Brexit: Theresa May demite-se se acordo for aprovado
AFP | Reuters | AP | EFE | Lusa | tms
28 de março de 2019
Primeira-ministra britânica cede à pressão e promete demitir-se caso o seu acordo para o Brexit seja aprovado no Parlamento. Deputados votaram alternativas, mas nenhuma obteve sucesso.
Publicidade
A primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou esta quarta-feira (27.03) que pretende renunciar ao cargo caso o Parlamento apoie o seu acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia (UE).
"Sei que há um desejo por uma nova abordagem – e nova liderança – na segunda fase das negociações do Brexit e eu não vou impedir isto", disse a primeira-ministra em uma reunião com parlamentares do Partido Conservador.
"Mas precisamos alcançar o acordo e entregar o Brexit. Estou preparada para deixar o cargo antes do que pretendia para fazer o que é certo para nosso país e nosso partido", afirmou May.
A primeira-ministra tem sido pressionada por membros pró-Brexit do seu Partido Conservador para se demitir. Muitos a acusam de negociar um acordo que deixa o Reino Unido ainda muito ligado ao bloco europeu depois da saída.
Apesar de ter cedido à pressão, Theresa May não disse quando deve renunciar ao cargo. O parlamentar eurocético Jacob Rees-Mogg, da ala mais à direita do Partido Conservador, afirmou que a primeira-ministra deixou "muito claro" que, se o Reino Unido deixar a UE em 22 de maio, ela partirá logo depois.
Alternativas no Parlamento
A oferta da primeira-ministra veio poucas horas antes de o Parlamento debater e colocar em votação oito alternativas para o Brexit. Mas nenhuma das oito propostas apresentadas obteve a maioria, um resultado que o ministro do Brexit, Stephen Barclay, disse "fortalece nossa visão de que o acordo que nosso Governo negociou é a melhor opção".
As opções com mais apoios foram a convocação de um referendo para ratificar um eventual acordo, que obteve 295 votos contra e 268 a favor, e a negociação de uma união aduaneira com a UE, com 272 votos contra e 264 a favor. As possibilidades que foram propostas pela ala mais eurocética dos conservadores estiveram entre as menos votadas.
Apesar de a sessão de hoje não ter chegado a nenhum resultado conclusivo, os parlamentares deixaram a porta aberta para que na próxima segunda-feira seja convocada uma segunda rodada de votações para tentar que alguma opção alcance o apoio maioritário.
Os debates de alternativas para o Brexit iniciaram depois que os deputados decidiram assumir o controlo da agenda de discussões sobre o Brexit - o que normalmente era feito pelo Governo.
Antes das "votações indicativas" da noite desta quarta-feira, o Governo tinha prometido considerar o resultado, embora não-vinculativo, mas não se comprometeu a aplicá-lo, por entender que terá de ser analisada a concordância com as promessas do Governo e a possibilidade de negociação com a UE.
Acordo do Governo
Os deputados rejeitaram duas vezes o acordo Brexit, ambas as vezes por grandes maiorias, mas Theresa May ainda tenta convencê-los.
Entretanto, mesmo com a intenção de demissão da primeira-ministra, o Partido Unionista Democrático, da Irlanda do Norte, do qual depende a maioria parlamentar de Theresa May, afirmou nesta quarta-feira que mantém sua oposição ao acordo do Brexit.
Na semana passada, a líder do Governo britânico aceitou um acordo com a UE na para adiar o Brexit em meio a temores de que o Reino Unido se dirigisse para uma possível saída catastrófica de "não acordo" na sexta-feira, 29 de março – data fixada em 2016 por Bruxelas.
Se o acordo alcançado por Theresa May na UE for aceite pelos parlamentares nos próximos dias, o Brexit acontecerá em 22 de maio, conforme foi ratificado por grande maioria do Parlamento nesta quarta-feira. Mas se não, a líder do Governo britânico deve retornar a Bruxelas antes de 12 de abril para explicar o que acontece em seguida.
Bienvenu à Matonge: um pedaço de África em Bruxelas
Bruxelas é a capital da União Europeia - e lar de cerca de 100 mil africanos. No colorido bairro de Matonge, eles vivem um pouco como na terra natal, a República Democrática do Congo (RDC).
Foto: DW/E. Shoo
Kinshasa na Bélgica
Cerca de 100 mil pessoas com raízes africanas vivem em Bruxelas, o que é quase 10% da população da capital da Bélgica. A maioria veio das ex-colónias belgas - República Democrática do Congo e Ruanda. Outros, de países do Oeste Africano - como Senegal, os Camarões e Burkina Faso. Todos eles encontram um pedaço de casa em Matonge, que é também o nome de um bairro da capital do Congo, Kinshasa.
