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Cabo Delgado: Governador visita zona atacada a sul de Pemba

Lusa
16 de junho de 2022

O governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, solidarizou-se hoje com a população de Mecúfi, distrito a sul de Pemba, onde a aldeia de Mancuaia foi alvo de um ataque armado na terça-feira (14.06), segundo anunciou.

Valige Tauabo
Valige TauaboFoto: DW

O governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, visitou o distrito de Mecúfi e realizou comícios populares ao lado de residentes que fugiram da incursão, que até hoje estava por confirmar.

O ataque aconteceu na sequência de uma nova vaga de violência armada em Cabo Delgado, desta vez no sul da província, em redor da capital provincial, Pemba.

Seis rebeldes armados apeados, com cara tapada e lenços vermelhos ao pescoço, mataram uma pessoa na margem de um ribeiro depois de saquearem Mancuaia na terça-feira, segundo relatos dos residentes que fugiram.

Na aldeia, roubaram produtos alimentares, destruíram bancas de venda e habitações.

Amarraram ainda uma criança, por receio que contasse alguma coisa do que poderia ver, descreveram dois dos moradores que hoje assistiram a um dos comícios do governador.

Os agressores não falaram com ninguém e mostraram por algum tempo uma bandeira negra com estrelas e inscrições árabes que os residentes não souberam identificar.

A população fugiu para outras zonas do distrito, onde Valige Tauabo hoje realizou comícios populares, a algumas dezenas de quilómetros de Mancuaia. Na aldeia atacada restam 10 pessoas, sobretudo líderes locais, e nenhuma mulher, disseram os residentes em fuga.

Discursando em língua macua, o governador declarou-se solidário com as vítimas dos ataques e pediu vigilância à população, dizendo que os rebeldes podem ser filhos de qualquer família ali residente.

Pediu ainda colaboração com os militares que estão no terreno, dizendo que os autores dos ataques passam pelas aldeias porque estão em debandada.

À população que foge em busca de locais seguros, Tauabo diz que ninguém os vai impedir, mas alertou para outros riscos que podem enfrentar, como a fome, que afeta a maioria dos deslocados.

Ideias reforçadas no final, em português, aos jornalistas, reiterando que a vigilância é essencial "de modo que os intrusos não penetrem" nas comunidades.

Testemunhos relatados à Lusa na última semana indicam, pelo menos, oito mortes desde dia 5 de junho, no distrito de Ancuabe, incluindo de líderes comunitários, algumas por decapitação, numa altura em que os residentes se queixam de ainda haver vários desaparecidos.

Num dos ataques foram abatidos seguranças de uma mina de grafite, utilizada a nível global nas novas baterias de automóveis elétricos, enquanto outra empresa mineira do mesmo material suspendeu as operações logísticas pela principal estrada da província.

População em fuga no norte de Moçambique

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