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Estado de DireitoBurkina Faso

Burkina Faso: Líder da junta militar deposta abandona o país

Lusa
3 de outubro de 2022

O líder da junta militar do Burkina Faso, afastado num novo golpe de Estado, Paul Henri Damiba, abandonou o país com destino ao Togo, enquanto a nova junta pediu calma aos cidadãos. CEDEAO envia mediadores a Ouagadougou.

Paul Henri Damiba deixou o Burkina Faso em direção ao Togo, mas não se sabe se este será o seu destino finalFoto: Luc Gnago/REUTERS

A partida de Damiba foi confirmada este domingo (02.10) por dois diplomatas que falaram com a agência de notícias Associated Press (AP) sob condição de anonimato devido à sensibilidade do assunto. Segundo a agência norte-americana, desconhece-se se o Togo é o destino final de Damiba.

Damiba já no domingo apresentara a sua demissão, ao fim de dois dias a recusar renunciar.

A saída de Damiba fora exigida na capital, Ouagadougou, por centenas de manifestantes que se pronunciaram a favor da chegada do poder do capitão Ibrahim Traoré, que se autoproclamou novo líder da Junta Militar.

Após a mediação entre os dois rivais, conseguida por líderes religiosos e comunitários, "o próprio Presidente Paul-Henri Sandaogo Damiba propôs a sua renúncia, para evitar confrontos com graves consequências humanas e materiais", pode ler-se num comunicado de imprensa assinada por várias figuras relevantes do Burkina-Faso.

O novo líder da junta miltar do Burkina Faso anunciou o golpe de Estado na televisãoFoto: RADIO TELEVISION BURKINA FASO/REUTERS

Segundo golpe de Estado este ano

O golpe de Estado de sexta-feira é o segundo este ano e eleva os temores de que o caos político distraia as atenções de uma insurgência radical islâmica que já matou milhares e forçou dois milhões de pessoas a fugir.

Além de prometer não prejudicar ou julgar Damiba, Traore e a nova junta comprometeram-se a respeitar os compromissos já feitos pela junta anterior à comunidade dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

Damiba, que chegou ao poder através de um golpe militar em janeiro, tinha acordado com a organização regional realizar eleições até 2024.

CEDEAO envia mediadores a Ouagadougou

Num comunicado divulgado no domingo à noite, a CEDEAO disse que enviaria uma equipa de mediadores para Ouagadougou na segunda-feira, incluindo o ex-Presidente Mahamadou Issoufou.

Militares reforçaram a segurança nas ruas do país para evitar confrontosFoto: Assane Ouedraogo/EPA-EFE

O comunicado, assinado pelo Presidente da Guiné-Bissau e presidente em exercício da CEDEAO, Umaro Sissoco Embalo, dizia que Damiba tinha resignado "para evitar um confronto violento e o possível derramamento de sangue".

No domingo, a nova junta pediu o fim da agitação que tomou conta da capital após o golpe de sexta-feira.

Numa declaração emitida pela televisão estatal, o representante da junta, Kiswendsida Farouk Azaria Sorgho, apelou ao povo para "desistir de qualquer ato de violência e vandalismo", especialmente aqueles contra a Embaixada da França ou a base militar francesa.

Sentimento anti-França

O sentimento anti-França aumentou fortemente após a nova junta alegar que Damiba estava abrigado numa base militar francesa após ser afastado do poder. A França negou veementemente as alegações, mas os populares rapidamente se concentraram junto à embaixada francesa em Ouagadougou.

Manifestantes atacaram a embaixada francesa em Ouagadougou no sábado (01.10)Foto: Assane Ouedraogo/EPA-EFE

Na sexta-feira (30.09), um grupo de militares, liderados pelo capitão do Exército do Burkina Faso Ibrahim Traoré, levou a cabo um golpe de Estado e derrubou o líder da junta militar que governava o país, o tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba.

Numa mensagem dirigida à nação, transmitida pela televisão estatal RTB, os protagonistas do último golpe de Estado no país acusaram Damiba de se desviar do ideal do Movimento Patriótico para a Salvaguarda e a Restauração (MPSR), nome da junta que assumiu o poder na sequência de um outro golpe de Estado, a 24 de janeiro.

O balanço provisório oficial apontava para 11 mortos, 28 feridos, entre militares, voluntários que apoiam as Forças Armadas e civis e cerca de 50 civis desaparecidos.

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