Cabo Verde melhor lusófono no Índice da Democracia
Lusa | ar
3 de fevereiro de 2017
Cinco zonas do globo regrediram na sua nota - América Latina, Médio Oriente, Africa Subsaariana, Europa Ocidental e Europa de Leste -, sendo que esta última teve a maior queda, de 5.55 para 5.43.
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De acordo com a edição de 2016 do Índice da Democracia, divulgado pela (EIU), Cabo Verde é o país lusófono melhor colocado internacionalmente, na 23.ª posição e a Guiné Equatorial o pior (163.º) entre 167 países e territórios analisados.
Timor-Leste lidera o ranking do Índice da Democracia no sudeste asiático e é o 7.º na Ásia e Oceânia. A pontuação de Timor-Leste no ranking mantém-se inalterada há quatro anos, com 7,24 valores numa escala de 10 e num grupo em que quase metade dos países abrangidos registou quedas nos resultados, entre 2006 e 2016.
Agio Pereira, porta-voz do Governo timorense, destaca o facto de a classificação dar pontuação elevada ao processo eleitoral e pluralismo, "refletindo as eleições livres e justas, o sufrágio universal, os esforços no sentido de garantir as liberdades dos eleitores e o processo de transferência ordeira das administrações" públicas."As ferramentas de comparação internacionais como o índice de democracia são constantemente confrontadas com o desafio de garantir a precisão. No entanto, o que vemos claramente refletido nesta e noutras comparações internacionais é que as nossas liberdades definidas na Constituição, nomeadamente o processo eleitoral e o pluralismo, estão a ser firmemente defendidas", referiu em comunicado.
"À medida que nos aproximamos das eleições presidenciais do dia 20 de março e das eleições parlamentares, uns meses mais tarde, estamos novamente a usar e afirmar esses direitos, conscientes de que, em muitas partes do mundo, os cidadãos não têm tais direitos e responsabilidades", sublinhou.
Moçambique no grupo de regimes híbridos
Em termos dos lusófonos, e num ranking onde não figura São Tomé e Príncipe, Cabo Verde é o melhor classificado, na 23.ª posição com 7,94 valores, seguindo-se Portugal em 28.º (7,86 valores), Timor-Leste em 43.º (7,24 valores) e o Brasil em 51.º (6,9 valores), estando os quatro no grupo de democracias imperfeitas.
Moçambique está no grupo dos regimes híbridos, surgindo em 115.º (4,02 valores), com três nações no grupo dos Estados autoritários: Angola (130.º e 3,40 valores), Guiné-Bissau (157.º lugar e 1,98 valores) e Guiné Equatorial (163.º e 1,7 valores).O Brasil é o oitavo no ranking da América Latina e Portugal é 17.º no ranking da Europa Ocidental. No ranking do grupo de África Subsaariana, Cabo Verde é segundo, Moçambique é 21.º, Angola é 29.º, Guiné- Bissau é 40.º e a Guiné Equatorial é 42.º.
Nona edição: "A vingança dos deploráveis”
Intitulada "A vingança dos deploráveis", em referência ao que considera ter sido "a revolta popular em 2016 contra as elites políticas que são vistas por muitos como estando fora de contato e não representando os interesses de pessoas comuns", esta é a nona edição do relatório.
Para compilar o ranking a EIU baseia-se em cinco categorias: processo eleitoral e pluralismo, liberdades civis, funcionamento do governo, participação política e cultura política, dando a cada país notas de 1 a 10.
Com base nos valores obtidos nas cinco categorias os países são divididos em quatro tipos de regimes: democracia plena, democracia imperfeita, regime hibrido e regime autoritário.O planeta regista em 2016 um valor médio de 5,52 valores (menos três décimas que em 2015, com 72 países a registarem uma queda na sua pontuação total em comparação com o ano anterior, 38 a registarem melhorias e 57 a permanecerem com níveis idênticos.
Nenhuma região melhorou
Cinco zonas do globo regrediram na sua nota - América Latina, Médio Oriente, Africa Subsaariana, Europa Ocidental e Europa de Leste -, sendo que esta última teve a maior queda, de 5.55 para 5.43.
Nenhuma região melhorou tendo a Ásia e Oceânia e a América do Norte estagnado.
Quase metade (49,3%) da população mundial vive em algum tipo de democracia ainda que só 4,5% viva em democracia plena (era 8,9% em 2015), devido à queda dos Estados Unidos e cerca de 2,6 mil milhões de pessoas, segundo a EIU vivem sob regimes autoritários.
Há 76 países a viver em democracia, mas desses apenas 19 em democracias plenas - menos uma devido à queda dos Estados Unidos que passou a ser democracia imperfeita - com 40 países de regimes híbridos e 51 autoritários.
2015 em imagens: África luta pela democracia
Presidentes que fazem de tudo para se manter no poder. Populações com sede de mudança. 2015 foi um ano marcado pela luta por mais democracia em África e uma forte resistência. Veja a retrospectiva em imagens.
