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Caça ao ouro: Centenas detidos em operação policial no Bengo

António Ambrósio
15 de agosto de 2024

Após mais de 200 detenções, populares e analistas apelam para que as autoridades respeitem os direitos humanos e adotem uma melhor abordagem na gestão da exploração ilegal de ouro na comuna rural de Zala.

Mineração de ouro
Foto: Thierry Bresilion/AA/picture alliance

Mais de duzentos cidadãos foram detidos, na última semana, pela Polícia Nacional de Angola no município de Nambuangongo, província do Bengo, sob a acusação de exploração ilegal de ouro. 

A operação, conhecida como "Fio de Ouro”, trouxe à luz a existência de ouro na comuna rural de Zalae causou grande repercussão na região. No entanto, as ações das autoridades policiais têm sido alvo de críticas por parte da população local, que acusa as forças de segurança de excessos.

Um popular relata: "Os chefes que vieram fecharam o caminho da lavra, estão a mudar a roupa das pessoas, seja menina ou rapaz, para ver se têm dinheiro ou ouro". Outro acrescenta: "Nós viemos para vender, surpreenderam-nos. Mudam uma mãe dessa idade, nem a idade das pessoas respeitam."

Estas alegações de violação dos direitos humanos foram negadas pelo Segundo Comandante Provincial da Polícia Nacional no Bengo, José Amaro Franco, que afirmou que "são indivíduos que estão a propagar essa informação para desacreditar o esforço e o trabalho árduo das forças de defesa e segurança ao nível desse território".

Detenções em massa

O professor e analista Simão Fernandes reconhece os perigos inerentes à exploração ilegal de ouro e apela para uma melhor coordenação entre a população e as autoridades. "Hoje estamos a falar de pessoas que foram revistadas. Não sabemos se a situação se vai agravar e depois começam a surgir mortes. A polícia está lá, tem armas, e quando alguém desobedece as ordens podem começar a surgir mortes. É bom evitar isso," avalia.

O jurista e analista Elizário de Oliveira também expressou preocupação com a situação, apelando para a legalização da exploração de minerais na região:

"Como é uma zona de grande pobreza, em vez de prender as pessoas, deveria formalizar-se e agrupá-las em cooperativas para legalizar essa atividade."

A comuna de Zala, situada a mais de 160 quilómetros da capital da província do Bengo, enfrenta graves carências em termos de infraestruturas e serviços básicos. O administrador municipal de Nambuangongo, José Muginga, lançou um apelo aos investidores para que obtenham as licenças necessárias e explorem a área legalmente, contribuindo para o desenvolvimento da região.

"A comuna de Zala é uma das que enfrenta muitas dificuldades e, com a chegada de investidores, acreditamos que poderá haver progresso", afirmou Muginga.

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