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Boris Johnson: De gafe em gafe rumo à chefia do Governo

Paola Totaro | com agências
24 de julho de 2019

O novo líder do partido Conservador do Reino Unido, Boris Johnson, vai ser indigitado primeiro-ministro esta quarta-feira, após a demissão de Theresa May. A missão prioritária: concluir o processo do Brexit.

Boris Johnson vor Downingstreet 10
Foto: picture-alliance/dpa/H. Mckay

Boris Johnson foi eleito na terça-feira (23.07) para a liderança do Partido Conservador no Reino Unido, com 66,3% dos votos, e vai ser o próximo primeiro-ministro britânico, em substituição de Theresa May. A chefe do Governo vai presidir esta quarta-feira (24.07) ao último debate semanal com os deputados na Câmara dos Comuns, tal como fizeram os dois antecessores Tony Blair e David Cameron, antes de renunciarem formalmente, e, à tarde, está marcada uma audiência com a rainha Isabel II para apresentar o pedido de demissão formal.

De acordo com o protocolo, a chefe do Governo deve prestar conselho à monarca sobre qual o líder político que tem condições para formar um governo estável que tenha a confiança do Parlamento. Embora não tenha uma maioria absoluta sozinho, o partido Conservador tem um pacto com o Partido Democrata Unionista (DUP) que garante uma maioria na Câmara dos Comuns, atualmente de três deputados. 

No espaço de uma hora, Boris Johnson deverá ser convocado pelo palácio de Buckingham, onde será indigitado primeiro-ministro pela rainha Isabel II.  O novo chefe de Governo será então conduzido diretamente Downing Street, onde fará um discurso no exterior com algumas linhas gerais para o seu mandato, antes de entrar no número 10.  Nas horas seguintes, espera-se a nomeação de alguns dos principais ministros do Governo, seja para substituir lugares vagos ou colocar pessoas de confiança. 

Nos últimos dias, demitiram-se, entre outros, o ministro da Defesa, David Gauke, o ministro para o Desenvolvimento Internacional, Rory Stewart, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, Alan Duncan, e a secretária de Estado para o Digital Margot James. 

No domingo, o ministro das Finanças, Philip Hammond, anunciou que pretende apresentar a demissão esta tarde, após o debate semanal de Theresa May com os deputados.  

Consumar o divórcio entre Reino Unido e União Europeia no final de outubro é a grande missão de Boris Johnson, mas há ainda um Parlamento fragmentado para conciliar e para convencer que a saída sem acordo é um cenário tão real como outro qualquer.

Boris Johnson suspenso num slide, no Victoria Park, em Londres.Foto: picture-alliance/empics/B. Kendall

Um político caricato

O antigo presidente da Câmara de Londres divide opiniões e anda de braço dado com a polémica, gafes e mentiras. É também acusado de ter induzido os eleitores em erro a propósito do Brexit durante a campanha do referendo sobre a saída da União Europeia. O jornal francês Libération, para citar apenas um exemplo, escreveu no editorial de segunda-feira que Boris Johnson é, depois dos presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e dos Estados Unidos, Donald Trump, o terceiro "doido do cenário internacional" a "assumir os destinos de um velho e grande país". 

De ascendência turca, Boris nasceu em Nova Iorque, nos EUA, e estudou no prestigiado colégio interno de Eton - como muitos primeiros-ministros, aristocratas e membros da realeza britânicos. O homem que sucede a Theresa May estudou na Universidade de Oxford e fala francês e italiano.

Antes de entrar para a política, foi jornalista e começou a carreira no jornal conservador The Times, onde foi despedido por ter inventado uma citação. Anos mais tarde, deu nas vistas como correspondente do The Daily Telegraph em Bruxelas, pela forma pouco factual como escrevia sobre as instituições europeias.

Entrou oficialmente para a política em 2001, quando foi eleito deputado e, desde então, protagonizou vários momentos caricatos, bem resumidos na fotografia inesquecível de Boris Johnson preso num slide num ato de promoção aos Jogos Olímicos de 2012, em Londres.

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Antes de assumir a presidência da Câmara da cidade – cargo que ocupou entre 2008 e 2016 -, chegou a ser despedido do cargo de ministro sombra da Cultura do Partido Conservador, após ter negado um caso extraconjugal com uma colunista na revista Spectator, onde foi editor, que se revelou verdadeiro. Boris Johnson acabou por ser reeleito um ano depois. Depois de oito anos à frente da Câmara de Londres, voltou ao Parlamento em 20015 e, entre 2016 e 2018, ocupou o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros.

Confiante na saída da UE

Como novo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson promete que o Brexit é para avançar - com ou sem acordo com a União Europeia. "Vamos dinamizar o país, concretizar o Brexit no dia 31 de outubro e aproveitar as vantagens que [a saída da UE] nos trará, com um novo espírito positivo”, afirmou esta terça-feira, após a eleição.

Desvalorizando as perspectivas de que vai ter um trabalho difícil pela frente para desbloquear o impasse em que se encontra o processo de saída do Reino Unido da União Europeia, Johnson mostrou-se confiante: "Podemos fazê-lo e as pessoas deste país confiam em nós para fazê-lo. E nós sabemos que vamos conseguir”.

Na semana passada, o novo chefe do Governo comparou o Brexit com a chegada do Homem à Lua.

Do lado da União Europeia, a presidente eleita da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, desejou esta terça-feira manter uma "boa relação de trabalho" com o próximo primeiro-ministro britânico. A Comissão Europeia não está preocupada com a chegada de Boris Johnson à liderança do Governo britânico, garantiu também o vice-presidente Frans Timmermans, recordando que o acordo do Brexit, firmado entre Theresa May e Bruxelas, é "o melhor possível".

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