Foto: picture-alliance/AA/H.C. Serefio
Contra um terceiro mandato
Milhares saíram às ruas no Burundi quando o Presidente manifestou o desejo de continuar no poder. A Constituição só permite dois mandatos seguidos, mas isso não impediu que Pierre Nkurunziza fosse reeleito em julho para um terceiro. Forças de segurança recorreram à violência para acabar com os protestos. Pessoas foram intimidadas, detidas e assassinadas. O país esteve à beira de uma guerra civil.
Foto: Getty Images/AFP/J. Huxta
Desentendimentos com o vizinho Ruanda
A crise no Burundi também afetou as relações com o Ruanda. O Presidente Paul Kagame (esq.) criticou Pierre Nkurunziza (meio) em público, acusando o Governo de massacrar o próprio povo. Mas Kagame também não quer deixar o poder. Como não podia recandidatar-se às eleições de 2017, porque a Constituição não permitia, resolveu alterá-la. A população aprovou a mudança em referendo.
Foto: Getty Images/AFP/T. Karuma
Congo-Brazzaville: 30 anos no poder
Também Denis Sassou-Nguesso, de 72 anos, não quer deixar a liderança. Governa a República do Congo há mais de 30 anos consecutivos. O referendo sobre alterações na Constituição, em outubro, terminou em derramamento de sangue. Segundo a oposição, houve manipulação dos votos. Na vizinha República Democrática do Congo (RDC), civis protestaram contra planos semelhantes do Presidente Kabila.
Foto: picture-alliance/dpa
Mudança de Governo histórica na Nigéria
Na Nigéria, eleições em março conduziram Muhammadu Buhari ao poder. Ele é o primeiro chefe de Estado a chegar à liderança do país por vias democráticas. Ninguém acreditava que o antecessor Goodluck Jonathan desistiria do poder tão facilmente. Buhari quer acabar com a corrupção, altera chefias de cargos importantes e não esconde o seu património. O seu maior desafio é a luta contra o Boko Haram.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Alamba
100% para o Governo etíope
No final de maio, cerca de 35 milhões de etíopes elegeram um novo Parlamento. Todos os 547 assentos foram para a coligação do partido no poder, a Frente Popular Democrática Revolucionária Etíope (EPRDF). A oposição perdeu toda e qualquer representação no Parlamento e ainda foi alvo de pressões antes do escrutínio, tal como os jornalistas, criticaram observadores.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Kolli
Tanzânia: O que Magufuli faria?
Internautas africanos usaram o Twitter, com o hashtag #WhatWouldMagufuliDo (o que Magufuli faria, em português), para reunir ideias para o novo Governo. Tudo porque o novo Presidente, John Pombe Magufuli, prefere investir em novas camas hospitalares do que em banquetes para políticos. Porém, durante as eleições a oposição suspeitou de fraudes. Exigiu vitória e não reconheceu Magufuli.
Foto: Reuters/S. Said
Costa do Marfim: Apoio das mulheres
Tensa e preocupada, a população votou nas eleições presidenciais de 25.10. O último escrutínio do género, há cinco anos, tinha acabado em guerra civil. Desta vez, decorreu de forma pacífica. Alassane Ouattara é o novo Presidente. Mariame Souaré (esq.) acreditou na sua vitória muito antes de serem conhecidos os resultados. Durante a campanha, Ouattara conquistou principalmente as mulheres no país.
Foto: DW/K. Gänsler
Angola: Ativistas em tribunal
Em novembro, jovens angolanos protestaram em frente ao tribunal da capital, Luanda. No interior do edifício, 17 membros de um movimento juvenil começaram a ser julgados. Tinham-se reunido numa livraria para organizar manifestações pacíficas contra o atual Governo. São acusados de planear um golpe de Estado contra José Eduardo dos Santos, Presidente de Angola há 36 anos.
Foto: Reuters/H. Corarado
A difícil pacificação do Mali
Em meados de maio, o Governo do Mali alcançou um acordo de paz com grupos armados no país. Em junho, rebeldes tuaregues também assinaram o tratado. Após longas negociações, a paz no norte do país parece possível. Mas, em agosto, grupos tuaregues rivais voltam a enfrentar-se. Em novembro, radicais islâmicos fizeram 170 reféns num hotel na capital, Bamako. Vinte pessoas morreram.
Foto: picture-alliance/Photoshot
Otimismo no Burkina Faso
Vitória surpreendente na primeira ronda das eleições: no fim de novembro, Roch Marc Christian Kaboré foi eleito Presidente. O escrutínio aconteceu um ano após Blaise Compaoré ter sido forçado a deixar o poder, depois de 27 anos. As eleições estavam planeadas para outubro, mas parte do exército perpetrou um golpe de Estado em setembro. E as tão esperadas eleições foram adiadas.
Foto: Reuters/J. Penney
Caos e violência na República Centro-Africana
A República Centro-Africana deveria ter ido às urnas em outubro. Mas as constantes desavenças violentas entre apoiantes da ex-coligação Séléka, de maioria muçulmana, e milícias cristãs anti-balaka tornaram o escrutínio impossível. A nova data é 30 de dezembro.