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Cabo Delgado já prepara a reconstrução

4 de outubro de 2021

A reposição de estradas e reabastecimento de água são as prioridades na reconstrução que agora começa no norte de Moçambique. Deslocados estão divididos quanto à possibilidade de regressar às zonas de origem.

Mosambik | Wiederaufbau, Straße zwischen Metuge und Quissanga

 Straße zwischen Metuge und Quissanga.

 Straße zwischen Metuge und Quissanga.
Trabalhos na via que liga Metuge à Quissanga.Foto: Delfim Anacleto/DW

De visita às zonas libertadas de Cabo Delgado, ministro moçambicano das Obras Públicas, João Machatine, diz que prioridade neste momento é a reposição de estradas e abastecimento de água.Trata-se de sistemas de fornecimento de água de Mocimboa da Praia, Nangade e Muidumbe paralisados no âmbito dos ataques insurgentes.

João Machatine, que visitou, na última semana, alguns dos distritos "libertados”, afirma ser urgente a reconstrução das vias de acesso e dos sistemas de fornecimento de água potável.  

Um dos distritos afetados é Mocimboa da Praia, onde o sistema de abastecimento de água não escapou da ação do grupo armado que atua na região. Na estação de captação, os terroristas extraíram as baterias do gerador que garantem o funcionamento do empreendimento.

O ministro relata o cenário lá: "Fomos ver também os dois centros distribuidores. Um deles [os terroristas] vandalizaram um pouco o gerador, mas temos um PT (Posto de transformação) que a EDM vai repor brevemente. Algumas salas eles usavam como locais de dormitório. Vimos algumas máquinas de alfaiataria e houve pequena vandalização que não prejudica o funcionamento do abastecimento de água”. 

Devido ao longo período de paralisação, alguns componentes da infraestrutura sofreram danos. Por exemplo, os filtros de areia usados na estação de tratamento de água deterioraram-se. João Machatine garante haver solução para o chamado "líquido precioso” volte a jorrar na vila de Mocimboa da Praia. 

Estação de abastecimento de água em Mocímboa da PraiaFoto: Delfim Anacleto/DW

"Enquanto vamos reparando os filtros de área, a solução intermédia é a colocação de duas estações de tratamento de água compacta, disponibilizadas pelo UNICEF. Vamos colocar para, rapidamente, podermos fornecer água, sobretudo, à saúde.  Foi-nos dito que o hospital vai abrir nos próximos dias e uma das coisas que tem que lá ter, para além de energia, é a água”, promete. 

Estradas

No capítulo de vias de acesso, está em curso o melhoramento da ligação rodoviária entre os distritos de Metuge e Quissanga. O trabalho que inclui a reabilitação de duas pontes, visa, segundo Joao Machatine, facilitar a movimentação de pessoas e bens e sobretudo, garantir o acesso a Quissanga para os trabalhos de reconstrução de infraestruturas destruídas pelo terrorismo.

"Sabemos que há-de haver pressão de assistência da reposição da vila sede de Quissanga, que vai necessitar das vias em condições", reconhece, para depois se comprometer: "Portanto, o nosso esforço é fazer tudo para que até antes do final do ano, se não tivermos motivos de força maior, possamos chegar a Quissanga dentro de 65 dias”.

Retomou também a reposição de uma das secções da estrada N380, na zona de Meangalewa, distrito de Macomia, destruída há dois anos pelas chuvas. A intervenção para a reposição do troço tinha encalhado devido a deterioração da situação de segurança aliada também ao desabamento da ponte do rio Montepuez, em Quissanga.

O ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos assegura que a reconstrução de rodovias e sistemas de abastecimento de água nas zonas libertadas não vai prejudicar o plano do Governo no que diz respeito às obras públicas.  

Depois de cerca de um ano, a corrente elétrica voltou novamente a iluminar os distritos da zona norte, mercê do trabalho desenvolvido pela empresa Eletricidade de Moçambique (EDM). Os distritos de Palma, Mocimboa da Praia, Nangade, Mueda e Muidumbe viram cortado o acesso à eletricidade quando os terroristas vandalizaram a subestação de Auasse em Agosto de 2020. Para o funcionamento de alguns serviços básicos, os distritos que ainda continuavam habitáveis recorriam a grupos geradores. Uma realidade que para já ficou para trás. 

Área interna da estação de abastecimento de água em Mocímboa da PraiaFoto: Delfim Anacleto/DW

Regresso já é uma possibilidade?

Alguns deslocados ouvidos pela DW estão divididos quanto à possibilidade de regressar às zonas de origem. Uns preferem continuar nos locais de reassentamento, outros, no entanto, estão ansiosos que voltar a casa.

Rachide diz: "Quero voltar [para casa] quando acabar a guerra, enquanto continuar não volto. Prefiro continuar no centro de reassentamento. Aqui tem escolas, hospitais, água potável e estou feliz”.

Já Bendita garante: "Eu daqui não saio agora. Tenho a minha machamba estou a produzir. Tenho de continuar para ver o que Deus vai me dar”.

Aliás, o presidente Filipe Nyusi desaconselhou, durante a celebração do Dia das Forças Armadas, o regresso dos deslocados às zonas de origem, por considerar que não estarem ainda criadas as condições para o efeito.

Novas esperanças para deslocados em Cabo Delgado

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