Brasil: PALOP acreditam no reforço de relações com Lula
Lusa | nn
31 de outubro de 2022
Vários chefes de Estado e de Governo reagiram esta segunda-feira à vitória de Lula da Silva na segunda volta das presidenciais no Brasil, incluindo líderes dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
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O Presidente de Moçambique saudou esta segunda-feira (31.10) o "irmão Lula" pela vitória nas eleições para a presidência do Brasil, referindo que foi uma conquista feita com "coragem". "Foi uma vitória conquistada pela perseverança, humildade, fé na justiça e, sobretudo, foi uma vitória da coragem do povo brasileiro de enfrentar o futuro consigo, rumo a um país mais forte e justo", escreveu Filipe Nyusi na página oficial do Facebook.
O estadista referiu que "Moçambique sempre partilhou com o Brasil os momentos mais marcantes da sua história e vice-versa, como irmãos que partilham um caminho cujo destino os guia para o bem-estar e justiça".
As felicitações "do povo moçambicano para o povo brasileiro", são dadas no início de uma "nova caminhada de esperança aberta pela sua eleição rumo a uma nova era de cooperação e reforço da nossa irmandade".
Também o Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, e o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, afirmaram esta segunda-feira acreditar no reforço das relações com o Brasil após a eleição de Lula da Silva na segunda volta do pleito.
"Felicito Lula da Silva pela sua vitória nas eleições presidenciais", afirmaram ambos, em mensagens divulgadas nas respetivas contas na rede social Facebook.
"Espero podermos trabalhar juntos para reforçar ainda mais as relações de amizade e de cooperação entre Brasil e Cabo Verde", acrescentou na sua mensagem o chefe de Estado, José Maria Neves.
Jair Bolsonaro obteve 49,1%
Lula da Silva, candidato do Partido dos Trabalhadores (esquerda) foi eleito no domingo (30.10) Presidente do Brasil, com 50,9%, derrotando Jair Bolsonaro, que obteve 49,1%, depois de contados todos os votos, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
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"As relações entre os nossos países serão reforçadas, assim como ao nível da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa], onde o Brasil desempenha um papel muito importante", afirmou o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, na sua mensagem de felicitação.
Luiz Inácio Lula da Silva, de 77 anos, obteve mais de 60,3 milhões de votos (50,9% do total), com uma vantagem superior a 2,1 milhões face a Bolsonaro (extrema-direita), que conseguiu 58,2 milhões (49,1%), nas presidenciais de domingo, indicou o portal do TSE.
Lula da Silva, que já cumpriu dois mandatos entre 2003 e 2011, regressa ao Palácio do Planalto. O antigo sindicalista terá como vice-presidente Geraldo Alckmin, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), que havia sido seu opositor nas eleições presidenciais de 2006, então pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).
Os dez músicos brasileiros que mais se empenharam para fazer a ponte África-Brasil
A música torna-se um dos maiores aliados para eliminar diferenças e polémicas como, por exemplo, se o samba é brasileiro ou de Angola. Estes dez artistas colocam África em destaque de forma inovadora e revolucionária.
Foto: W. Montenegro
Viagens em livros e muita música
Martinho da Vila faz um verdadeiro manifesto anti-racista no livro "Kizombas, Andanças e Festanças", lançado pela primeira vez em 1972. O cantor e compositor, que assina alguns dos maiores sucessos da música brasileira, aparece no topo da lista dos músicos brasileiros que mais contribuíram para a ponte Brasil-África de acordo com diferentes instituições e especialistas ouvidos pela DW África.
Foto: Getty Images/R. Dias
"Marrom" graças ao amor pelas origens
Alcione Dias Nazareth, a Marrom, viajou diversas vezes para apresentações em países africanos, como Angola e Moçambique. Depois de 25 anos sem ir a Cabo Verde, a maranhense fez uma apresentação, em 2011, para celebrar os seus 40 anos de carreira. Do arquipélogo, inclusive, gravou "Regresso" (Mamãe Velha), composição histórica de Agostinho José que usou um poema de Amílcar Cabral.
