Brexit: Theresa May apresenta Plano B no Parlamento
Lusa
21 de janeiro de 2019
Após dias de reuniões entre a primeira-ministra britânica e a oposição, o Parlamento vai conhecer esta segunda-feira os próximos passos que o Governo quer dar no processo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE).
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Theresa May vai à Câmara dos Comuns fazer uma declaração pelas 14:30, altura em que anunciará o seu "plano B", na sequência da rejeição do acordo na passada terça-feira, por 432 contra 202 votos.
"Agora que os deputados deixaram claro o que não querem, temos todos de trabalhar juntos construtivamente para definir o que o parlamento quer", disse May, após sobreviver a uma moção de censura.
Nos últimos dias, Theresa May reuniu-se com o líder dos Liberais Democratas, Vince Cable, e os líderes parlamentares dos partidos nacionalista escocês (SNP), Ian Blackford, e galês (Plaid Cymru), Liz Roberts, todos opositores do Brexit e favoráveis a um segundo referendo.
Na quinta-feira, a única deputada dos Verdes, Caroline Lucas, disse ter repetido "insistentemente uma vez e outra vez para descartar o [Brexit] sem acordo" por considerar que isso "distorce completamente as negociações, sabendo que o precipício está lá".
Mas a recusa de May em fazê-lo, alegando ser uma "condição impossível", impediu o encontro com o líder do partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, o principal partido da oposição. "A primeira-ministra entrará em conversas fingidas para fazer passar o tempo e tentar chantagear os parlamentares para que votem no seu acordo mal-amanhado à segunda tentativa, ameaçando o país com o caos que a ausência de acordo vai trazer", acusou Corbyn.
Extensão do artigo 50
Outra das exigências dos partidos da oposição tem sido a extensão do período do artigo 50.º que, ao desencadear a saída do Reino Unido da UE, determinou um prazo de dois anos para as negociações, o qual acaba em 29 de março.
May argumenta que a alternativa para evitar a ausência de acordo está entre "revogar o artigo 50.º e reverter o resultado do referendo" de 2016 que ditou o Brexit, ou aprovar um acordo de saída.
A líder conservadora procurou também apoio no seu próprio partido, do qual 118 deputados votaram contra o acordo, divididos entre eurocéticos e pró-europeus, estes últimos dispostos a ceder em troca de uma saída da UE, mas com permanência numa união aduaneira.
Porém, também este cenário está afastado pela primeira-ministra porque impede a negociação de acordos comerciais com países terceiros.
A intervenção de May será acompanhada por uma moção para ser votada na semana seguinte, em 29 de janeiro, a qual os deputados poderão alterar, sugerindo diferentes alternativas para sair do impasse, incluindo um novo referendo.
Segundo a comunicação social britânica, uma proposta do conservador Nick Boles e da trabalhista Yvette Cooper - que forçaria o Governo a adiar o Brexit se não for encontrado um consenso até março, tornando impossível a saída sem um acordo - poderá ter apoio interpartidário.
Bienvenu à Matonge: um pedaço de África em Bruxelas
Bruxelas é a capital da União Europeia - e lar de cerca de 100 mil africanos. No colorido bairro de Matonge, eles vivem um pouco como na terra natal, a República Democrática do Congo (RDC).
Foto: DW/E. Shoo
Kinshasa na Bélgica
Cerca de 100 mil pessoas com raízes africanas vivem em Bruxelas, o que é quase 10% da população da capital da Bélgica. A maioria veio das ex-colónias belgas - República Democrática do Congo e Ruanda. Outros, de países do Oeste Africano - como Senegal, os Camarões e Burkina Faso. Todos eles encontram um pedaço de casa em Matonge, que é também o nome de um bairro da capital do Congo, Kinshasa.
Foto: DW/E. Shoo
Vestidos para ocasiões especiais
Pode-se comprar de todas as cores e modelos: tecidos de algodão para casamentos ou festas religiosas. Mesmo as europeias compram aqui e apreciam as opções coloridas. Em muitas lojas, a proprietária corta o modelo desejado na hora. Porém, os tecidos não são provenientes do Gana ou do Congo, mas da Holanda. "Eles têm uma melhor qualidade", diz uma vendedora.
