A competição está agendada para outubro de 2019. São esperados na ilha do Sal 1.500 atletas de 54 países africanos. Um evento que pode trazer "ganhos importantes" para o país, sublinha o Comité Olímpico de Cabo Verde.
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"São os jogos africanos de praia, ou na areia ou no mar, que serão realizados com a participação de todos os países africanos”, afirma a presidente do Comité Olímpico de Cabo Verde (COC), Filomena Fortes, radiante com a escolha do país para acolher os primeiros Jogos Olímpicos Africanos de Praia. Nos 41 anos de independência, Cabo Verde nunca acolheu um evento desta envergadura.
A candidatura de Cabo Verde foi aprovada durante a 50.ª assembleia da Associação dos Comités Nacionais de Olímpicos Africanos (ACNOA), realizada no último fim de semana, em Bamako, no Mali. O país estava na corrida pela organização do evento com as Ilhas Maurícias.
1.500 atletas esperados em Cabo Verde
Os primeiros Jogos Olímpicos Africanos de Praia vão contar com a participação de 54 países africanos. Segundo Filomena Fortes o caderno de encargos lista 19 modalidades, mas ainda não se sabe quais são. "Esta quarta-feira (08.02) teremos uma reunião com as federações associadas e a Direção-Geral dos Desportos para definirmos tudo. Das 19 modalidades iremos escolher aquelas que Cabo Verde achar que poderá dar resposta e depois faremos a proposta à ACNOA".
Cabo Verde recebe Jogos Olímpicos Africanos de Praia
Em entrevista exclusiva à DW África, a presidente do Comité Olímpico de Cabo Verde avança que 1.500 atletas podem participar nestes jogos. "Mas tudo dependerá das modalidades que nós escolhermos e com a forma de qualificação para os próximos jogos", acrescenta.
Os atletas olímpicos ficarão alojados no complexo de Vila Verde, na localidade da Palmeira, na ilha do Sal. Em janeiro a comitiva da ACNOA esteve no país para analisar as condições e, segundo Filomena Fortes, "ao ver a Vila Verde, mesmo só à entrada, disse ‘isto é o que nós precisamos'”.
"É uma vila e não há necessidade de se construir nada. Vila Verde é uma autêntica vila olímpica. Estive presente nos Jogos Olímpicos de Rio de Janeiro e Londres e posso-lhe garantir que nenhuma delas tem melhores condições que Vila Verde", sublinha.
Custo depende das modalidades
O custo exato da organização do evento não está ainda definido. Sabe-se, no entanto, que serão repartidos entre o Governo cabo-verdiano, o Comité Olímpico de Cabo Verde, a Associação dos Comités Nacionais Olímpicos Africanos, a Câmara do Sal e os operadores turísticos da ilha.
Segundo a presidente do COC, "o custo dependerá das modalidades que forem escolhidas".
"A ACNOA terá a responsabilidade de pagamentos das passagens e o financiamento local é da responsabilidade de Cabo Verde, através da Comissão Organizadora dos Jogos que será criada pelo COC, o Governo e as instituições parceiras”, explica.
Filomena Fortes acredita que esses jogos vão trazer ganhos importantes para o país em "em todos os sentidos”. "É uma possibilidade de se atrair mais turistas e, principalmente, mais competições internacionais”, conclui.
Atletas africanos mostram engajamento social
O astro do futebol, Didier Drogba, da Costa do Marfim, e a atleta moçambicana Maria de Lurdes Mutola estão entre os muitos atletas africanos considerados exemplos por apoiarem causas sociais em seus países.
Foto: AFP/Getty Images
Promoção dos jovens
Muitos atletas africanos são considerados modelos. A moçambicana Maria de Lurdes Mutola ganhou uma medalha de ouro olímpica correndo os 800 metros. Na sua terra natal, a Fundação Lurdes Mutola apoia jovens talentos do desporto. Juntamente com o Fundo das Nações Unidas para a Infância, UNICEF, Mutola ainda realizou uma campanha de vacinação contra o sarampo e a poliomielite em Moçambique.
Foto: Bongarts/Getty Images
Não apenas um astro do futebol
Eles não são apenas atletas de excelência, mas também se importam com os outros. Um dos mais famosos desportistas de África é o jogador de futebol Didier Drogba, da Costa do Marfim. Atualmente, ele joga pelo Galatasaray de Istambul. Em 2012, ajudou o Chelsea a vencer a Liga dos Campeões. Na cerimônia de premiação, Drogba carregava a bandeira da sua terra natal no ombro.
Foto: Reuters
Modelo social vai além de África
Em 2010, quando as eleições presidenciais na Costa do Marfim resultaram em tumultos sangrentos, Didier Drogba mostrou o cartão vermelho para a violência em uma campanha. O atleta se empenhou também pela Alemanha: no jogo de despedida do internacional alemão Michael Ballack, em junho de 2013, em Leipzig, o jogador apoiou a recolha de fundos para as vítimas das inundações que se passavam no país.
Foto: AFP/Getty Images
Maratonista e político
Wesley Korir é conhecido por seu ativismo político: o vencedor da Maratona de Boston, em 2012, foi eleito para o Parlamento queniano, em 2013, e representa o eleitorado de Cherangani. Entretanto, Korir mantém a carreira desportiva em vista. Também este ano, participou da Maratona de Boston e atravessou a linha de chegada em quinto lugar – mesmo antes dos ataques terroristas ofuscarem a corrida.
Foto: Getty Images
Mostrar tamanho – em todos os sentidos
Também o falecido astro do basquete, Manute Bol, era politicamente ativo. Com 2,31 metros de altura, Bol foi um dos maiores jogadores da liga profissional do basquete norte-americano. Em uma marcha pela paz, em 2006, na Filadélfia, ele criticou a guerra em seu país de nascimento, o Sudão. Sua fundação "Ring True Foundation" arrecadou dinheiro para os refugiados sudaneses e apoia atletas africanos.
Foto: Getty Images
Primeira campeã olímpica de África
Um momento emocionante para a atleta marroquina Mawel El Moutawakel: nos Jogos Olímpicos de Verão de 1984, em Los Angeles, ela ficou em primeiro lugar nos 400m com obstáculos. Assim, tornou-se a primeira mulher muçulmana nascida em África a receber o ouro olímpico. Em 2002, fundou a organização "Association Marocaine Sport & Développement", que promove o desporto como motor de desenvolvimento.
Foto: picture-alliance/dpa
Dançar no campo de futebol
A lenda do futebol, Roger Milla, tornou-se internacionalmente conhecido no Mundial de 1990, na Itália. Por conta dos seus golos, os Camarões tornaram-se a primeira seleção africana a alcançar as quartas de final de um Mundial. A cada golo, Milla comemorava com sua inconfundível dança. Em 2001, o jogador foi eleito o primeiro embaixador honorário africano do programa de luta contra a SIDA da ONU.
Foto: Getty Images
Último lugar por uma boa causa
Em 2002, Isaac Menyoli foi o primeiro atleta camaronês a participar dos Jogos Olímpicos de Inverno em Salt Lake City, nos Estados Unidos. Ele foi o último a terminar a prova de esqui. Menyoli não competiu para vencer, mas para chamar a atenção para a SIDA em seu país - o que conseguiu nas entrevistas após a corrida. Sem a participação olímpica, ele dificilmente teria recebido a atenção da mídia.