Cólera: Moçambique vacinou mais de 2,2 milhões de pessoas
Lusa
15 de janeiro de 2024
As autoridades sanitárias moçambicanas vacinaram contra a cólera, em cinco dias, mais de 2,2 milhões de pessoas nos distritos mais afetados pelo atual surto da doença.
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Em declarações à Lusa, o chefe do Programa Alargado de Vacinação do Ministério da Saúde, Leonildo Nhampossa, avançou que foram vacinadas contra a cólera, em quatro províncias, entre 08 e 12 de janeiro, um total de 2.268.548 pessoas, com mais de 1 ano de idade.
Isto "corresponde a uma cobertura de 100%. Os objetivos foram completamente alcançados", disse ainda.
O grupo-alvo desta operação de vacinação era de 2.271.136 pessoas, correspondente à população que vive nas áreas mais vulneráveis e de foco para o atual surto, referiu anteriormente o Ministério da Saúde.
De acordo com informação da Direção Nacional de Saúde Pública, esta campanha destinou-se à população com idade igual ou superior a um ano e foi realizada nos distritos de Chiúre e Montepuez (província de Cabo Delgado), Gilé, Gurué e Mocuba (Zambézia), Mágoe, Moatize e Zumbo (Tete) e Maringue (Sofala).
Esta campanha de vacinação mobilizou 1.136 equipas, com 7.337 elementos, incluindo vacinadores, mobilizadores, registadores, supervisores, coordenadores, pessoal para digitar dados, logísticos e motoristas, entre outros, tendo custado cerca de 1,3 milhões de dólares (1,19 milhões de euros), entre fundos do Estado e dos parceiros de cooperação de Moçambique.
As autoridades sanitárias moçambicanas registaram numa semana quase 270 novos casos de cólera em todo o país, segundo dados oficiais do Ministério da Saúde consultados hoje pela Lusa.
De acordo com o mais recente boletim sobre a progressão da doença, elaborado pela Direção Nacional de Saúde Pública e com dados até 12 de janeiro, estava contabilizado no país um acumulado de 9.264 casos de cólera desde 01 de outubro último, com 25 mortos.
No espaço de uma semana não se registaram óbitos por cólera, mas foram confirmados mais quase 500 novos casos da doença em todo o país, segundo o boletim.
A taxa de letalidade provocada por este surto mantém-se em 0,3%, segundo o boletim, que identifica perto de 30 distritos com casos de cólera ativos.
Esta campanha envolveu a vacinação em postos fixos nas unidades sanitárias e brigadas móveis nos locais de maior concentração populacional previamente estabelecidos, como mercados, campo de futebol, locais de comícios, sede dos postos administrativos, localidades e outros.
Os locais mais propensos à ocorrência de cólera
A cólera é uma doença bacteriana grave, contraída através do consumo de água e alimentos contaminados. A falta de saneamento básico e as fortes chuvas têm causado surtos desta doença em Moçambique.
Foto: Romeu Silva/DW
Chuvas propiciaram a cólera
As chuvas intensas que caíram em fevereiro e março causaram enchentes. As autoridades já previam a eclosão da cólera em alguns bairros, sobretudo periféricos. Foram estas chuvas que provocaram a estagnação de águas que propiciaram a eclosão da cólera, não só na cidade de Maputo, mas também em outras cidades de Moçambique.
Foto: Romeu Silva/DW
Lama e lixo perto de casa
O lixo e a lama propiciam a eclosão da doença. Estes ambientes com resíduos acumulados geralmente estão próximos das residências.
Foto: Romeu Silva/DW
Condições de saneamento nos mercados
Nos mercados, o perigo da eclosão da cólera é visível. Na Praça dos Combatentes, popularmente conhecida por Xiqueleni, não há infraestrutura de saneamento. Esta é um dos maiores mercados informais de Maputo e, também, um dos locais mais perigosos para a eclosão da doença já que se acumula água suja nos mesmos locais onde se vendem alimentos para consumo.
Foto: Romeu Silva/DW
Alimentos vendidos em locais impróprios
Os alimentos são, muitas vezes, expostos no chão ou em locais que as pessoas podem facilmente pisar. Tal torna necessário uma boa higiente na preparação dos ingredientes, o que também é dificultado pela falta de saneamento.
Foto: Romeu Silva/DW
Águas negras em prédios
Em alguns prédios mais antigos de Maputo é comum sentir-se o cheiro nauseabundo das águas que brotam dos esgostos improvisados. Estes são locais muito propícios à propagação da doença.
Foto: Romeu Silva/DW
Sanitários públicos
Em alguns sanitários públicos é notória a falta de higiene, sobretudo em escolas e hospitais muito frequentados por cidadãos. Neste sanitário de uma escola, denotam-se esforços para manter o local limpo.
Foto: Romeu Silva/DW
Falta de água
Nos locais públicos, algumas pessoas também têm dificultado as ações das autoridades quando roubam torneiras, dificultando assim a higiene individual. Apesar do esforço em manter o local limpo, nota-se nesta imagem que as torneiras foram retiradas.
Foto: Romeu Silva/DW
Lixeira de Hulene
Há residentes nas imediações da maior lixeira do município de Maputo. Várias vezes ao dia são despejados resíduos no local. Nos arredores, veem-se residências de pessoas que convivem diariamente com esta situação.
Foto: Romeu Silva/DW
Comunidades na recolha de lixo
As comunidades nos distritos municipais de Maputo desdobram-se em ações de limpeza para evitar a propagação da cólera. Todas as manhãs é visível o transporte de resíduos sólidos para os contentores de lixo.
Foto: Romeu Silva/DW
Água canalizada
Nem todos cidadãos têm acesso a água potável na cidade de Maputo. Contudo, fontanários têm sido bastante importantes no abastecimento do população com todas as medidas de higiene respeitadas.
Foto: Romeu Silva/DW
Saneamento do meio
Valas de drenagem como esta são raras nos guetos de Maputo. Em tempos de chuva, a vala escoa água para zonas baixas. Isso evita as enchentes que provocam cólera.