Foto: Getty Images/F.Calfat
Sons e política em oração
Gilberto Gil, músico e ex-ministro da Cultura do Brasil, procurou desconstruir equívocos na música "Mão da Limpeza", em 1983, levando em conta o pejorativo termo de que "negro quando não suja na entrada, suja na saída". Cantada ao lado de Chico Buarque, valoriza a contribuição dos afro-brasileiros na gastronomia e cultura brasileiras. Em 1985, lançou a "Oração Pela Libertação da África do Sul".
Foto: FAO/Giulio Napolitano
"A carne mais barata do mercado é a carne negra"
Elza Soares é militante assumida numa carreira de mais de 60 anos e apresenta em muitas das suas músicas a realidade do negro, tomando como ponto central a mulher. Nascida na favela da Moça Bonita, Rio de Janeiro, em 1937, Elza não perde oportunidade para gravar canções como "A Carne", de Seu Jorge, Marcelo Yuca e Wilson Capellette. O mais recente trabalho é "A Mulher do Fim do Mundo" (2016).
Foto: Getty Images/K.Betancur
Composições e inspiração para novos artistas
Mateus Aleluia (esq.) morou 20 anos em Angola e sempre procurou ligações com outros artistas para dar vida à África perdida na história do Brasil. O músico nascido no estado brasileiro da Bahia inspira trabalhos de nomes como Carlinhos Brown, Nação Zumbi e Cidade Negra. Aleluia integrou o legendário "Tincoãs", nos anos 1970. Na foto, está ao lado de Bule-Bule (centro) e Raimundo Sodre (dir).
Foto: picture-alliance/ dpa/S.Creutzmann
Morena de Angola, Moçambique e Brasil
Clara Nunes (1942-1983) fascina quem pesquisa sobre o Brasil e está em África. O inédito nela é ter cantado sobre elementos fora do dia-a-dia das pessoas, como em "Mãe África", do marido Paulo César Pinheiro e Sivuca. Foi desta forma que rompeu paradigmas, vendendo mais de 100 mil cópias. É retratada no documentário Clara Estrela (2017), dirigido pelos brasileiros Susanna Lira e Rodrigo Alzugui.
Foto: W. Montenegro
O Sul do mundo em lágrimas
Milton Nascimento compôs a Missa dos Quilombos, em 1981, para denunciar as consequências da escravidão e do preconceito no Brasil. Criado por pais adotivos brancos, impulsionou a criação dos Tambores de Minas, nos anos 1990, e trabalhou com projetos envolvendo novos talentos. Com mais de 50 anos de carreira, escreveu Lágrima do Sul, ao lado de Marco Antônio Guimaraes, do grupo Uakti.
Foto: picture-alliance/dpa/M.Cruz
Afro-brasileiro fora da África e do Brasil
Desde o início da sua carreira, nos anos 1960, Jorge Ben Jor manteve-se mais próximo dos aspectos afro-brasileiros, afastando-se da Bossa Nova que dominava a cena musical brasileira. O guitarrista, cantor e compositor gravou "África Brasil", em 1976. É deixando-se ser marcado por esta influência que se apresenta em diversos pontos do planeta, como no Festival de Montreux, na Suíça (foto).
Foto: picture-alliance/dpa/S.Campardo
Sem dar adeus à Àfrica
Naná Vasconcelos (1944-2016) já começou sua carreira intitulando o primeiro disco de "Africadeus", em 1973. Respeitado no mundo inteiro por valorizar as culturas africana e negra em seu trabalho, ganhou oito prémios Grammy. De 1983 a 1990, foi o Melhor Percussionista do Ano, da revista Down Beat. Em 2010, o pernambucano reuniu meninas e meninos de Angola, Brasil e Portugal no projeto Língua Mãe.
Foto: picture-alliance/dpa/S.Moreira
Revolução em lugares inesperados
Já no início da carreira, nos anos 1960, Maria Bethânia fazia invocações africanas e revolucionou aglutinando dois continentes dentro de boates! Com uma trajetória sólida, em 1986, gravou com o grupo sul-africano Lady Smith Black Mambazo. Ao lado de Mingas, Mia Couto e Agualusa, a intérprete baiana acaba de lançar o documentário "Karingana, Licença para Contar" (2017), de Monica Monteiro.