Prover acesso a serviços básicos como água, energia e telecomunicações são a prioridade do Governo de Moçambique. Auxílio para as comunidades agrícolas também são prioridade para o norte do país, afetado pelo terrorismo.
Publicidade
Após quatro anos de destruição de propriedades pelos terroristas em Cabo Delgado, um plano de reconstrução foi lançado nesta quarta-feira (06.10.) pelo primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário. Os principais objetivos são "assegurar que as infraestruturas destruídas, os serviços básicosessenciais como água, energia, telecomunicações e vias de acesso sejam repostos”. Do Rosário também sublinhou que espera que "a reabilitação se faça em tempo útil”.
Várias ações de reconstrução da província já foram iniciadas por diferentes entidades, entre as quais a Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte, Instituto Nacional de Gestão de Riscos e Desastres, e outros.
O primeiro-ministro afirmou que o plano de reconstrução é um instrumento essencial para que se possa trabalhar "de forma coordenada e buscar os meios necessários, juntos do Orçamento do Estado e dos parceiros”. Segundo o primeiro-ministro, o documento também é necessário para que haja melhor atribuição dos deveres de cada um "sem que haja sobreposição de esforços e perda de recursos”.
Quem paga?
A reposição deverá custar cerca de 260 milhões de euros, que deverão ser suportados por fundos públicos e dos parceiros de cooperação. A vice-ministra da Indústria e Comércio, Ludovina Bernardo, salientou que o plano inclui ações de médio prazo, tal como o restabelecimento da produção.
Entre as ações que Ludovina sublinhou como importantes para a volta das populações as suas áreas de cultivo estão o fornecimento de "insumos e kits, a reabilitação das infraestruturas agrarias, que são os regadios e as represas, além de garantir a irrigação dos campos agrícolas”.
A vice-ministra também ressaltou a importância da "reinstalação de agentes bancários e de serviços de comunicação para [as populações] recorrerem aos serviços de moeda eletrónica”.
Privados esperam mais do que promessas
Os ataques terrorista provocaram prejuízos enormes também para o setor privado. Pelo menos 4.965 micro, pequenas e médias empresas foram destruídas.
Empresários como Assifo Hosman esperam que o plano não passe de promessa. "A divulgação é um ato simbólico, mas é preciso passarmos à ação”. Ele diz ter esperança de que a implementação funcione e que seja reflexo do que foi o fórum, inclusivo com "vários setores da sociedade”.
Seguir com a reestruturação da região é possível após sua retomada com apoio militar estrangeiro.
Moçambique pede ajuda para reconstrução e resiliência
O Governo moçambicano precisa de 2,8 mil milhões de euros para reconstruir zonas afetadas pelos ciclones Idai e Kenneth. Conferência de doadores arranca a 31 maio na Beira. Setor social e infraestruturas são prioridades.
Foto: picture-alliance/AP Photo/T. Mukwazhi
2,8 mil milhões de euros para reconstruir o país
Para reconstruir as áreas afetadas pelos ciclones Idai e Kenneth, o Governo moçambicano precisa de 3,2 mil milhões de dólares (2,8 mil milhões de euros). É esse montante que o Executivo vai pedir aos doadores internacionais, na conferência que terá lugar entre 31 de maio e 1 de junho, na cidade da Beira, a mais atingida pelo Idai.
Foto: picture-alliance/AP Photo/T. Mukwazhi
Infraestruturas e setor social são prioridades
Segundo o Executivo, o dinheiro angariado servirá para responder às necessidades dos setores social, produtivo e infraestruturas. A maioria fatia será canalizada para a reconstrução no centro de Moçambique, devastada em março pelo ciclone Idai. A verba restante será usada para colmatar os prejuízos causados pelo ciclone Kenneth, em abril, na região norte.
Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Onyodi
Conferência de doadores na Beira
É esperada a presença de mais de 700 participantes no encontro da Beira. A autarquia vai apresentar aos doadores um orçamento de 890 milhões de dólares (795 milhões de euros) para financiar o Plano de Reconstrução e Resiliência. Quando apresentou o plano, o edil Daviz Simango alertou para a necessidade de melhorar as redes de comunicação, energia e estradas, severamente afetados durante o ciclone.
Foto: DW/A. Sebastião
Plano de Reconstrução e Resiliência
"O município, por si só, não tem capacidade para custear a reconstrução" da Beira, disse o autarca Daviz Simango durante a apresentação do Plano de Reconstrução e Resiliência. A maior fatia das verbas será destinada à habitação (246 milhões de euros), seguindo-se o setor económico e negócios (181 milhões de euros) e drenagem (173,6 milhões de euros).
Foto: DW/A. Kriesch
Proteção costeira também é prioridade
Para a reconstrução de infraestruturas de proteção costeira, o município da Beira vai precisar de 81 milhões de euros. Os planos passam pela construção de esporões e de um muro com mais de 10 quilómetros. Para o saneamento estão previstos 43,8 milhões de euros, para as infraestruturas rodoviárias outros 33 milhões de euros e para os edifícios públicos 10,7 milhões de euros.
Foto: DW/A. Kriesch
"Infraestruturas resilientes" para evitar inundações
Para Daviz Simango, o grande desafio na cidade da Beira é criar "infraestruturas resilientes" que estejam preparadas para ventos fortes ou inundações. "Temos de nos adaptar às várias mudanças climáticas", diz o edil. O banco alemão para o desenvolvimento KfW financia, desde 2016, um projeto para evitar inundações durante o período de chuvas fortes e marés altas.
Foto: DW/A. Kriesch
Ajuda para 1,85 milhões de pessoas
Segundo os números mais recentes da ONU, ainda há 1,85 milhões de pessoas a precisar de ajuda em Moçambique. Até 30 de abril, ainda só tinham sido angariados 22% dos 3,1 milhões de dólares que o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) necessita para financiar a sua operação em Moçambique. Faltam recursos para assegurar apoio básico e instalações para os deslocados internos.
Foto: DW/M. Mueia
Preocupações e riscos
O ACNUR está preocupado com a integridade física dos deslocados instalados em centros de acolhimento temporários. Além de problemas de sobrelotação, a agência da ONU para os refugiados também tem alertado para problemas na organização e distribuição de ajuda humanitária, que representam "riscos de discriminação e abusos", sobretudo em casos de crianças, mulheres, idosos e pessoas com deficiência.
Foto: DW/M. Mueia
Idai e Kenneth em números
O ciclone Idai que atingiu o centro de Moçambique em março provocou 603 mortos e afetou cerca de 1,5 milhões de pessoas, além de ter originado 146 mil deslocados internos. O ciclone Kenneth, que se abateu sobre o norte do país em abril, matou 45 pessoas e afetou 250.000 pessoas.