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Burundi: "Sim" deve vencer em referendo polémico

Reuters | AP | Lusa | AFP | nn
18 de maio de 2018

Burundeses foram chamados a votar num referendo sobre emenda constitucional para manter Presidente no cargo até, pelo menos, 2034. Analistas reconhecem que "sim" vencerá e alertam para tempos difíceis.

Presidente Pierre Nkurunziza à espera para votar no referendo. Governo ameaçou com penas de prisão quem apelasse à abstençãoFoto: Getty Images/AFP

Os cidadãos do Burundi foram chamados às urnas, esta quinta-feira (17.05), para um referendo constitucional. Em caso de vitória do "sim", o Presidente Pierre Nkurunziza pode manter-se no poder até 2034.

O referendo visa terminar com a limitação dos atuais dois mandatos presidenciais e estender a legislatura de cinco para sete anos. Pierre Nkurunziza, de 54 anos, ocupa o cargo de chefe de Estado desde 2005.  

A votação não contou com a presença de qualquer observador internacional e é contestada pela oposição.

O antigo presidente da Assembleia Nacional do Burundi, o opositor Leonce Ngendakumana, é um dos defensores do "não". Diz que é uma questão de respeito pelo Acordo de Paz de Arusha e pela Constituição a que deu origem.

Burundi: "Sim" deve vencer em referendo polémico

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"Quando assinámos esse acordo, foi para respeitar o limite de dois mandatos, porque percebemos que, em toda a África, quando um Presidente ultrapassa os dois mandatos fica inebriado pelo poder e cerca-se de pessoas que obstruem a boa gestão do país, a boa distribuição da riqueza nacional", explica.

Cerca de cinco milhões de eleitores estavam inscritos para a votação.

Nkurunziza feliz

Depois de depositar o voto, Pierre Nkurunziza mostrou-se satisfeito com a afluência.

"A população tem contribuído para a elaboração das emendas à Constituição. No dia de hoje, ficámos muito felizes com o facto de as pessoas terem acordado cedo para votar no 'sim' ou no 'não' a esta emenda", afirmou.

A votação decorreu com aparente normalidade, apesar das longas filas.

Nos dias que antecederam o referendo, o Governo anunciou que condenaria a penas de prisão quem apelasse à abstenção. As emissões das rádios internacionais BBC e Voz da América foram suspensas por seis meses. A campanha foi marcada por atos de violência que fizeram 27 mortos.

Pierre Nkurunziza em campanha pelo "sim"Foto: E. Ngendakumana

Futuro difícil

Analistas locais e internacionais consideram que o "sim" obterá uma vitória "fácil" neste referendo. O boletim de voto não inclui qualquer pergunta, menciona apenas: "Referendo constitucional da República do Burundi de maio de 2018: Sim ou Não"

O analista político Gilbert Khadiagala disse à agência de notícias Reuters, a partir da África do Sul, que o Burundi está numa situação de semi-guerra civil - este referendo vem reforçar um futuro que já era difícil.

 "Há muitas pessoas que contestam esta maneira draconiana de mudar a Constituição. Neste referendo vai vencer o 'sim' com uma grande maioria, porque as forças da oposição não vão participar", referiu.

Desde que Nkurunziza anunciou a intenção de se recandidatar a um terceiro mandato, em abril de 2015, a repressão provocou 1.719 mortos.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados indica que mais de 430.000 cidadãos do Burundi procuraram refúgio em países vizinhos. Os analistas acreditam que esses números podem aumentar nos próximos meses.

 

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