Cabo Delgado: Presença de homens armados provocou "susto"
Lusa
27 de janeiro de 2024
A população de Quissanga, na província moçambicana de Cabo Delgado, ficou assustada com a presença de homens armados no distrito. É o relato do governador Valige Tauabo, que diz não ter havido incidentes.
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O governador da província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, Valige Tauabo, disse este sábado (27.01) que a presença de homens armados no distrito de Quissanga, no domingo passado (21.01), provocou "susto na população", apesar de não ter havido incidentes.
"Os terroristas passaram por algumas aldeias e provocaram susto na população", afirmou Tauabo, falando num encontro com habitantes de uma das aldeias por onde no domingo passou um grupo de homens armados.
Avançou que a situação voltou à normalidade no distrito de Quissanga e os habitantes que tinham abandonado as aldeias já regressaram a casa.
Presença de homens armados
Na quarta-feira, o administrador distrital de Quissanga, na província de Cabo Delgado, Sidónio Lindo José, confirmou que há circulação de grupos de terroristas nas comunidades mais próximas da sede do distrito, mas espera o regresso à normalidade.
Sidónio José esteve com as lideranças das três aldeias onde se registou a presença de "terroristas", o que precipitou a fuga dos populares, sendo Mussomero a aldeia mais próxima da sede do distrito, a seis quilómetros de distância.
"Conversámos com as lideranças, aquela população que tinha saído para alguns esconderijos voltou, o comércio está a fluir e temos estado a interagir com as lideranças locais para ir serenando os ânimos da nossa população", disse o administrador.
O dirigente garantiu que a passagem dos terroristas pelas três aldeias não causou danos humanos ou materiais entre a população.
"Não fizeram mal a nenhum membro da população, apenas passaram pelas comunidades que acabámos de mencionar e foram prosseguindo até à ponte sobre o rio Montepuez. Não tivemos alguma notícia sobre o itinerário que tomaram, na noite de ontem [terça-feira]", concluiu.
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05:26
FDS estão "firmes" na região
Na sexta-feira, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, visitou uma posição da Força de Intervenção Rápida (FIR) no distrito de Metuge, província de Cabo Delgado, assolada por ações de grupos armados há mais de seis anos.
"O Presidente Nyusi notou que o ânimo das nossas FDS [Forças de Defesa e Segurança] se mantém resiliente, e, apesar de os terroristas estarem a tentar outras formas de desestabilização, causadas pelo desespero, as nossas FDS estão bem firmes e corajosamente comprometidas com a defesa da pátria e da nossa soberania", refere a Presidência da República em comunicado.
O regresso da vida pós destruição em Cabo Delgado
Apesar da tendência de retorno das populações às zonas de origem, várias aldeias ainda continuam desertas e o cenário de destruição é visível nessas comunidades.
Foto: DW
Sensação de paz em Macomia
O distrito de Macomia já registou o regresso de grande parte da sua população que se havia evadido para outras zonas com a escalada da violência protagonizada pelos insurgentes, localmente conhecidos por "al-shababes". Na vila, atividades comerciais ganham terreno. Mas a população pede ainda a permanência do exército para lhes proteger. O desejo dos residentes é que a paz tenha vindo para ficar.
Foto: DW
Serviços públicos em Mocímboa da Praia
Após a recuperação do território, em agosto de 2021, as autoridades estão empenhadas no restabelecimento dos serviços públicos de modo a impulsionar o retorno da população que se refugiou em comunidades de Cabo Delgado. O Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos comprometeu-se em alocar escritórios moveis ao governo de Mocímboa da Praia para fazer face à escassez de infraestruturas.
Foto: DW
Local do massacre de Xitaxi
A 7 de abril de 2021, na aldeia de Xitaxi, no distrito de Muidumbe, os terroristas terão morto a sangue frio um grupo de 53 jovens num campo de futebol (ao fundo da imagem). Aparentemente, a causa da chacina foi a recusa desses jovens, que haviam sido raptados localmente e em aldeias já atacadas, em juntar-se ao movimento rebelde que devasta Cabo Delgado desde o ano de 2017.
Foto: DW
Forças Armadas na estrada
A estrada N380 liga o distrito de Ancuabe a Mocímboa da Praia. A via permaneceu intransitável com a escalada da violência terrorista em aldeias atravessadas pela rodovia. Com as ações terroristas enfraquecidas, a N380 voltou a ser transitável, embora de forma tímida. Veículos militares patrulham constantemente, para garantir que nenhuma situação de alteração da ordem venha a verificar-se.
Foto: DW
Destroços visíveis
Sucatas de veículos destruídos denunciam a quem por aqui passa, cenários de violência vividos na estrada principal que liga sul, centro e norte da província.
Foto: DW
Bens abandonados
Terroristas bloquearam durante um ano o acesso aos distritos no norte, com destaque para Mueda e Mocímboa da Praia, com o assalto ao posto de controlo policial no cruzamento de Awasse. Após o seu desalojamento pela força conjunta Moçambique-Ruanda, os terroristas abandonaram alguns dos seus bens, em caves que serviam de esconderijos.
Foto: DW
Ruínas
Casas abandonadas e em ruínas e zonas residenciais tomadas pelo capim são o retrato que se repete em diversas aldeias ao longo das estradas N380 e R698. Denunciam também a crueldade dos terroristas.