Cabo Delgado: Governador apela a regresso da população
Lusa
8 de junho de 2022
Em declarações, esta quarta-feira (08.06), governador da província de Cabo Delgado, Valige Tauabo, apelou à população do distrito atacado no domingo, e que está a viver ao relento, para que regresse às suas casas.
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O governador da província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, apelou, esta quarta-feira (08.06), à população do distrito de Ancuabe para regressar às suas casas, garantindo que as forças governamentais têm a situação controlada, depois do ataque armado de domingo (05.08).
"Não fiquem neste sítio público, onde as crianças e mesmo os adultos podem ficar doentes, devido ao frio, vamos para as nossas casas", disse Valige Tauabo, falando com famílias que desde domingo vivem ao relento na vila de Metoro, que está a 27 quilómetros de Ancuabe, depois de uma "incursão dos terroristas".
Valige Tauabo afirmou que as Forças de Defesa e Segurança controlam as aldeias do distrito alvo de uma investida por um grupo armado no domingo.
Na vila de Metoro, o governante e sua comitiva não encontraram famílias de Nanduli, a aldeia que foi diretamente visada pelos atacantes, mas assegurou que o local está sob controlo das forças governamentais.
"Cabo Delgado tornou-se uma negação do Estado de Direito"
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Valige Tauabo disse que está em curso um trabalho para a localização dos habitantes de Nanduli visando a organização do seu regresso à aldeia ou realojamento numa outra zona.
Tauabo disse compreender o ambiente de medo da população do distrito de Ancuabe, devido ao terror provocado pela ação dos grupos armados de Cabo Delgado, apesar de nem todas as zonas da província estarem sob ataque.
Para encorajar a população de Ancuabe a regressar, o governador e comitiva levaram nas suas viaturas protocolares mulheres e crianças para as suas casas no distrito alvo do recente ataque, em que pelo menos um pessoa morreu.
Nanduli fica cerca de 40 quilómetros a nordeste da vila sede de Ancuabe, já no limite com o distrito de Quissanga.
Outros distritos da zona centro e sul da província, como Macomia e Meluco, têm sofrido mais ataques à população desde o início do ano.
O regresso da vida pós destruição em Cabo Delgado
Apesar da tendência de retorno das populações às zonas de origem, várias aldeias ainda continuam desertas e o cenário de destruição é visível nessas comunidades.
Foto: DW
Sensação de paz em Macomia
O distrito de Macomia já registou o regresso de grande parte da sua população que se havia evadido para outras zonas com a escalada da violência protagonizada pelos insurgentes, localmente conhecidos por "al-shababes". Na vila, atividades comerciais ganham terreno. Mas a população pede ainda a permanência do exército para lhes proteger. O desejo dos residentes é que a paz tenha vindo para ficar.
Foto: DW
Serviços públicos em Mocímboa da Praia
Após a recuperação do território, em agosto de 2021, as autoridades estão empenhadas no restabelecimento dos serviços públicos de modo a impulsionar o retorno da população que se refugiou em comunidades de Cabo Delgado. O Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos comprometeu-se em alocar escritórios moveis ao governo de Mocímboa da Praia para fazer face à escassez de infraestruturas.
Foto: DW
Local do massacre de Xitaxi
A 7 de abril de 2021, na aldeia de Xitaxi, no distrito de Muidumbe, os terroristas terão morto a sangue frio um grupo de 53 jovens num campo de futebol (ao fundo da imagem). Aparentemente, a causa da chacina foi a recusa desses jovens, que haviam sido raptados localmente e em aldeias já atacadas, em juntar-se ao movimento rebelde que devasta Cabo Delgado desde o ano de 2017.
Foto: DW
Forças Armadas na estrada
A estrada N380 liga o distrito de Ancuabe a Mocímboa da Praia. A via permaneceu intransitável com a escalada da violência terrorista em aldeias atravessadas pela rodovia. Com as ações terroristas enfraquecidas, a N380 voltou a ser transitável, embora de forma tímida. Veículos militares patrulham constantemente, para garantir que nenhuma situação de alteração da ordem venha a verificar-se.
Foto: DW
Destroços visíveis
Sucatas de veículos destruídos denunciam a quem por aqui passa, cenários de violência vividos na estrada principal que liga sul, centro e norte da província.
Foto: DW
Bens abandonados
Terroristas bloquearam durante um ano o acesso aos distritos no norte, com destaque para Mueda e Mocímboa da Praia, com o assalto ao posto de controlo policial no cruzamento de Awasse. Após o seu desalojamento pela força conjunta Moçambique-Ruanda, os terroristas abandonaram alguns dos seus bens, em caves que serviam de esconderijos.
Foto: DW
Ruínas
Casas abandonadas e em ruínas e zonas residenciais tomadas pelo capim são o retrato que se repete em diversas aldeias ao longo das estradas N380 e R698. Denunciam também a crueldade dos terroristas.