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Guiné-Bissau: Militares fizeram "declaração de guerra"

13 de novembro de 2024

Oposição guineense uniu-se para protestar contra o regime do Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló. Mas militares avisaram que não vão permitir protestos no país. À DW, LGDH denuncia guerra contra o povo.

Soldados guineenses
Forças Armadas da Guiné-Bissau avisou que não vai tolerar qualquer perturbação no país. Foto: Andre Kosters/EPA

O Estado Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau elevou para o nível de segurança máxima para prontidão combativa completa perante o apelo a manifestações vindo das duas maiores coligações partidárias. Esta terça-feira (12.11), dirigentes das coligações eleitorais Aliança Patriótica Inclusiva (API) e Plataforma Aliança Inclusiva (PAI-Terra Ranka) anunciaram para os dias 14, 15 e 16 deste mês, manifestações contra a falta de democracia e abuso do poder.

Entretanto, em conferência de imprensa esta terça-feira a propósito das celebrações dos 60 anos das Forças Armadas da Guiné-Bissau, o general Biaguê Nan Tan avisou que não vai tolerar qualquer perturbação no país. "Estamos prontos para defender o que é nosso. (…) Vamos responder a qualquer um que tente perturbar o país no dia 16”, afirmou o general.

As declarações de Biaguê Nan Tan mereceram reação imediata de Bubacar Turé, presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, entrevistado pela DW África. Para este ativista guineense, "essas declarações foram encomendadas precisamente para intimidar os cidadãos no sentido de desistirem do exercício de um direito fundamental.”

DW África: Qual é a interpretação que faz destas ameaças de Biaguê Nan Tan?

Bubacar Turé: “declarações” do general Biaguê Nan Tan “foram encomendadas”Foto: Alison Cabral/DW

Bubacar Turé (BT): Eu penso que as declarações do general Biaguê Nan Tan, constitui uma declaração de guerra contra o povo guineense, na medida em que as anunciadas manifestações que os partidos políticos e demais atores sociais pretendem realizar, no fundo, traduzem o exercício de um direito constitucional que assiste a todos os cidadãos. Além disso, não compete às Forças Armadas a criação de condições de segurança, seja qual for a natureza [das manifestações]. Isso é uma missão exclusiva das Forças de Segurança, a não ser em situações extremas em que as Forças de Segurança não conseguem conter os distúrbios, etc.

DW África: Mas esta reação não tem a ver com o facto de o Estado Maior estar a preparar a comemoração do Dia das Forças Armadas, já no próximo sábado?

BT: Não. Não tem nada a ver. Nós pensamos que essas declarações foram encomendadas precisamente para intimidar, para tentar amedrontar os cidadãos no sentido de desistirem do exercício de um direito fundamental. Pensamos que essas declarações, para além desse aspeto, também refletem a cumplicidade do general Biaguê Nan Tan com as atrocidades que têm sido cometidas por este regime no poder.

Portanto, Biaguê Nan Tan prestou um mau serviço ao povo guineense e hoje revelou que, afinal, ele não é militar republicano, tal como anunciava sistematicamente, porque o militar republicano deve obediência à lei e à Constituição da República; o militar republicano deve estar ao lado do seu povo na defesa dos seus interesses e na defesa dos valores e princípios de Estado e Direito.

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