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FRELIMO apela a mobilização geral contra o terrorismo

Lusa
14 de maio de 2021

FRELIMO diz que os moçambicanos têm a "responsabilidade primária da defesa da soberania". Partidos da oposição criticam a resposta do Governo à insurgência, acusando-o de "masoquismo".

Foto: Roberto Paquete/DW

"Os ataques terroristas em Cabo Delgado desafiam todos os moçambicanos, independentemente da tribo, etnia, raça e religião, a empenhar-se contra esta barbárie", afirmou o chefe da bancada da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), Sérgio Pantie, no encerramento da sessão parlamentar, esta sexta-feira (14.05).

Os moçambicanos, prosseguiu Pantie, têm "a responsabilidade primária da defesa da soberania", sendo que os parceiros internacionais irão complementar a luta contra os grupos armados que protagonizam ataques na região norte do país.

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"O problema do terrorismo em Cabo Delgado é um problema de Moçambique, mas é também da região da África Austral e cada país deve assumir as suas responsabilidades", enfatizou Sérgio Pantie.

O chefe da bancada da FRELIMO defendeu o apetrechamento e modernização das Forças de Defesa e Segurança (FDS) para estarem à altura dos desafios de segurança, manifestando confiança na vitória final contra o "terrorismo".

"Unidos, vamos vencer o terrorismo, a nossa soberania é inalienável", destacou.

Sérgio Pantie também exortou a sociedade moçambicana a reforçar a solidariedade para com as vítimas da violência armada na província de Cabo Delgado.

Após três meses de reuniões plenárias, a terceira sessão da legislatura (e primeira do ano civil) terminou hoje.

As reuniões plenárias ordinárias regressam em outubro, caso não seja convocada qualquer sessão extraordinária, nos termos da lei e do regimento do órgão.

"Que soberania é essa que deixa o povo morrer?"

A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), principal partido da oposição, e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força na Assembleia da República, criticaram o executivo na condução da luta contra os grupos insurgentes na província de Cabo Delgado, durante os discursos de encerramento da sessão parlamentar.

"Os masoquistas deixam o povo morrer e depois pedem apoio internacional. Quem sofre com a guerra em Cabo Delgado é o povo e os membros do Governo não mandam os filhos para combater", disse o líder da bancada da RENAMO, Viana Magalhães.

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Magalhães acusou o executivo de ter usado o argumento da defesa da soberania para recusar o apoio internacional para o combate aos grupos armados que atuam no norte de Moçambique.

"Que soberania é essa que deixa o povo morrer?", questionou.

O chefe da bancada da RENAMO classificou a reação inicial do executivo aos ataques em Cabo Delgado - que começaram em 2017 - como uma "inação" centrada no argumento de clivagens entre setores do islão nos distritos afetados pela violência, ignorando a vulnerabilidade dos jovens ao aliciamento pelo extremismo, devido "à pobreza extrema".

Quanto custa a guerra?

Por seu turno, o MDM acusou o executivo de "falta de transparência" nos custos com a guerra em Cabo Delgado, imputando à Assembleia da República responsabilidades na conduta do executivo.

"Questionar os custos e gastos financeiros na contratação de empresas de segurança para fazer face à situação militar que se vive na província de Cabo Delgado não é nenhuma abordagem de estratégia militar. Nós entendemos que a abordagem da situação militar de Cabo Delgado deve ser holística, envolvendo todos os saberes", afirmou o líder da bancada do MDM, Lutero Simango.

Simango rebatia o argumento já apresentado pelo Governo, quando questionado pelos custos, de que a "estratégia militar" em Cabo Delgado não pode ser discutida em público.

"É por demais estranho que enquanto parlamentares, no nosso país, estejamos sujeitos a autocensura na abordagem de problemas que afetam militarmente a província de Cabo Delgado e quanto a inquietações legítimas do envolvimento de empresas privadas de segurança com caráter militar e bélico", declarou Lutero Simango.

O combate ao "terrorismo", prosseguiu, está a ser conduzido com opacidade e pode criar condições para a corrupção, como aconteceu com o "escândalo das 'dívidas ocultas'".

"Esperamos que amanhã não sejamos surpreendidos com outras operações financeiras sem conhecimento da Assembleia da República, pois entendemos que a presença destas empresas [de segurança privada] não é grátis, tem custos e dividendos", afirmou Lutero Simango.

O líder da bancada do terceiro partido moçambicano referia-se ao envolvimento assumido pela empresa de segurança privada sul-africana Dick Advisory Group (DAG) na guerra contra os grupos armados em Cabo Delgado.

A firma anunciou no início de abril ter deixado o território moçambicano, porque o executivo não renovou o contrato que com ela mantinha.

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