentemente instaladas nas aberturas da câmara permitem ajuda externa sem contato direto com o traje. Após o uso, estes são imediatamente descartados e incinerados.
Foto: picture-alliance/dpa/Federico Gambarini
Enfermeiras contaminadas
Apesar dos altos padrões de segurança, , na Espanha e Estados Unidos três enfermeiras contraíram a doença. As circunstâncias da contaminação ainda não foram esclarecidas. As residências das profissionais (na foto, Texas) foram isoladas e desinfetadas após a descoberta do contágio.
Foto: Reuters/City of Dallas
Proteção em África
Agora, médicos e enfermeiros na África Ocidental também foram equipados com trajes protetores. No entanto, estes nem sempre obedecem as normas para uma proteção efetiva. Por vezes, pequenas áreas da pele ficam descobertas ou o material usado é permeável. Além disso, colocar e retirar o traje pode ser arriscado.
Foto: picture alliance/AP Photo
Isolando os mortos
Os funerais das vítimas do ebola também requerem cuidados extremos. Na África Ocidental, a tradição de os familiares de lavarem os corpos dos mortos resultou em numerosas novas infecções. Para família e amigos, costuma ser difícil compreender e acatar as rigorosas medidas de isolamento.
Foto: Reuters/James Giahyue
Isolamento em barracas
Numa região onde os cuidados médicos são extremamente precários, uma epidemia das atuais proporções representa um enorme desafio. Os infectados são tratados em barracas improvisadas, como se vê na foto feita na Libéria. No entanto, até mesmo um país como a Alemanha ficaria sobrecarregado nessas circunstâncias. No momento, há apenas 50 leitos nas unidades de isolamento alemãs.
Foto: Zoom Dosso/AFP/Getty Images
Incineração em vez de sol
Em algumas regiões afetadas na África Ocidental, os trajes contaminados são pendurados para secar ao sol, numa tentativa de desinfetá-los para reutilização. No entanto, é muito mais seguro as roupas serem imediatamente incineradas após o uso, como ocorre na Guiné. Escassez e altos custos dos trajes dificultam essa medida: as roupas de proteção custam entre 30 e 200 euros.
Foto: Cellou Binania/AFP/Getty Images
Controles nos aeroportos
As viagens aéreas são a maior ameaça na transmissão de longa distância do vírus. Por esse motivo, a temperatura dos passageiros está sendo monitorada em alguns aeroportos. Entretanto, o método não oferece garantia absoluta, já que o período de incubação do ebola é de 21 dias.