Foto: DW/E. Shoo
Vestidos para ocasiões especiais
Pode-se comprar de todas as cores e modelos: tecidos de algodão para casamentos ou festas religiosas. Mesmo as europeias compram aqui e apreciam as opções coloridas. Em muitas lojas, a proprietária corta o modelo desejado na hora. Porém, os tecidos não são provenientes do Gana ou do Congo, mas da Holanda. "Eles têm uma melhor qualidade", diz uma vendedora.
Foto: DW/E. Shoo
Cabelos do Brasil, da Índia e da China
Perucas, tranças, cosméticos. Em Matonge, estão os especialistas em cabelos crespos. É lá que as mulheres de ascendência africana vão buscar seu novo visual - do mais simples ao mais complexo. As extensões de cabelo e perucas variam consideravelmente em qualidade e preço. Mechas de cabelo artificial podem custar a partir de 10 euros. Uma peruca feita de cabelo brasileiro pode valer até 300 euros.
Foto: DW/E. Shoo
Bate-papo em Matonge
Também os homens vêm a Matonge. Emmanuel sempre recebe aqui o seu novo corte de cabelo. Ele vem de Kinshasa, e em Matonge ele se sente um pouco como em casa. "Sempre encontro conhecidos aqui," diz. Por um novo visual, os pagam menos que as mulheres - o corte de cabelo custa a Emmanuel apenas oito euros.
Foto: DW/E. Shoo
Ligação com África
As lojas em Matonge se adaptaram às necessidades dos seus clientes africanos. Especialmente populares são as lojas de telefonia que oferecem chamadas de baixo custo para a terra natal. Além disso, se instalaram aqui prestadores de serviços financeiros que ganham bastante com os muitos africanos que transferem parte de seu salário para a família em África.
Foto: DW/E. Shoo
Pequenos presentes de África
Quem procura um presente colorido de África na cinzenta Bruxelas, vai encontrá-lo aqui. A variedade na loja Afrikamäli (ou "Tesouros de África", na tradução literal) vai de brincos e colares a castiçais e cestos. Os produtos provêm de países como o Quénia, a África do Sul, Moçambique, Burkina Faso e Mali. Em Matonge, muitos comerciantes mantém uma ampla rede de fornecedores no continente africano.
Foto: DW/E. Shoo
Um ponto de encontro
A Associação Cultural Kuumba integra africanos e europeus. Há comida africana, bem como concertos, noites de cinema ou passeios guiados pelo bairro Matonge. Além do suaíli, fala-se especialmente o francês. Mas em Kuumba pratica-se também o holandês: o café cultural é apoiado em grande medida pela comunidade flamenga.
Foto: DW/E. Shoo
Construíndo pontes entre África e Europa
O café cultural Kuumba foi ideia de Jeroen Marckelbach. "Tudo começou, quando circulei de bicicleta de Matonge em Bruxelas a Matonge em Kinshasa em 2008", diz ele. "Eu queria fazer algo para melhorar a relação entre os africanos e os belgas. Eles se conhecem muito pouco. Por meio de cursos de línguas, arte e literatura, as culturas devem aprender uma com a outra."
Foto: DW/E. Shoo
Multicultural e multilingue
Em Matonge, encontram-se diferentes culturas e línguas. Muitos falam francês, alguns também inglês ou holandês. Alain Mpetsi, que nasceu no Congo, se beneficia da diversidade linguística. Ele fala cinco línguas e trabalha como intérprete. Além disso, ele também dá aulas de suaíli e lingala, duas das línguas mais importantes da República Democrática do Congo.
Foto: DW/E. Shoo
Tesouros culinários
A comunidade africana não vem a Matonge apenas para fazer compras. É igualmente importante encontrar-se para tomar uma cerveja e ouvir música africana, ou para comer. Vários restaurantes oferecem bebidas e pratos tradicionais de África. O restaurante Soleil d'Afrique (ou "Sol de África", na tradução literal) é um dos mais famosos em Matonge. Tanto moradores quanto turistas vêm aqui.
Foto: DW/E. Shoo
Banana cozida e mandioca
No cardápio, estão pratos como Mafe (carne com molho de amendoim), Yassa (carne marinada temperada), peixe e bolinhos recheados com legumes ou carne moída. Os pratos geralmente vêm da África Oriental e Ocidental. Como acompanhamento há, por exemplo, arroz ou banana frita. Em Matonge substituem as tradicionais batatas fritas da Bélgica.
Foto: DW/E. Shoo
Música congolesa ao vivo
Em Matonge, a música é omnipresente. Cantores, alguns deles estrelas na República Democrática do Congo, se apresentam em muitos restaurantes e bares africanos nos finais de semana. Também nas lojas e salões de cabeleireiros, ouve-se música por todo dia. Assim, Matonge traz um pedaço colorido da alegria de viver africana ao cotidiano de Bruxelas, no coração da Europa.