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Cabo Delgado: Há terroristas infiltrados nas manifestações?

12 de dezembro de 2024

Polícia descarta envolvimento de insurgentes nas manifestações em Pemba. O caráter violento dos protestos em Cabo Delgado levantou suspeitas sobre possível aproveitamento de terroristas para destruir edifícios públicos.

Mosambik, Pemba | Demonstration in Pemba gegen die Wahlergebnisse
Foto: DW

As manifestações que, no geral, eram pacíficas desde o início dos protestos contra os resultados eleitorais que dão vitoria à FRELIMO e ao seu candidato Daniel Chapo tiveram uma reviravolta em Cabo Delgado, norte de Moçambique.

De simples passeatas pelas avenidas da capital provincial com cânticos e cartazes, a contestação desembocou num caos, marcado por incêndios, destruição de edifícios públicos e sedes do partido FRELIMO, bem como o bloqueio de estradas.

Em resposta, a polícia usou violência para conter o fenómeno, tendo alvejado mortalmente um número ainda indeterminado de manifestantes.  

Uma cidadã, que preferiu não se identificar, descreve um dos episódios: "Aqui neste local onde estamos houve mortes, foram três mortes, houve feridos e tiroteios. Os manifestantes também estavam muito agressivos. Vinham com picareta, pedras e garrafas. Foi uma situação de terrorismo mesmo.”

Violência causa estranheza

O presidente do Conselho Autárquico de Pemba, Satar Abdulgani, recorda que "face aquela situação de terrorismo em Quissanga, Metuge, Mocimboa da Praia, Macomia, Ibo as pessoas recorriam a cidade de Pemba".

E Abdulgani estranha a violência das manifestações: "Então, quando os partidos políticos dizem que as suas marchas têm sido ordeiras e pacíficas, aí já existe um equívoco, quem são essas pessoas de verdade? Porque já se vem aderindo as marchas de forma pacífica e nunca tivemos situações atípicas na cidade de Pemba”.

Satar Abdulgani, presidente do Conselho Autárquico de PembaFoto: DW

A Polícia da República de Moçambique (PRM) afasta, para já, a possibilidade de os recentes protestos violentos estarem infiltrados por terroristas. Aniceto Magome, porta-voz da corporação, afirma: "É prematuro avançarmos algum dado referente à questão do terrorismo. Vamos deixar que o trabalho que está sendo feito por parte dos colegas que estão no terreno possa nos dar algum indicativo em relação a uma eventual infiltração de algum terrorista [nos protestos]".

E Magome assegura: "Das pessoas estão detidas não temos indicativo da existência de algum terrorista”.

Protestos, uma porta de entrada

Mas o ativista Aly Caetano não descarta a hipótese de aproveitamento por parte de insurgentes armados. Sublinha que "no geral, toda a província de Cabo Delgado é extremamente sensível por causa do contexto de terrorismo".

"Existem narrativas populares e não oficiais, de que os terroristas estão em todo o território de Cabo Delgado, estão a praticar o comércio e outras operações do dia-a-dia… Assim sendo, claramente que toda a manifestação é certamente uma porta de entrada para um eventual ataque, mas essa é uma hipótese que deve ser tomada em consideração”, alerta o ativista. 

Em todo o caso, as autoridades governamentais, particularmente o governador provincial Valige Tauabo e o edil de Pemba, Satar Abdulgani, têm continuamente apelado aos jovens para que optem por protestos pacíficos.

Os motivos do recrudescimento da insurgência em Cabo Delgado

59:23

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