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Cólera no Malawi faz soar alarmes em Moçambique

Delfim Anacleto
10 de janeiro de 2023

Província de Tete, centro de Moçambique, reforçou controlo de viajantes vindos do Malawi para evitar disseminação da doença que assola o país vizinho. Cólera já fez oito mortes na província do Niassa, a norte.

Foto de arquivo (2021): Centro de tratamento da cólera em Metuge, Cabo DelgadoFoto: Adrian Kriesch/DW

Até esta terça-feira (10.01), não foi registado qualquer caso de cólera na província de Tete, garante à DW o chefe do Departamento provincial de Saúde Pública. No entanto, Danilson Gonçalves assegura que o seu setor está em alerta máximo face ao surto de cólera que fustiga o país vizinho, o Malawi.

"Temos feito uma espécie de controlo nas fronteiras. Começando pelas viaturas que entram no nosso país, assim como as próprias pessoas, temos feito a sua descontaminação. Ou seja, colocamos balde e sabão para a lavagem das mãos", explica.

O responsável revelou, entretanto, que a província de Tete regista, nos últimos dias, o aumento de casos de diarreias, que estariam relacionados com a época chuvosa. "Ainda não temos qualquer confirmação de cólera. Foi feita a coleta de amostras, para além de tratamento e seguimento destes pacientes, mas, felizmente, até então, nenhuma confirmação em relação ao vibrião colérico", adianta.

Em 2022, foram registados 61 mil casos de diarreias, mais 14% do que no ano anterior. Os casos são sobretudo, na capital provincial e nos distritos de Cahora Bassa e Moatize, diretamente na fronteira com o Malawi.

Foto de arquivo (2019): Balde com água e sabão no aeroporto de Pemba para prevenir a cóleraFoto: DW

Niassa luta para travar surto

Mais a norte, na província do Niassa, o novo surto de cólera já matou pelo menos oito pessoas e infetou outras 600. Ramos Bartolomeu Mboene, diretor provincial da Saúde no Niassa, diz que as autoridades lutam para travar a doença.

"Confirmou-se cólera no distrito de Lago e no distrito de Lichinga. Até ao fecho da semana passada, tivemos 220 [casos] em Lichinga e 379 no Lago. Somando, dá 599 casos de cólera confirmados, infelizmente com um cumulativo de oito mortes", afirma.

A província do Niassa não registava casos de cólera desde 2015. Com o surto no vizinho Malawi, um dos piores na história do país, a doença alastrou para a província moçambicana.

As autoridades sanitárias no Niassa já abriram quatro centros de tratamento de cólera nos dois distritos atingidos pelo surto, Lago e Lichinga. O setor provincial está igualmente em alerta máximo devido aos casos de diarreias noutras zonas.

"Nestes dois distritos ainda não temos a confirmação do surto apesar de termos pacientes com diarreia em seguimento. Colhemos amostras na semana passada, cinco amostras no distrito de Sanga e sete no distrito de Mecanhelas. Todas elas foram enviadas ao Instituto Nacional de Saúde (INS) e aguardamos a qualquer momento a receção dos resultados para se declarar o surto nestes distritos, se tal for o caso", diz Ramos Bartolomeu Mboene.

Foto de arquivo (2015): Centros de tratamento da cólera na ZambéziaFoto: DW/M. Mueia

Chuva complica resposta

De acordo com o diretor provincial da Saúde no Niassa, foi criado um comité multissetorial composto pelas autoridades sanitárias, de água e saneamento do meio, incluindo os conselhos autárquicos, para prover uma resposta combinada com vista a estancar o surto de cólera na região.  

O período das chuvas, explica Ramos Bartolomeu Mboene, tem complicado a resposta contra a cólera: "Há grandes desafios aqui no que diz respeito à água acumulada, residências que, em algum momento, ficam alagadas, até destruídas. Todo esse processo tem implicado de forma negativa o controlo cabal da situação".

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