Foto: DW/E. Shoo
Cabelos do Brasil, da Índia e da China
Perucas, tranças, cosméticos. Em Matonge, estão os especialistas em cabelos crespos. É lá que as mulheres de ascendência africana vão buscar seu novo visual - do mais simples ao mais complexo. As extensões de cabelo e perucas variam consideravelmente em qualidade e preço. Mechas de cabelo artificial podem custar a partir de 10 euros. Uma peruca feita de cabelo brasileiro pode valer até 300 euros.
Foto: DW/E. Shoo
Bate-papo em Matonge
Também os homens vêm a Matonge. Emmanuel sempre recebe aqui o seu novo corte de cabelo. Ele vem de Kinshasa, e em Matonge ele se sente um pouco como em casa. "Sempre encontro conhecidos aqui," diz. Por um novo visual, os pagam menos que as mulheres - o corte de cabelo custa a Emmanuel apenas oito euros.
Foto: DW/E. Shoo
Ligação com África
As lojas em Matonge se adaptaram às necessidades dos seus clientes africanos. Especialmente populares são as lojas de telefonia que oferecem chamadas de baixo custo para a terra natal. Além disso, se instalaram aqui prestadores de serviços financeiros que ganham bastante com os muitos africanos que transferem parte de seu salário para a família em África.
Foto: DW/E. Shoo
Pequenos presentes de África
Quem procura um presente colorido de África na cinzenta Bruxelas, vai encontrá-lo aqui. A variedade na loja Afrikamäli (ou "Tesouros de África", na tradução literal) vai de brincos e colares a castiçais e cestos. Os produtos provêm de países como o Quénia, a África do Sul, Moçambique, Burkina Faso e Mali. Em Matonge, muitos comerciantes mantém uma ampla rede de fornecedores no continente africano.
Foto: DW/E. Shoo
Um ponto de encontro
A Associação Cultural Kuumba integra africanos e europeus. Há comida africana, bem como concertos, noites de cinema ou passeios guiados pelo bairro Matonge. Além do suaíli, fala-se especialmente o francês. Mas em Kuumba pratica-se também o holandês: o café cultural é apoiado em grande medida pela comunidade flamenga.
Foto: DW/E. Shoo
Construíndo pontes entre África e Europa
O café cultural Kuumba foi ideia de Jeroen Marckelbach. "Tudo começou, quando circulei de bicicleta de Matonge em Bruxelas a Matonge em Kinshasa em 2008", diz ele. "Eu queria fazer algo para melhorar a relação entre os africanos e os belgas. Eles se conhecem muito pouco. Por meio de cursos de línguas, arte e literatura, as culturas devem aprender uma com a outra."
Foto: DW/E. Shoo
Multicultural e multilingue
Em Matonge, encontram-se diferentes culturas e línguas. Muitos falam francês, alguns também inglês ou holandês. Alain Mpetsi, que nasceu no Congo, se beneficia da diversidade linguística. Ele fala cinco línguas e trabalha como intérprete. Além disso, ele também dá aulas de suaíli e lingala, duas das línguas mais importantes da República Democrática do Congo.
Foto: DW/E. Shoo
Tesouros culinários
A comunidade africana não vem a Matonge apenas para fazer compras. É igualmente importante encontrar-se para tomar uma cerveja e ouvir música africana, ou para comer. Vários restaurantes oferecem bebidas e pratos tradicionais de África. O restaurante Soleil d'Afrique (ou "Sol de África", na tradução literal) é um dos mais famosos em Matonge. Tanto moradores quanto turistas vêm aqui.
Foto: DW/E. Shoo
Banana cozida e mandioca
No cardápio, estão pratos como Mafe (carne com molho de amendoim), Yassa (carne marinada temperada), peixe e bolinhos recheados com legumes ou carne moída. Os pratos geralmente vêm da África Oriental e Ocidental. Como acompanhamento há, por exemplo, arroz ou banana frita. Em Matonge substituem as tradicionais batatas fritas da Bélgica.
Foto: DW/E. Shoo
Música congolesa ao vivo
Em Matonge, a música é omnipresente. Cantores, alguns deles estrelas na República Democrática do Congo, se apresentam em muitos restaurantes e bares africanos nos finais de semana. Também nas lojas e salões de cabeleireiros, ouve-se música por todo dia. Assim, Matonge traz um pedaço colorido da alegria de viver africana ao cotidiano de Bruxelas, no coração da Europa.