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Cabo Delgado: RENAMO quer comissão para averiguar violações

Lusa
1 de outubro de 2020

A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), principal partido da oposição, submeteu ao Parlamento um projeto para criar uma comissão de inquérito para averiguar denúncias de violação de direitos humanos em Cabo Delgado.

Província de Cabo Delgado é há três anos palco de ataques armadosFoto: AFP/J. Nhamirre

"Trata-se de um projeto de resolução para criação de uma comissão parlamentar de inquérito para averiguar as denúncias de violação de direitos humanos, sobretudo em Cabo Delgado, mas extensivo também [às províncias de] Niassa, Sofala e Manica", disse Venâncio Mondlane, relator da bancada parlamentar da RENAMO na Assembleia da República.

O documento foi submetido para apreciação da Comissão Permanente da Assembleia da República na quarta-feira (30.09) e, segundo a fonte, é a segunda vez que a principal força de oposição em Moçambique alerta para a necessidade de se averiguarem as denúncias de violação dos direitos humanos em Cabo Delgado

"A situação de violação dos direitos humanos agravou-se e com muitas evidências que se tornaram públicas", declarou Venâncio Mondlane, durante uma conferência de imprensa, em Maputo.

Três anos de ataques armados

A província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, é há três anos palco de ataques armados por grupos considerados terroristas e que já provocaram uma crise humanitária com mais de mil mortos e mais de 250 mil deslocados internos.

Alguns dos ataques já foram reivindicados pelo grupo jihadista Estado Islâmico, mas a verdadeira origem permanece em debate.

A região deverá acolher nos próximos anos investimentos da ordem dos 50 mil milhões de dólares (42,6 mil milhões de euros) em gás natural, liderados pelas petrolíferas norte-americana Exxon Mobil e francesa Total (que já tem obras no terreno). 

Além da violência armada em Cabo Delgado, estradas e povoações de duas províncias do centro do país (Manica e Sofala) estão a ser alvo de ataques atribuídos pelas autoridades a guerrilheiros dissidentes da própria RENAMO, incursões que já provocaram a morte de, pelo menos, 30 pessoas na região desde agosto do último ano.

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