Cabo Delgado luta contra o analfabetismo
8 de setembro de 2014Em Cabo Delgado, ainda há muitos adultos que continuam a não saber ler nem escrever, sobretudo mulheres.
Para alterar esta situação, só este ano a província nortenha pretende ensinar a ler, escrever e fazer cálculos de matemática um total de 72.900 pessoas, entre os 15 e os 40 anos. Para os ensinar estão no terreno 1.600 professores alfabetizadores, distribuídos por 216 centros de alfabetização e educação de adultos.
Mas a luta contra o analfabetismo tem os seus desafios. "Falta material escolar e também há falta de carteiras", conta Margarida Valentim, professora alfabetizadora do Centro de Alfabetização da Associação dos Leprosos de Moçambique.
Há 11 anos que Margarida Valentim ensina a ler e escrever. Como outros voluntários alfabetizadores em Cabo Delgado, ela tem direito a um subsídio trimestral. "Mas o subsídio é magro", lamenta. Não chega para cobrir as necessidades básicas. Ainda assim, ela não perde o gosto ao trabalho. "Trabalho assim mesmo, gostando de trabalhar", diz. Até porque ainda há muito a fazer para reduzir a taxa de analfabetismo.
Mais rapazes a ir à escola
Em Moçambique, ainda há mais rapazes do que raparigas a ir à escola. 80 por cento dos jovens moçambicanos (homens) entre os 15 e os 24 anos sabe ler e escrever. O mesmo não se pode dizer em relação às raparigas – quase metade delas são analfabetas, segundo o Banco Mundial.
Mas a realidade está a mudar. Há cada vez mais raparigas e mulheres a ir à escola e a aprender a ler e escrever, nota Alberto Maguni, porta-voz da Direção Provincial de Educação e Cultura de Cabo Delgado.
Isso deve-se, segundo Maguni, a um despertar da consciência sobre o papel da mulher na vida socioeconómica do país e sobre a importância da educação na sociedade. "Está relacionado com o ‘empoderamento’ da mulher", refere.
O porta-voz sublinha que o Governo está a fazer tudo para combater o analfabetismo.
"Contamos com os programas Alfa Rádio, Regular e o Profasa, o programa de Família Sem Analfabetismo", Alberto Maguni.
Este ano, em Cabo Delgado, foi registado um défice de 13.100 alunos que não se inscreveram, sobretudo nas comunidades onde há poucas salas de aula.