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Branqueamento: Angola segue recomendações internacionais

João Carlos
9 de junho de 2022

O combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo faz parte das reformas que Angola tem procurado implementar nos últimos anos. Governador do BNA garante que "reformas estruturais" já estão em curso.

José de Lima Massano, governador do Banco Nacional de Angola (BNA)
José de Lima Massano, governador do Banco Nacional de Angola (BNA)Foto: João Carlos/DW

A lei de prevenção e combate ao branqueamento de capitais de Angola está em linha com as recomendações internacionais. A garantia é dada pelo governador do Banco Nacional de Angola (BNA), José de Lima Massano, quando questionado pela DW, em Lisboa, se a entidade reguladora angolana está devidamente munida de instrumentos contra as transferências ilícitas de capitais para o estrangeiro que, no passado, lesaram os cofres do Estado e prejudicaram a economia.

"Do lado do Banco Nacional de Angola também foram emanadas instruções aos bancos comerciais para a [sua] adequação. Esse tema não se limita ao sistema financeiro. Portanto, temos visto também a acontecer com o próprio sistema de justiça, com os órgãos de polícia; ou seja, [há uma] maior sensibilidade na realização de transações financeiras no nosso país."

Lima Massano adiantou à DW que "está em curso" em Angola "a avaliação mútua no âmbito das regras de prevenção e combate ao crime financeiro", conduzida pelo órgão regional do Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI).

"Teremos agora, neste mês de junho, avaliadores no terreno, mas estamos convencidos que, com o trabalho que foi efetuado até aqui, com a capacidade institucional que hoje Angola apresenta neste domínio, teremos também uma avaliação positiva", diz. O relatório deverá estar concluído em março de 2023.

Impacto das reformas financeiras

O governador falou à DW à margem de uma conferência realizada esta quarta-feira (08.06), em Carcavelos, sobre o novo ciclo da economia angolana, com foco no impacto das reformas financeiras e o futuro de Angola no atual contexto geo-político global. 

José de Lima Massano: "Há uma maior sensibilidade na realização de transações financeiras em Angola"Foto: João Carlos/DW

Na sua comunicação, Lima Massano recordou o desequilíbrio das contas públicas, a partir de 2017, afetadas por um défice de cerca de 600 milhões de dólares. Na altura, registava-se um declínio acentuado das reservas internacionais e uma fraca capacidade de proteção da moeda nacional, o kwanza.  

"O sistema financeiro era deficientemente capitalizado" e, consequentemente, havia "incapacidade de atender às necessidades da economia", referiu. "Hoje, as nossas reservas internacionais em moeda estrangeira estabilizaram", assegurou o governador do BNA.

Cooperação com Portugal

O Banco de Portugal, que se fez representar no encontro, asseverou que está atento ao desenvolvimento do setor financeiro angolano. Uma das áreas em que coopera com Angola prende-se com medidas contra o branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo. 

Neste domínio, Luís Máximo Santos, vice-presidente do regulador português, elogiou o esforço reformista de Luanda e o novo quadro legislativo para a independência do Banco Nacional de Angola face ao poder político, tendo destacado também o papel da Justiça no combate aos crimes económico-financeiros. 

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"As iniciativas legislativas em áreas como as do quadro prudencial das instituições financeiras ou da prevenção do branqueamento de capitais e do financiamento do terrorismo são também passos fundamentais para a modernização do enquadramento de governação do setor bancário e financeiro, com impacto sobre toda a economia e sobre as relações económicas e financeiras com países terceiros", frisou.

Por outro lado, "é expetável que também a conclusão com sucesso, por parte de Angola, do memorando de entendimento com o Fundo Monetário Internacional venha a ter um impacto duradouro na estabilidade macroeconómica e financeira do país, inclusive no domínio das finanças públicas."

Vitor Ribeirinho, presidente da KPMG Portugal, empresa com escritório de auditoria, fiscalidade e consultoria em Luanda, realça, em declarações à DW, o trabalho que as instituições bancárias dos dois países têm vindo a desenvolver no que toca ao tema do branqueamento de capitais. 

"Infelizmente não é só um tema de Portugal, não é só um tema de Angola. É um tema global, em que os bancos centrais através da cooperação têm vindo a encetar um conjunto de iniciativas e agora, ainda recentemente com o apoio do GAFI, que está em Angola também a apoiar as instituições a fortalecer ainda mais os seus sistemas de compliance para fazer esta proteção."

Para o consultor português, as medidas persuasivas adotadas pelo regulador angolano em relação aos crimes financeiros produziram um efeito estabilizador na economia. 

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