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Veteranos pedem "persistência" no combate a terroristas

Delfim Anacleto
7 de setembro de 2021

No Dia da Vitória, Presidente Nyusi disse que quase todos os espaços que haviam sido ocupados por terroristas foram recuperados. Antigos combatentes exortam jovens a não se deixarem enganar por promessas de insurgentes. 

Foto: Roberto Paquete/DW

O exército colonial português foi expulso há 46 anos, mas Moçambique tem agora um novo inimigo: os insurgentes que devastam as regiões norte e centro de Cabo Delgado desde 2017. A instabilidade na província provocou mais de 3.100 mortes e uma crise humanitária, com centenas de milhares de deslocados.  

Silvério Mário Mocipo é veterano da luta armada contra o regime colonial português. Natural de Chifunde, província de Tete, juntou-se à Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) em 1964 para lutar pela independência, e lembra que a vitória não foi conquistada da noite para o dia, resultou de sacrifícios e persistência.

Estas são qualidades necessárias para hoje combater os terroristas no norte do país, segundo o antigo combatente.

"Esta data de 7 de setembro não surgiu como se fosse um cogumelo que, quando chove hoje, no dia seguinte já temos cogumelos. É um processo longo que foi resultado do sofrimento secular do povo para tirar o colonialismo português de Moçambique", explica. 

Antigos combatentes em cerimónia alusiva ao Dia da Vitória, em PembaFoto: Delfim Anacleto/DW

Espaços recuperados   

No combate ao terrorismo no norte do país, há veteranos da luta armada que também estão na linha da frente. A par das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, do Ruanda e da missão da SADC, lutam para o restabelecimento da segurança e retoma da vida normal.  

Esta terça-feira (07.09), isso foi reconhecido pelo Presidente Filipe Nyusi, em Nampula, província que acolheu as cerimónias centrais alusivas ao Dia da Vitória.   

"Saudamos, de forma particular, a lição dada pelos veteranos da luta de libertação nacional que, juntamente com os jovens das Forças de Defesa e Segurança, e sem falarem muito, lutam lado a lado, transmitindo os seus conhecimentos, experiência e bravura aos mais novos", disse.

Presidente moçambicano, Filipe NyusiFoto: DW

Nyusi anunciou ainda que, neste momento, foram recuperados quase todos os espaços que haviam sido ocupados pelos terroristas, estando a decorrer "operações de limpeza e esclarecimento combativo". 

Numa comunicação a jornalistas em Pemba por ocasião do Dia da Vitória, o primeiro secretário da FRELIMO em Cabo Delgado, José Elias Kalime, alertou que os duros golpes que os terroristas estão a sofrer - mercê da combinação de forças entre militares do Moçambique, Ruanda e da SADC - podem fazer com que os insurgentes se tentem misturar com a população, fazendo-se passar por vítimas.  

"Poderão estar até nos centros de reassentamento onde acolhemos os nossos concidadãos. Teremos de ser muito vigilantes para neutralizar qualquer movimento estranho nas nossas comunidades", avisou.  

Tropas estrangeiras em Cabo Delgado foram lembradas no Dia da VitóriaFoto: Alfredo Zuniga/AFP/Getty Images

Apelo aos jovens 

Kalime lembrou que as tropas estrangeiras que ajudam Moçambique a combater o terrorismo voltarão para os seus países de origem. "Nós temos de nos precaver e preparar como é que nos reinventamos depois deles voltarem", advertiu.   

Cecília Manuel, uma antiga combatente, associa o fenómeno do terrorismo a interesses externos para retirar as riquezas do país. Por isso, apela aos jovens para não se deixarem enganar por falsas promessas dos insurgentes.   

"Os jovens nunca podem entrar nessas maldades, nessas promessas de uma vida de luxo. Nós aqui temos rubis, grafite, temos tudo. Não aceite que alguém te convença a entrar nessas encrencas", pediu Cecília. 

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