Brasil assiste Angola na formação de profissionais
21 de julho de 2011A parceria entre o Ministério de Obras Públicas de Angola e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense, em Campos, no Rio de Janeiro, prevê a criação de Centros de Formação Profissional na área de construção civil. Quatro já estão em funcionamento em Luanda, Benguela, Malanje e Huambo e um quinto centro está sendo construído no Zaire.
Glaucia Mendes, coordenadora geral do projeto no Instituto Federal Fluminense, diz que 179 angolanos já estiveram no Brasil em treinamento.
Os formadores recebem uma capacitação durante seis semanas e depois retornam à Angola para serem professores nos Centros: “Eles têm aulas aqui, uma carga horária bem pesada”, reconhece Mendes, que explica. Uma vez regressados a Angola, os formandos continuam a receber apoio do Brasil: “Durante três anos, fazemos visitas técnicas, acompanhando e atualizando o conteúdo com eles”.
Novas oportunidades
O Centro de Formação de Luanda já qualificou 600 profissionais desde a sua inauguração em 2009. O diretor do centro, Antônio Silvestre Alves Sardinha, explica que muitos profissionais obtiveram emprego logo após a formação, já que as empresas costumam entrar em contato diretamente com o centro.
Segundo Alves Sardinha a ideia " é responder às aspirações de jovens desempregados, seja porque estiveram durante o período de guerra a servir como militares e não tiveram a oportunidade de estudar, seja porque não conseguiram entrar para o ensino regular”.
O centro forma também adultos que não tenham tido oportunidade de fazer alguma formação ou que não tenham emprego, diz o diretor.
Os candidatos recebem uma formação básica em áreas como gestão de obras, construção e manutenção de vias, topografia, orçamento e soldadura. A idade mínima para participar é 17 anos e a habilitação exigida para a maioria dos cursos é a sétima classe, que corresponde ao primeiro ciclo.
Domingos Campos, de 25 anos, foi um dos alunos que se destacou no Centro de Formação de Luanda. Após concluir o curso de Medição e Orçamento, o jovem foi promovido no trabalho e hoje também é um dos professores do Centro: “Foi uma reviravolta na minha vida”, diz, e acrescenta: “Foi uma mais valia porque eu comecei a aplicar aquilo que eu aprendi. E até hoje fui promovido a coordenador de uma comissão de gestão de uma unidade de produção onde sou administrador em exercício”.
Acordo prorrogado
O acordo entre o Instituto Fluminense e o governo de Angola foi estendido até 2013. O instituto também vai passar a oferecer cursos de pós-graduação, além de uma capacitação exclusiva para os ex-combatentes de guerra do país.
Autora: Daniella Zanotti
Edição: Cristina Krippahl / António Rocha