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Cabinda: Trabalhadores queixam-se de salários miseráveis

Simão Lelo
10 de julho de 2023

Em Cabinda, os trabalhadores das empresas do ramo petrolífero, construção civil e serviços gerais contestam os salários miseráveis e o desequilíbrio nos pagamentos entre expatriados e nacionais.

Foto: Simão Lelo/DW

O impacto da penúria salarial em Angola é um problema muito debatido ultimamente. 32 mil kwanzas (equivalente a 30 euros) é o salário mínimo do trabalhador angolano, numa altura em que a atual conjuntura económica é caracterizada por níveis elevados de inflação e de perda do poder de compra.

Além da situação vivida em todo o país, na província de Cabinda as diferenças salariais entre angolanos e estrangeiros tem provocado ainda mais a revolta entre os trabalhadores, que se queixam das ações de muitas empresas, mormente geridas por estrangeiros.

Marien Puati é ajudante numa empresa de construção civil. Afirma que faz um trabalho de risco, mas o que ganha não compensa.

"Estamos a correr muito risco, tanto que um dos nossos teve acidente de trabalho, mas felizmente, não aconteceu nada de grave. O salário dos estrangeiros não é igual ao dos nacionais, por conta disso, alguns de nós estão até a desistir", relata.

Melhores condições

Recentemente, mais de 400 trabalhadores de uma empresa subcontratada para prestação de serviços nas obras do Terminal de Caio paralisaram os trabalhos durante um dia, para exigir melhores condições de trabalho.

Trabalhadores da construção civil estão entre os que se queixam dos baixos salários em CabindaFoto: Simão Lelo/DW

Evaristo Pucuta, outro trabalhador, aponta como reivindicações a questão de alimentação e um ajuste nos salários. Segundo ele, o subsídio de 800 kwanzas que recebe (o equivalente a menos de um euro) "só serve para comprar um pão e um refrigerante e mais nada".

A falta de equidade salarial leva a que muitos angolanos desistam do emprego, já que dizem não ver o esforço a ser compensado.

Falta de respeito com o trabalhador

Aliada a esta situação está o trabalho doméstico, um trabalho exercido maioritariamente por mulheres, muitas delas viúvas, com situação financeira precária.

Bana Nzola (nome fictício) diz que, infelizmente, o trabalhador doméstico ainda é banalizado e não respeitado: "Já trabalhei há nove anos, mas as condições de trabalho são sempre individuais, variam de empregador. Às vezes a pessoa sai de casa sem dinheiro para pegar táxi e é obrigada a usar do seu próprio dinheiro e, posto no local de trabalho, nem sempre tem o pequeno-almoço."

A questão do desequilíbrio salarial dos trabalhadores e a resolução dos ajustes dos subsídios dos deputados também em criado várias contradições. Os cidadãos na província de Cabinda opõem-se à atualização dos subsídios dos deputados à Assembleia Nacional.

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Críticas aos deputados

O ativista Geraldo Buala é um dos que critica a postura dos deputados, sobretudo os da oposição, por não se reverem no sofrimento do povo.

"Com essa crise que os país atravessa da subida galopante dos preços da cesta básica, quero ver qual será o discurso da oposição na Assembleia Nacional. De Fome? Estamos cansados de discursos de fome. Quem não sabe que não temos fome, não há saneamento básico, que não temos energia, água?", questiona o cidadão.

Sobre o assunto, a DW tentou o contacto com os deputados em Cabinda, mas sem sucesso.

Entretanto, o grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) anunciou que os 90 eleitos pelo principal partido da oposição, doaram 50% do seu subsídio de instalação para apoio a iniciativas sociais da sociedade civil, o que corresponde a pouco mais de 11 milhões kwanzas – cerca de 12 mil euros.

A reação surge na sequência de várias críticas feitas por parte da sociedade civil e a população em geral contra estes subsídios, especialmente quando milhões de angolanos vivem um dos piores períodos das suas vidas por causa da severa crise económica.

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