Buhari promete recandidatar-se à Presidência da Nigéria
Ineke Mules | Lusa | Reuters | rl
10 de abril de 2018
O Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, confirma a intenção de se recandidatar nas eleições gerais de 2019. Mas oposição diz que Buhari não está à altura das funções e pede mudanças.
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O anúncio foi feito esta segunda-feira (09.04) através da conta da Presidência nigeriana na rede social Twitter e confirmada à DW África pelo porta-voz de Muhammadu Buhari.
O primeiro mandato de Buhari tem sido marcado por algumas ausências devido ao seu estado de saúde frágil, e, no país, pairava a dúvida sobre uma possível recandidatura. Mas, segundo o porta-voz Garba Shehu, "houve um enorme clamor em todo o país, de homens partidários, apartidários e cidadãos para que ele se recandidatasse".
A recandidatura de Buhari foi discutida numa reunião à porta fechada do Congresso de Todos os Progressistas (APC), em Abuja.
Desígnio de Buhari
Muhammadu Buhari foi eleito Presidente da Nigéria em 2015, tendo sido o primeiro líder da oposição a chegar ao poder neste país por via de eleições.
O combate à corrupção e ao grupo radical Boko Haram foram as suas duas principais bandeiras na campanha.
Passados três anos, o porta-voz sublinha que o chefe de Estado é visto, hoje em dia, pelos seus homólogos como um "campeão na luta contra a corrupção no continente africano". Além disso, houve uma evolução no setor da segurança, embora ainda haa muito trabalho a ser feito, admite Garba Shehu.
Mas nem todos os nigerianos partilham deste entusiasmo. Buhari ganhou, por exemplo, no país a alcunha de "Baba go slow", que significa "Baba vai devagar", pela sua lentidão em encontrar soluções para os problemas que têm assolado o país.
Presidente nigeriano Muhammadu Buhari outra vez candidato?
Críticas ao Presidente
A oposição não tem poupado nas críticas ao atual Presidente, afirmando que os cinco meses que este passou na Grã-Bretanha no ano passado em licença médica demonstram que não está à altura do cargo que lhe foi confiado.
Dentro do seu próprio partido, o APC, há quem não concorde com um segundo mandato de Buhari. Alguns analistas frisam que, nos últimos, apesar de alguns avanços alcançados quer no combate aos extremistas do Boko Haram, quer no campo da corrupção, com centenas de casos a serem julgados nos tribunais, o país mantém-se em recessão económica.
Nos últimos três anos, o rendimento médio dos nigerianos baixou para metade. E a rigidez da política monetária imposta pelo novo Governo tem estado a desencorajar o investimento no país, de acordo com a oposição.
Esta segunda-feira, e em resposta ao anúncio da Presidência, o Partido Democrático Popular (PDP), afirmou em comunicado que não irá desperdiçar o seu tempo com o assunto até que Buhari "se torne o candidato oficial do APC" à corrida eleitoral.
Os partidos políticos têm até ao próximo mês de outubro para escolher os seus candidatos para as eleições gerais de 2019.
Akinbode Akinbiyi revela quotidiano de Lagos
Ele é um dos três vencedores de Medalha Goethe deste ano. O fotógrafo nigeriano Akinbode Akinbiyi retrata sua cidade natal, Lagos, em suas fotografias.
Foto: DW/U. Sommer
Lagos: Cidade mais populosa do continente
Mais de 18 milhões de pessoas vivem na megacidade Lagos. Quase nenhuma outra metrópole está a crescer tão rapidamente. Diariamente, mais pessoas vêm de todo o país para a capital económica da Nigéria, na esperança de encontrar trabalho e um futuro melhor. Colorida e impulsiva, suja e pobre, ambiciosa e apocalíptica - um microcosmo do continente africano.
Foto: Akinbode Akinbiyi
Cronista da mudança
Esta foto foi tirada por volta da virada do milénio - desde então, a cidade mudou dramaticamente. Os edifícios antigos da era colonial deram lugar a modernos arranha-céus de vidro e aço. Para criar mais espaço para corporações e a classe mais alta da Nigéria, a lagoa está sendo preenchida. Akin Akinbiyi capta essas alterações como um fotógrafo, sem julgar.
Foto: Akinbode Akinbiyi
Uma foto "urgente"
O que é uma fotografia "urgente"? Qual o seu enquadramento? Com frequência, Akinbode Akinbiyi opta por fragmentos da realidade. O que o espetador não vê: a placa indica um estabelecimento para tirar fotos de passaporte em Lagos. Removendo exatamente a loja, o fotógrafo confronta a si próprio - e a nós – com questões essenciais do processo fotográfico.
Foto: Akinbode Akinbiyi
"19 milhas até Lagos"
Desde que Akinbode Akinbiyi fez esta foto, no início dos anos 2000, a metrópole devorou os arredores. Lagos é uma das cidades mais caras de África. Para o fotógrafo, a designação de distância é também um símbolo da antiga potência colonial britânica, que ditou as unidades do país - e ignorou conceções africanas de espaço e tempo.
Foto: Akinbode Akinbiyi
Música, literatura, exílio
A lenda da música Abdullah Ibrahim deixou a África do Sul durante o Apartheid. Akinbiyi fotografou-o na livraria cultural Glendora, em Lagos. Na década de 1990, a empresa familiar trouxe à vida o "Glendora Review", um fórum para a livre troca de ideias durante a ditadura militar de Sani Abacha. Muitos intelectuais deixaram a Nigéria e, por meio da revista, mantinham contato com seu país.
Foto: Akinbode Akinbiyi
A ordem interna do caos
Fela Kuti, uma das maiores estrelas do pop africano, cantou-o em Go-Slow (ou "Siga Devagar", em português). O engarrafamento típico de Lagos era para ele uma metáfora para o colapso político e social de seu país. E, no entanto, no meio do aparentemente indissolúvel caos, sempre se vai diante. Akinbode Akinbiyi não é um afro-pessimista. Ele descobriu no caos uma ordem interior das coisas.
Foto: Akinbode Akinbiyi
Memória volátil
Akinbode Akinbiyi estudou literatura e descobriu a fotografia muito mais tarde. Fotografar, diz ele, significa "escrever com a luz". Suas fotos são cheias de poesia enigmática, como esta imagem da marina de Lagos. Ela lembra-o a sua infância - um paraíso perdido.
Foto: Akinbode Akinbiyi
Caminhar e questionar
Se questionar repetidamente, este é o lema de Akinbode Akinbiyi. Quase sempre ele está a pé. Akinbiyi nunca quer invadir a vida das pessoas ou violar sua privacidade. Quando fotografa com sua antiquada câmera analógica, ainda com filme, ele se move tão discretamente pelas ruas que, muitas vezes, passa despercebido.