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PolíticaBrasil

Bolsonaro quebra o silêncio e promete cumprir Constituição

mjp | Lusa
1 de novembro de 2022

Quase 48 horas depois e em dia de protestos nas estradas brasileiras, o Presidente Jair Bolsonaro fez a primeira declaração pública após a vitória de Lula da Silva, agradecendo aos apoiantes e sem reconhecer a derrota.

Wahlen in Brasilien I Ansprache Jair Bolsonaro
Foto: Evaristo Sa/AFP

O Presidente brasileiro Jair Bolsonaro, derrotado nas urnas no domingo, acaba de se dirigir aos jornalistas que esperavam há mais de uma hora pela sua reação às eleições que deram a vitória a Lula da Silva.

Num curto pronunciamento de cerca de 2 minutos e meio, Bolsonaro quebrou o silêncio que durava há quase 48 horas, começando por agradecer aos 58 milhões de brasileiros que votaram em si e referindo-se aos protestos de motoristas que bloqueiam centenas de estradas em todo o país como "movimentos populares que são resultado da indignação" com o processo eleitoral.

"Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30", disse o Presidente, dois dias depois da sua derrota nas presidenciais, naquela que foi a sua primeria declaração pública, onde nunca reconheceu a derrota.  

"Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre são bem-vindas, mas nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, frisou.

Jair Bolsonaro prometeu cumprir "todos os mandamentos" da Constituição brasileira antes de terminar a intervenção para dar a palavra ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, que garantiu: "Com base na lei, nós iniciaremos o processo de transição".

O chefe de Estado e candidato derrotado ainda não tinha feito qualquer declaração pública desde o anúncio do resultado das presidenciais de domingo.

Com 100% dos votos contados, Luiz Inácio Lula da Silva venceu as presidenciais de domingo por uma margem estreita, recebendo 50,9% dos votos, contra 49,1% para Jair Bolsonaro, que procurava obter um novo mandato de quatro anos.

O atual chefe de Estado deixará o poder a 1 de janeiro de 2023.

Foto: Andre Penner/AP/dpa/picture alliance

Dia de protestos

Centenas de rodovias no Brasil, incluindo as principais vias dos grandes centros urbanos, estão bloqueadas desde domingo por motoristas que apoiam o Presidente Jair Bolsonaro, que foi derrotado nas urnas.

A polícia anunciou que está a trabalhar para o restabelecimento do direito de circulação da população. Os camionistas que apoiam o governante brasileiro alegam não reconhecer o resultado das urnas, que deram a vitória a Luiz Inácio Lula da Silva, e segundo os 'media' locais mantêm bloqueadas 267 vias em todo o país.

Os protestos, alegadamente inorgânicos e sem líder, já foram condenados por proeminentes apoiantes de Bolsonaro ligados ao agronegócio e à indústria de transportes, como a Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA).

A presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, responsabilizou o chefe de Estado brasileiro e acusou Bolsonaro de orientar "o caos no país".

O governador do estado brasileiro de São Paulo, Rodrigo Garcia, anunciou que iria usar "toda a força necessária" contra camionistas que apoiam o Presidente e bloqueiam estradas em protesto.

Foto: ANDERSON COELHO/AFP

Silêncio "dificultou pacificação"

Esta tarde, sindicatos de polícias brasileiros afirmavam que o silêncio do Presidente Jair Bolsonaro estava a estimular os atos dos camionistas que bloqueiam estradas em todo o país como forma de protesto.

"A postura do atual Presidente da República, Jair Bolsonaro, em manter o silêncio e não reconhecer o resultado das urnas acaba dificultando a pacificação do país, estimulando uma parte de seus seguidores a adotarem ações de bloqueios nas estradas brasileiras", refere um comunicado divulgado esta terça-feira pela Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF) e os Sindicatos dos Policiais Rodoviários Federais de todo o Brasil.

As organizações que representam polícias do país também reafirmaram "o compromisso com o Estado Democrático de Direito. O resultado das eleições de 2022 expressa a vontade da maioria da população e deve ser respeitado".

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