Brexit: UE não vai renegociar acordo de saída do Reino Unido
rl | AP | Reuters | Lusa
30 de janeiro de 2019
O Parlamento britânico votou favoravelmente a renegociação do mecanismo de salvaguarda para a fronteira irlandesa. Mas Bruxelas já avisou que o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia não é negociável.
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O Parlamento britânico aprovou esta terça-feira (29.01) uma emenda ao acordo de saída da União Europeia (UE), que insta o Governo a negociar com Bruxelas uma solução alternativa ao polémico mecanismo de salvaguarda para evitar uma fronteira entre as duas Irlandas.
Os deputados foram convidados a votar sete propostas de alteração ao acordo negociado entre o seu governo e o bloco europeu. Das sete, apenas duas mereceram a aprovação da Casa dos Comuns, deixando claro que o parlamento britânico não aceitará uma saída do Reino Unido da União Europeia (UE) sem acordo, mas também não dará aval à solução encontrada, até à data, para o chamado "backstop" - criado para evitar uma fronteira entre a Irlanda do Norte, que faz parte do Reino Unido, e a Irlanda, membro do bloco europeu.
Theresa May volta a Bruxelas
Theresa May terá assim de regressar a Bruxelas em busca de uma solução alternativa para esta questão. O relógio está a contar. A 14 de fevereiro, a primeira-ministra terá de voltar à Casa dos Comuns. Com ou sem novidades é a grande questão.
Brexit: UE não vai renegociar acordo de saída do Reino Unido
"Há pouco apetite por tal mudança na UE e negociá-la não será fácil", admitiu May. "Mas, ao contrário de há duas semanas, esta Câmara deixou claro o que é necessário para aprovar um acordo de saída."
Entre as cinco emendas rejeitadas pelo Parlamento britânico está um "não" que surpreendeu, na opinião de muitos. É que a maioria da Casa dos Comuns rejeitou a proposta que sugeria o alargamento do prazo da saída do Reino Unido do bloco. Ou seja, 29 de março, a data oficial para a efetivação do Brexit, mantém-se, independentemente das muitas questões que estão ainda por esclarecer.
Bruxelas rejeita renegociação
Certezas tem a União Europeia que, em resposta à votação desta terça-feira (29.01), voltou a dizer que o acordo negociado em novembro é o "único possível e não está aberto a renegociação". Uma posição também reforçada pelo Presidente francês, Emmanuel Macron. "O acordo de saída negociado entre a UE e o Reino Unido é o melhor possível e não é renegociável. Após a votação na Câmara dos Comuns, espero que o governo britânico possa apresentar passos que evitem qualquer saída sem acordo, que ninguém quer, mas que é [também um cenário] para o qual todos temos de nos preparar", lembrou o chefe de Estado.
A votação desta terça-feira pode ter dado mais um passo rumo à saída do Reino Unido da União Europeia sem acordo. "A maioria dos deputados tem noção que a primeira-ministra não conseguirá renegociar a questão da fronteira, por isso quando ela voltar, a 14 de fevereiro, será difícil que o Parlamento possa chegar a acordo sobre uma questão que até agora não reuniu consenso, afirma o analista Anand Menon, que considera que a renegociação do acordo não é só uma tarefa difícil, como disse a primeira-ministra britânica, é uma missão quase impossível.
"Parece-me bastante claro que a União Europeia não reabrirá a negociação pois, caso tivesse intenção de mudar de ideias nos próximos dias, não estaria a repetir esta sua posição", sublinha o especialista em política europeia.
Caso a União Europeia leve a sua avante, Theresa May não terá um novo acordo para apresentar no parlamento a 14 de fevereiro. E na hipótese do Brexit prosseguir, os parlamentares terão de escolher: aprovam o acordo já negociado, aceitam uma saída sem acordo ou consentem um alargamento do prazo para a saída. Em qualquer dos cenários, terão de voltar atrás na posição defendida até à data.
Bienvenu à Matonge: um pedaço de África em Bruxelas
Bruxelas é a capital da União Europeia - e lar de cerca de 100 mil africanos. No colorido bairro de Matonge, eles vivem um pouco como na terra natal, a República Democrática do Congo (RDC).
Foto: DW/E. Shoo
Kinshasa na Bélgica
Cerca de 100 mil pessoas com raízes africanas vivem em Bruxelas, o que é quase 10% da população da capital da Bélgica. A maioria veio das ex-colónias belgas - República Democrática do Congo e Ruanda. Outros, de países do Oeste Africano - como Senegal, os Camarões e Burkina Faso. Todos eles encontram um pedaço de casa em Matonge, que é também o nome de um bairro da capital do Congo, Kinshasa.
