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Braço direito de Presidente do Burundi foi assassinado

Maria João Pinto / Abu-Bakarr Jalloh / RTR / AFP3 de agosto de 2015

O general Adolphe Nshimirimana foi morto este domingo (02.08). O Presidente do Burundi, Pierre Nkurunziza, lançou uma "caça ao homem". Receia-se que o assassinato gere uma onda de vinganças.

Foto: Getty Images/AFP/L. Nshimiye

O general Adolphe Nshimirimana, responsável pela segurança pessoal do Presidente, foi morto juntamente com três dos seus guarda-costas na capital, Bujumbura. Homens fardados com uniformes militares atingiram com um lança-granadas e disparos de metralhadoras a viatura onde seguia o antigo chefe do estado-maior da ex-rebelião CNDD-FDD, atualmente o partido no poder.

O assassinato ocorre uma semana depois eleição de Pierre Nkurunziza para um terceiro mandato, uma vitória condenada pela oposição, a sociedade civil e a comunidade internacional.

General tinha "muitos inimigos"

O Burundi está mergulhado no caos desde o final de abril, quando Nkurunziza anunciou a sua candidatura, seguindo-se meses de protestos que mataram dezenas de pessoas e uma tentativa falhada de golpe de Estado. O general Adolphe Nshimirimana, segundo a oposição, foi uma figura central nos desenvolvimentos dos últimos meses no país.

"Um dos possíveis motivos para a sua morte é o facto de ele ter participado na repressão das manifestações contra o terceiro mandato de Nkurunziza", explica o correspondente da DW em Bujumbura, Apollinaire Niyirora. "Ele foi também um dos generais que travaram o golpe de Estado de 13 de maio. Ou seja, Adolphe Nshimirimana desempenhou dois papéis-chave na neutralização dos protestos."

Protesto contra terceira candidatura do Presidente Pierre Nkurunziza na capital do Burundi, Bujumbura (maio de 2015)Foto: Reuters/G. Tomasevic

Yolande Bouka, investigadora no Instituto de Estudos de Segurança, em Nairobi, afirma que Nshimirimana tinha "muitos inimigos". A analista sublinha também o papel do general na repressão do golpe de Estado.

"A resposta dele foi muito agressiva e violenta", diz Bouka. "Há alegações de violação dos direitos humanos de oficiais militares que, alegadamente, estiveram envolvidos no golpe. Isto pode ser retaliação, mas estamos apenas a especular. Temos de aguardar os resultados das investigações ou, talvez, alguns destes indivíduos assumam a responsabilidade pelo atentado."

Em julho, após a vitória de Nkurunziza, alguns generais do exército, que tentaram o golpe de Estado, prometeram liderar uma rebelião para tirar o Presidente do cargo.

Caça ao homem

Pierre Nkurunziza lançou uma "caça ao homem". O Presidente estabeleceu um prazo de dez dias para apanhar os responsáveis pelo assassinato de Nshimirimana. Apelou também à calma, pedindo aos burundeses que não caiam na armadilha da vingança. Mas, de acordo com a agência de notícias Reuters, ouviram-se vários disparos ao final da tarde deste domingo na capital do Burundi.

Pessimismo

Da União Europeia e dos Estados Unidos chegam também apelos à contenção e ao diálogo entre todas as partes. No entanto, teme-se que a tensão vivida no país e as divisões no seio das forças armadas possam empurrar o Burundi para uma nova guerra civil.

O último conflito armado no Burundi opôs o exército, na altura liderado pela minoria étnica Tutsi, a fações da maioria Hutu. Pelo menos 300 mil pessoas morreram na guerra civil, que durou 12 anos.

Yolande Bouka, investigadora no Instituto de Estudos de Segurança, em Nairobi, não está otimista quanto ao futuro do país.

"Isto é um sinal de que a crise no Burundi está muito longe do fim", afirma. "As últimas eleições decorreram num ambiente de calma – embora saibamos que não foram livres e justas – mas este assassinato envia uma mensagem clara: o ambiente no Burundi não deverá acalmar."

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Entretanto, a oposição burundesa e a sociedade civil, reunidas na capital etíope, Adis Abeba, anunciaram este domingo a criação de um Conselho Nacional para o respeito dos acordos de Arusha, que puseram fim à última guerra civil, e a restauração do Estado de Direito no Burundi. Esta é a primeira vez que a oposição do Burundi se une sob a mesma bandeira, com cerca de vinte líderes no exílio, vários antigos chefes de Estado e ativistas a eleger como líder Leonard Nyangoma, porta-voz da coaligação ADC-Ikibiri, que reúne doze partidos da oposição do Burundi.

De fora ficou apenas o movimento de Agathon Rwasa, visto como o principal opositor no país até à sua eleição para o cargo de vice-presidente da Assembleia Nacional, na última quinta-feira (30.07).

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