Brigadas móveis de saúde são alternativa em Cabo Delgado
DW (Deutsche Welle)
27 de agosto de 2024
Em Cabo Delgado, norte de Moçambique, a insegurança está a impedir o acesso a serviços de saúde em vários distritos. Unidades sanitárias estão destruídas em Macomia e Quissanga, impedindo o funcionamento na totalidade.
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As autoridades de saúde em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, dizem que todas as unidades sanitárias dos distritos de Macomia e Quissanga, região centro da província, continuam fechadas devido ao terrorismo.
Algumas unidades estão destruídas e noutras, o clima de segurança não permitiu a reabertura, segundo o diretor provincial da Saúde em Cabo Delgado, Magido Sabune:
"Estamos a falar das unidades sanitárias de Quirimba, e Mahate, em Quissanga, que também se encontram destruídas. Em Macomia estamos a falar praticamente de todos os centros de saúde."
O administrador de Quissanga, Sidónio José, fala de um total de quatro unidades sanitárias cujo funcionamento está interrompido por causa da movimentação quase constante dos terroristas na região.
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03:54
Brigadas móveis são a alternativa
As brigadas móveis de saúde são a alternativa encontrada pelas autoridades para oferecer cuidados sanitários aos residentes dessas zonas. São constituídas por técnicos de saúde que se dirigem as comunidades para oferecer cuidados, contendo fármacos e material médico-cirúrgico.
"Para potenciar as brigadas móveis, tivemos contactámos a Organização Mundial da saúde (OMS) que já nos deu medicamentos e alguns insumos da área da saúde. Pensamos que, com esse apoio, poderemos potenciar, nos próximos tempos, as nossas brigadas móveis de assistência em toda a extensão do distrito.", explica o administrador de Quissanga, Sidónio José.
Há outros centros de saúde fechados no distrito de Chiúre, em consequência da destruição pelos terroristas.
De acordo com o diretor provincial da Saúde em Cabo Delgado, aguarda-se neste momento a autorização do comando das Forças de Defesa e Segurança para reabrir as unidades sanitárias que não foram destruídas, mas estão com as portas fechadas devido à insegurança.
"Aguardamos a garantia da estabilidade pelas Forças de Defesa e Segurança para os colegas retomarem a prestação dos cuidados", disse Magido Sabune.
O rasto do terrorismo em Macomia teima em não desaparecer
O rasto do terrorismo em Macomia teima em não desaparecer
Foto: DW
Quarta invasão
No dia 10 de maio de 2024, um grupo de terroristas invadiu Macomia, naquela que foi a quarta vez consecutiva que aquela vila de Cabo Delgado se viu entregue aos terroristas. Permaneceram na sede distrital por cerca de dois dias. Após confrontos com as tropas moçambicanas e aliados, o grupo armado abandonou a vila. Mas a destruição permanece.
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Rasto de destruição
Ao abandonarem o local, os terroristas deixaram edifícios públicos como registo civil, a direção de infraestruturas e a secretaria distrital completamente vandalizados. Alguns desses locais continuam de porta fechadas. O comércio vai reabrindo a conta-gotas e a medo.
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Agências humanitárias não escaparam
Também os escritórios e infraestruturas que albergam organizações humanitárias como a Médicos Sem Fronteiras, Cruz Vermelha, entre outras, foram arrasados pelos terroristas. Desses locais, foram subtraídos medicamentos, viaturas e outros bens.
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Reconstrução é urgente
Autoridades governamentais de Cabo Delgado visitaram Macomia no início de junho para avaliar os danos causados pela presença terrorista. Apesar de admitirem que é uma "prioridade repor aquelas infraestruturas para gradualmente os funcionários prestarem os serviços necessários à população", os serviços continuam a funcionar a meio-gás.
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Paz e medo entre os habitantes
A vila tenta regressar à normalidade, mas o clima ainda é de medo. Os residentes reativaram as atividades de autossuficiência, mas não escondem o receio de um novo ataque, preocupação que paira a todo o instante.
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Chitunda, em Muidumbe, sem serviços públicos
Os cerca de 11 mil habitantes que tinham saído do posto administrativo de Chitunda, em Muidumbe, devido à insegurança, voltaram a casa. Mas nenhuma escola ou hospital está neste momento a funcionar, deixando milhares de crianças fora das salas de aula e os residentes sem acesso a cuidados de saúde.
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Governo promete reabrir escolas e hospitais
Para aceder a cuidados de saúde, a população da aldeia de Miangaleua, no posto administrativo de Chitunda, em Muidumbe, recorre ao distrito de Macomia. Mas o governo local garante que em breve os centros de saúde e as escolas na região voltarão a funcionar.
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Chuvas intensas agravaram a fome
A população de Miangaleua, em Muidumbe, que regressa paulatinamente a casa está a dedicar-se à produção agrícola. Porém, as chuvas intensas que caíram entre finais de 2023 e princípios deste ano arrastaram vários hectares de campos agrícolas junto ao rio Messalo. A produção de arroz e de outras culturas perdeu-se, aumentando a fome na região.
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Autoridades exortam população a produzir comida
O governo local ofereceu sementes de milho e feijões, enxadas, catanas e outros materiais de produção para que os camponeses voltem a semear.
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Corrente elétrica em falta
Os habitantes expressam também o desejo de ver restabelecida a corrente elétrica em Macomia, uma vez que as instalações elétricas também foram afetadas pelos ataques terroristas dos últimos anos. Pequenos painéis solares garantem serviços mínimos, mas não permitem a conservação do peixe que é retirado do rio, por exemplo.
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Mais segurança
Os residentes da aldeia de Miangaleua, em Muidumbe, pedem o reforço da presença das Forças de Defesa e Segurança, para que nunca mais tenham de fugir das próprias terras devido ao terrorismo. Mas a ajuda tarda em chegar.