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Cabo Delgado: Cidadãos resgatados regressam às comunidades

DW (Deutsche Welle)
22 de setembro de 2022

Militares libertaram mais de 60 cidadãos que estavam nas mãos dos terroristas, em Cabo Delgado, Moçambique. O Presidente, Filipe Nyusi, pediu às populações de Pemba e Mocímboa da Praia um acolhimento sem discriminação.

Präsident von Mosambik besucht Militärstützpunkt
Foto: Roberto Paquete/DW

Num encontro com os residentes da cidade de Pemba, o Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, apresentou 22 pessoas que estavam nas matas, nas mãos dos terroristas. Segundo o chefe de Estado, foram os trabalhos intensos das Forças de Defesa e Segurança (FDS) e aliados internacionais que permitiram o seu resgate. 

"Os terroristas recolhem os nossos irmãos, nossos pais, tios e as nossas irmãs para lá [no mato]. Uns vão conscientemente, outros não. Mas a nós não nos interessa: aquele que foi voluntariamente e sente-se arrependido, esse pode voltar. Aquele que foi levado compulsivamente, como crianças, mulheres para servirem de escudo, também devem voltar", frisou o Presidente.

Filipe Nyusi também apelou à população da capital provincial para receber estes cidadãos de braços abertos, sem qualquer tipo de discriminação. "Quando voltarem, estimados compatriotas, são os nossos irmãos", frisou. "Por favor, vamos receber com as duas mãos", pediu.

Filipe Nyusi: "Aquele que foi levado compulsivamente, como crianças, mulheres para servirem de escudo, também devem voltar"Foto: DW

"Não servíamos para nada"

Um dos integrantes do conjunto de pessoas apresentadas em Pemba contou que foi raptado durante um ataque a Mocímboa da Praia e encaminhado depois à base dos terroristas de Mbau. Nega qualquer envolvimento nos ataques.

"Os chefes ficavam num sítio e nós noutro local, porque nós éramos aqueles que não serviam para aquilo que eles faziam, não servíamos para nada", refere.

Apresentação idêntica aconteceu na vila sede de Mocímboa da Praia, onde Filipe Nyusi anunciou o resgate de outras 42 pessoas – homens, mulheres e crianças.

Ouvido pela DW África, o ativista social Abudo Gafuro teme uma possível discriminação dos cidadãos que voltam agora a casa, depois de terem sido libertados pelas Forças de Defesa e Segurança.

"Nem todos vão recebê-los de braços abertos", adverte. "Há alguns que vão ter algum receio de poder ter essa abertura com eles. Por isso, apelo à reconciliação no processo de reinserção social. Eles próprios podem vir com alguns traumas adquiridos nas zonas onde estiveram cativos ou nas bases", alertou o ativista.

Ataques armados continuam a provocar o deslocamento de milhares de pessoas no norte de MoçambiqueFoto: Alfredo Zuniga/AFP

Mais inter-ajuda

Segundo Abudo Gafuro, algumas das pessoas que agora regressam foram aliciados pelos terroristas. O ativista frisa que é preciso oferecer trabalhos a estas pessoas, para que não desenvolvam a ideia de que seria melhor estar com os terroristas do que com a sociedade.

"É preciso abertura de oportunidades para esses membros que voltaram à comunidade e não só. Mesmo aqueles que estão dentro das nossas comunidades e que estejam desocupados, merecem uma oportunidade de emprego, educação, oportunidade de formação de curta duração para poderem estar ocupados e não voltarem a aliar-se a esses movimentos", acrescentou.

População em fuga no norte de Moçambique

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