Cabo Delgado: Membro de milícia morto e 30 casas incendiadas
Lusa
26 de agosto de 2022
Três homens armados mataram na tarde de quarta-feira (24.08) um membro de uma milícia e incendiaram 30 casas, no distrito de Muidumbe, na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, avançam fontes locais.
Casa incendiada no distrito de Muidumbe, em novembro de 2020Foto: Privat
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"Eram três homens, todos encapuzados, desconfiamos que sejam terroristas, porque quando entraram [na aldeia], começaram a disparar e atingiram um membro da força local, que morreu no local", disse sob anonimato, esta sexta-feira (26.08), uma fonte à agência de notícias Lusa.
A vítima foi morta quando fazia uma patrulha no âmbito do combate aos grupos armados que aterrorizam distritos da província de Cabo Delgado desde outubro de 2017.
O ataque aconteceu na comunidade de Nova Família, no sul do distrito de Muidumbe, afirmaram populares.
Além de matarem o membro da força local, como é conhecida a milícia que apoia as forças governamentais na guerra contra os rebeldes em Cabo Delgado, os insurgentes queimaram 30 casas predominantemente feitas à base de capim, relatou uma outra fonte.
População em fuga no norte de Moçambique
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Um miliciano afirmou à Lusa que a segurança foi reforçada na comunidade de Nova Família, após a incursão dos homens armados.
Insurgência em Cabo Delgado
A província moçambicana de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017, por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Há 748 deslocados internos, devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional da Migração (OIM), e 4000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos, ACLED.
Desde julho, uma ofensiva das tropas governamentais com apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade do Desenvolvimento da África Austral (SADC), permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques, noutros distritos usados como passagem ou refúgio temporário.
O regresso da vida pós destruição em Cabo Delgado
Apesar da tendência de retorno das populações às zonas de origem, várias aldeias ainda continuam desertas e o cenário de destruição é visível nessas comunidades.
Foto: DW
Sensação de paz em Macomia
O distrito de Macomia já registou o regresso de grande parte da sua população que se havia evadido para outras zonas com a escalada da violência protagonizada pelos insurgentes, localmente conhecidos por "al-shababes". Na vila, atividades comerciais ganham terreno. Mas a população pede ainda a permanência do exército para lhes proteger. O desejo dos residentes é que a paz tenha vindo para ficar.
Foto: DW
Serviços públicos em Mocímboa da Praia
Após a recuperação do território, em agosto de 2021, as autoridades estão empenhadas no restabelecimento dos serviços públicos de modo a impulsionar o retorno da população que se refugiou em comunidades de Cabo Delgado. O Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos comprometeu-se em alocar escritórios moveis ao governo de Mocímboa da Praia para fazer face à escassez de infraestruturas.
Foto: DW
Local do massacre de Xitaxi
A 7 de abril de 2021, na aldeia de Xitaxi, no distrito de Muidumbe, os terroristas terão morto a sangue frio um grupo de 53 jovens num campo de futebol (ao fundo da imagem). Aparentemente, a causa da chacina foi a recusa desses jovens, que haviam sido raptados localmente e em aldeias já atacadas, em juntar-se ao movimento rebelde que devasta Cabo Delgado desde o ano de 2017.
Foto: DW
Forças Armadas na estrada
A estrada N380 liga o distrito de Ancuabe a Mocímboa da Praia. A via permaneceu intransitável com a escalada da violência terrorista em aldeias atravessadas pela rodovia. Com as ações terroristas enfraquecidas, a N380 voltou a ser transitável, embora de forma tímida. Veículos militares patrulham constantemente, para garantir que nenhuma situação de alteração da ordem venha a verificar-se.
Foto: DW
Destroços visíveis
Sucatas de veículos destruídos denunciam a quem por aqui passa, cenários de violência vividos na estrada principal que liga sul, centro e norte da província.
Foto: DW
Bens abandonados
Terroristas bloquearam durante um ano o acesso aos distritos no norte, com destaque para Mueda e Mocímboa da Praia, com o assalto ao posto de controlo policial no cruzamento de Awasse. Após o seu desalojamento pela força conjunta Moçambique-Ruanda, os terroristas abandonaram alguns dos seus bens, em caves que serviam de esconderijos.
Foto: DW
Ruínas
Casas abandonadas e em ruínas e zonas residenciais tomadas pelo capim são o retrato que se repete em diversas aldeias ao longo das estradas N380 e R698. Denunciam também a crueldade dos terroristas.