Foto: DW/E. Shoo
Vestidos para ocasiões especiais
Pode-se comprar de todas as cores e modelos: tecidos de algodão para casamentos ou festas religiosas. Mesmo as europeias compram aqui e apreciam as opções coloridas. Em muitas lojas, a proprietária corta o modelo desejado na hora. Porém, os tecidos não são provenientes do Gana ou do Congo, mas da Holanda. "Eles têm uma melhor qualidade", diz uma vendedora.
Foto: DW/E. Shoo
Cabelos do Brasil, da Índia e da China
Perucas, tranças, cosméticos. Em Matonge, estão os especialistas em cabelos crespos. É lá que as mulheres de ascendência africana vão buscar seu novo visual - do mais simples ao mais complexo. As extensões de cabelo e perucas variam consideravelmente em qualidade e preço. Mechas de cabelo artificial podem custar a partir de 10 euros. Uma peruca feita de cabelo brasileiro pode valer até 300 euros.
Foto: DW/E. Shoo
Bate-papo em Matonge
Também os homens vêm a Matonge. Emmanuel sempre recebe aqui o seu novo corte de cabelo. Ele vem de Kinshasa, e em Matonge ele se sente um pouco como em casa. "Sempre encontro conhecidos aqui," diz. Por um novo visual, os pagam menos que as mulheres - o corte de cabelo custa a Emmanuel apenas oito euros.
Foto: DW/E. Shoo
Ligação com África
As lojas em Matonge se adaptaram às necessidades dos seus clientes africanos. Especialmente populares são as lojas de telefonia que oferecem chamadas de baixo custo para a terra natal. Além disso, se instalaram aqui prestadores de serviços financeiros que ganham bastante com os muitos africanos que transferem parte de seu salário para a família em África.
Foto: DW/E. Shoo
Pequenos presentes de África
Quem procura um presente colorido de África na cinzenta Bruxelas, vai encontrá-lo aqui. A variedade na loja Afrikamäli (ou "Tesouros de África", na tradução literal) vai de brincos e colares a castiçais e cestos. Os produtos provêm de países como o Quénia, a África do Sul, Moçambique, Burkina Faso e Mali. Em Matonge, muitos comerciantes mantém uma ampla rede de fornecedores no continente africano.
Foto: DW/E. Shoo
Um ponto de encontro
A Associação Cultural Kuumba integra africanos e europeus. Há comida africana, bem como concertos, noites de cinema ou passeios guiados pelo bairro Matonge. Além do suaíli, fala-se especialmente o francês. Mas em Kuumba pratica-se também o holandês: o café cultural é apoiado em grande medida pela comunidade flamenga.
Foto: DW/E. Shoo
Construíndo pontes entre África e Europa
O café cultural Kuumba foi ideia de Jeroen Marckelbach. "Tudo começou, quando circulei de bicicleta de Matonge em Bruxelas a Matonge em Kinshasa em 2008", diz ele. "Eu queria fazer algo para melhorar a relação entre os africanos e os belgas. Eles se conhecem muito pouco. Por meio de cursos de línguas, arte e literatura, as culturas devem aprender uma com a outra."
Foto: DW/E. Shoo
Multicultural e multilingue
Em Matonge, encontram-se diferentes culturas e línguas. Muitos falam francês, alguns também inglês ou holandês. Alain Mpetsi, que nasceu no Congo, se beneficia da diversidade linguística. Ele fala cinco línguas e trabalha como intérprete. Além disso, ele também dá aulas de suaíli e lingala, duas das línguas mais importantes da República Democrática do Congo.
Foto: DW/E. Shoo
Tesouros culinários
A comunidade africana não vem a Matonge apenas para fazer compras. É igualmente importante encontrar-se para tomar uma cerveja e ouvir música africana, ou para comer. Vários restaurantes oferecem bebidas e pratos tradicionais de África. O restaurante Soleil d'Afrique (ou "Sol de África", na tradução literal) é um dos mais famosos em Matonge. Tanto moradores quanto turistas vêm aqui.
Foto: DW/E. Shoo
Banana cozida e mandioca
No cardápio, estão pratos como Mafe (carne com molho de amendoim), Yassa (carne marinada temperada), peixe e bolinhos recheados com legumes ou carne moída. Os pratos geralmente vêm da África Oriental e Ocidental. Como acompanhamento há, por exemplo, arroz ou banana frita. Em Matonge substituem as tradicionais batatas fritas da Bélgica.
Foto: DW/E. Shoo
Música congolesa ao vivo
Em Matonge, a música é omnipresente. Cantores, alguns deles estrelas na República Democrática do Congo, se apresentam em muitos restaurantes e bares africanos nos finais de semana. Também nas lojas e salões de cabeleireiros, ouve-se música por todo dia. Assim, Matonge traz um pedaço colorido da alegria de viver africana ao cotidiano de Bruxelas, no coração da Europa.