RENAMO quer que Nyusi declare guerra em Moçambique
tms
21 de julho de 2021
Bancada parlamentar da RENAMO, na Assembleia da República, solicitou uma sessão extraordinária da Comissão Permanente, na sequência da movimentação de forças estrangeiras em Moçambique.
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A informação foi confirmada esta quarta-feira (21.07) à DW África pelo porta-voz do maior partido da oposição moçambicana. Segundo José Manteigas, a solicitação de uma sessão extraordinária pela Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) tem a ver com o facto de forças estrangeiras terem chegado ao país sem que o Parlamento tenha sido informado oficialmente pela Presidência da República.
"Porque a nossa Constituição recomenda que o Presidente da República, havendo uma situação de guerra, faça uma declaração de guerra. E à luz da Constituição também, essa declaração tem que ser sancionada pela Assembleia da República através da sua Comissão Permanente. Situações que não ocorreram", afirmou o porta-voz da RENAMO.
José Manteigas referia-se à intervenção de tropas do Ruanda, que já estão em Moçambique desde a semana passada, e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que ficou de enviar as suas Forças em Estado de Alerta ao país.
Apoio à intervenção estrangeira
"A RENAMO é sim a favor do apoio externo, porque a situação interna, em termos militares, não está em condições de debelar a onda de violência que está a ser perpetrada pelos terroristas", disse Manteigas.
O porta-voz, ressaltou, porém, que este apoio da RENAMO "não permite que se passe por cima da Constituição".
"Por isso, a bancada parlamentar da RENAMO solicitou essa sessão extraordinária para, com a Assembleia da República, saber que caminhos devem ser seguidos. E esperamos do Presidente uma atitude que respeite a Constituição, que ele jurou respeitar", concluiu.
A sessão extraordinária foi solicitada na semana passada pela RENAMO, que, segundo Manteigas, aguarda uma resposta da Presidência da República.
Terrorismo em Cabo Delgado: As marcas da destruição e a crise humanitária
Edifícios vandalizados, presença de militares nas ruas e promessas de soluções por parte de políticos contrastam com a tentativa das populações de levar a vida adiante.
Foto: Roberto Paquete/DW
Infraestruturas vandalizadas
O conflito armado em Cabo Delgado deixou um número de infraestruturas destruídas na província nortenha de Moçambique. Em Macomia, os insurgentes não pouparam nem a Direção Nacional de Identificação Civil. Os danos no prédio do órgão deixaram milhares de pessoas sem documentos. E carro da polícia incendiado.
Foto: Roberto Paquete/DW
Feridas abertas até na sede da Polícia
O edifício da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Macomia ainda carrega as marcas de um ataque em 2020. O tanzaniano Abu Yasir Hassan – também conhecido como Yasser Hassan e Abur Qasim - é reconhecido pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos e pelo Governo moçambicano como líder do Estado Islâmico em Cabo Delgado. Não está claro se o grupo é responsável pelos ataques na província.
Foto: Roberto Paquete/DW
"Eliminar todo o tipo de ameaça"
Joaquim Rivas Mangrasse (à esquerda) foi empossado chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas a 16 e março. "É missão das Forças Armadas eliminar todo o tipo de ameaça à nossa soberania, incluindo o terrorismo e os seus mentores, que não devem ter sossego e devem se arrepender de ter ousado atacar Moçambique", declarou o Presidente Filipe Nyusi (centro) na cerimónia de posse, em Maputo.
Foto: Roberto Paquete/DW
Missões constantes para conter os terroristas
Soldados das Forças Armadas de Defesa de Moçambique preparam-se para mais uma missão contra terroristas em Palma. A vila foi alvo de ataques, esta quarta-feira (24.03), segundo fontes ouvidas pela agência Lusa e segundo a imprensa moçambicana. Neste mesmo dia, as autoridades moçambicanas e a petrolífera Total anunciaram, para abril, o retorno das obras do projeto de gás, suspensas desde dezembro.
Foto: Roberto Paquete/DW
Defender o gás natural da península de Afungi
A península de Afungi, distrito de Palma, foi designada como área de segurança especial pelo Governo de Moçambique para proteger o projeto de exploração de gás da Total. O controlo é feito pelas forças de segurança designadas pelos ministérios da Defesa e do Interior. Esta quinta-feira (25.03), o Ministério da Defesa confirmou o ataque junto ao projeto de gás, na quarta-feira (24.03).
Foto: Roberto Paquete/DW
Proteger os deslocados
Soldados das FADM protegem um campo para os desolocados internos na vila de Palma. A violência armada está a provocar uma crise humanitária que já resultou em quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.
Foto: Roberto Paquete/DW
Apoiar os deslocados
De acordo com as agências humanitárias, mais de 90% dos deslocados estão hospedados "com familiares e amigos". Muitos refugiaram-se em Palma. Com as estradas bloqueadas pelos insurgentes em fevereiro e março deste ano, faltaram alimentos. A ajuda chegou de navio.
Foto: Roberto Paquete/DW
Defender a própria comunidade
Soldados das Forças Armadas de Defesa de Moçambqiue estão presentes também no distrito de Mueda. Entretanto, cansados de sofrer nas mãos dos teroristas, antigos militares decidiram proteger eles mesmos a sua comunidade e formaram uma milícia chamada "força local".
Foto: Roberto Paquete/DW
Levar a vida adiante
No mercado no centro da vida de Palma, a população tenta seguir com a vida normal quando a situação está calma. Apesar da ameaça constante imposta pela possibilidade de um novo ataque, quando "a poeira abaixa", a normalidade parece regressar pelo menos momentaneamente...
Foto: Roberto Paquete/DW
Aprender a ter esperança com as crianças
Apesar de todo o caos que se instalou um pouco por todo o lado em Cabo Delgado, a esperança por um vida normal continua entre as poulações. Na imagem, crianças de famílias deslocadas que deixaram as suas casas, fugindo dos terroristas, e foram para a cidade de Pemba. Vivem no bairro de Paquitequete e sonham com um futuro próspero, sem ter de depender da ajuda humanitária e longe da violência.