Ataques a Cabo Delgado fazem mortos e feridos em Muidumbe
Lusa
1 de janeiro de 2023
Pelo menos duas pessoas morreram e outras quatro ficaram feridas no distrito de Muidumbe, num novo ataque dos rebeldes na província de Cabo Delgado.
Publicidade
O ataque dos grupos armados ocorreu por volta das 18h00 (UTC - Tempo Universal Coordenado) de sexta-feira (30.12) na aldeia de Namande, no distrito de Muidumbe.
"Eram terroristas e eu vi-os entrarem", afirmou uma fonte à agência de notícias Lusa um residente da localidade, que entretanto conseguiu fugir.
Além de matarem duas pessoas e ferirem outras na aldeia de Namande, os rebeldes atearam fogo a algumas casas de construção precária.
Disparos
"Estávamos sossegados quando começamos a ouvir os disparos nas imediações da aldeia e quando percebi que eram os terroristas levei minha família e fugimos", contou outro residente da aldeia, que procurou refúgio na sede do distrito.
População em fuga no norte de Moçambique
01:59
Na aldeia Namande, que fica a pelo menos 40 quilómetros da sede distrital de Muidumbe(Namacande), existem grupos de antigos combatentes de libertação nacional que se organizaram para lutar contra os rebeldes.
As forças governamentais também desencadearam várias operações para travar os rebeldes em Namande, mas os confrontos, que se prologaram pela noite, obrigaram algumas pessoas a abandonar a aldeia.
Insurgência armada
A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4 mil mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
O regresso da vida pós destruição em Cabo Delgado
Apesar da tendência de retorno das populações às zonas de origem, várias aldeias ainda continuam desertas e o cenário de destruição é visível nessas comunidades.
Foto: DW
Sensação de paz em Macomia
O distrito de Macomia já registou o regresso de grande parte da sua população que se havia evadido para outras zonas com a escalada da violência protagonizada pelos insurgentes, localmente conhecidos por "al-shababes". Na vila, atividades comerciais ganham terreno. Mas a população pede ainda a permanência do exército para lhes proteger. O desejo dos residentes é que a paz tenha vindo para ficar.
Foto: DW
Serviços públicos em Mocímboa da Praia
Após a recuperação do território, em agosto de 2021, as autoridades estão empenhadas no restabelecimento dos serviços públicos de modo a impulsionar o retorno da população que se refugiou em comunidades de Cabo Delgado. O Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos comprometeu-se em alocar escritórios moveis ao governo de Mocímboa da Praia para fazer face à escassez de infraestruturas.
Foto: DW
Local do massacre de Xitaxi
A 7 de abril de 2021, na aldeia de Xitaxi, no distrito de Muidumbe, os terroristas terão morto a sangue frio um grupo de 53 jovens num campo de futebol (ao fundo da imagem). Aparentemente, a causa da chacina foi a recusa desses jovens, que haviam sido raptados localmente e em aldeias já atacadas, em juntar-se ao movimento rebelde que devasta Cabo Delgado desde o ano de 2017.
Foto: DW
Forças Armadas na estrada
A estrada N380 liga o distrito de Ancuabe a Mocímboa da Praia. A via permaneceu intransitável com a escalada da violência terrorista em aldeias atravessadas pela rodovia. Com as ações terroristas enfraquecidas, a N380 voltou a ser transitável, embora de forma tímida. Veículos militares patrulham constantemente, para garantir que nenhuma situação de alteração da ordem venha a verificar-se.
Foto: DW
Destroços visíveis
Sucatas de veículos destruídos denunciam a quem por aqui passa, cenários de violência vividos na estrada principal que liga sul, centro e norte da província.
Foto: DW
Bens abandonados
Terroristas bloquearam durante um ano o acesso aos distritos no norte, com destaque para Mueda e Mocímboa da Praia, com o assalto ao posto de controlo policial no cruzamento de Awasse. Após o seu desalojamento pela força conjunta Moçambique-Ruanda, os terroristas abandonaram alguns dos seus bens, em caves que serviam de esconderijos.
Foto: DW
Ruínas
Casas abandonadas e em ruínas e zonas residenciais tomadas pelo capim são o retrato que se repete em diversas aldeias ao longo das estradas N380 e R698. Denunciam também a crueldade dos terroristas.