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Cabo Delgado: ACNUR lamenta falta de fundos e difícil acesso

Lusa
13 de fevereiro de 2023

O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) lamenta a falta de fundos e as dificuldades de acesso a alguns locais de Cabo Delgado para ajudar a população vítima da insurgência armada na região.

Mosambik Vertriebene Bevölkerung In Cabo Delgado
Foto: DW

"Eu gostaria muito de ir a várias áreas, mas, infelizmente, o acesso ainda é de certa forma limitado", referiu esta segunda-feira (13.02), José Fischel de Andrade, chefe do escritório do  Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), em Pemba, acrescentando que Macomia ou Mocímboa da Praia, duas das principais vilas da província, são áreas onde gostaria de estar "de forma constante".

"Felizmente, em Palma, que se encontrava nessa situação, o acesso agora está mais fácil. Até recentemente nós não podíamos pernoitar em Palma, mas agora já podemos" o que permite "incrementar os nossos projetos”.

Palma é a vila mais próxima dos estaleiros de construção das fábricas de processamento de gás natural, cujas obras foram suspensas há dois anos pela TotalEnergies, depois de um ataque armado.

José Fischel de Andrade falava hoje aos jornalistas no intervalo de um encontro com o secretário de Estado da província de Cabo Delgado.

Aquele responsável alertou ainda para o subfinanciamento das operações do ACNUR.

"Os fundos são limitados, particularmente se considerarmos todas as emergências humanitárias que há no mundo" como a Síria e, agora, a Ucrânia, referiu.

ACNUR lamenta "acesso limitado" a vilas como Macomia ou Mocímboa da PraiaFoto: Roberto Paquete/DW

Acesso a fundos "é fundamental"

Segundo explicou, são crises que "chamam a atenção de vários países" que mobilizam fundos "que poderiam vir, por exemplo, para alguns países africanos, como Moçambique, e que vão para outros” como a Ucrânia, porque "é a crise mais recente”.

Acesso a fundos "é fundamental" e esse "é um primeiro grande desafio", sublinhou.

O ACNUR junta-se ao Programa Alimentar Mundial (PAM) que em janeiro também se queixou da exiguidade de fundos para justificar a suspensão de ajuda alimentar humanitária a deslocados no norte de Moçambique.

De acordo com José Fischel de Andrade, mais de 250.000 pessoas afetadas pelo conflito, na província de Cabo Delgado, beneficiaram de programas do ACNUR, de emissão de documentos de identificação, formação de jovens e mulheres.

A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. O conflito já fez um milhão de deslocados de acordo com o ACNUR e cerca de 4.000 mortes segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

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