Cabo Verde acaba de aderir ao centro científico WASCAL, organismo financiado pela Alemanha que envolve 10 países da África Ocidental e promove a investigação em alterações climáticas e uso dos solos e da água.
Seca no interior da ilha de S.Tiago (Cabo Verde - 2015)Foto: DW/N.dos Santos
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O arquipélago de Cabo Verde é o mais novo membro do Centro de Serviço Científico da África Ocidental sobre Mudanças Climáticas e Uso Adaptado do Solo (WASCAL, sigla em inglês), organismo financiado pelo Ministério alemão da Educação e Investigação. O acordo que formalizou a entrada de Cabo Verde no centro foi assinado na Cidade da Praia, na passada sexta-feira (27.01).
O WASCAL, criada em 2012 visa promover a partilha de conhecimentos científicos na área de mudanças climáticas e uso adaptado do solo. É financiado pelo Ministério alemão da Educação e Investigação e integra atualmente 10 países da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) mas propõe atingir um total de 15 nações africanas.
São os seus membros na CEDEAO o Senegal, Gâmbia, Mali, Burkina Faso, Costa do Marfim, Gana, Togo, Benim, Níger e Nigéria, sendo Cabo Verde o mais recente membro.
A ministra da Educação do arquipélago, um dos signatários do documento, sublinhou que o país passa a beneficiar das melhores práticas internacionais em matéria de mudanças climáticas e uso adaptado de solos.
Áreas estratégicas para o desenvolvimento de Cabo Verde
Maritza Rosabal afirmou que com a adesão do arquipélago ao Centro de Serviço Científico da África Ocidental sobre Mudanças Climáticas e Uso Adaptado do Solo, o país poderá beneficiar, não só a nível da educação, mas também de outras áreas."Este acordo beneficia entre outras áreas o meio ambiente, os solos e questões ligadas ao mar que são estratégicas para o desenvolvimento de Cabo Verde".
Ilha do Maio (Cabo Verde)Foto: Nelio dos Santos
A ministra Maritza Rosabal entende que o WASCAL não só vai permitir a partilha de conhecimentos científicos entre os países membros e a Alemanha, como também será mais um elemento de integração de Cabo Verde na África Ocidental.
"A adesão ao centro também tem uma outra importância muito significativa para este Governo, pois se trata de mais um elemento de integração na sub-região".
Empenho das autoridades do arquipélago
O presidente do conselho directivo do WASCAL, Peter Dery, mostrou-se satisfeito pela rapidez dos trabalhos relacionados com o processo de adesão e pelo interesse e empenho do Governo cabo-verdiano na sua concretização.
Nos próximos tempos o WASCAL vai enviar especialistas a Cabo Verde."Abordamos também a questão marinha através do projeto Geomar (Instituto GEOMAR – Centro Helmholts alemão) e, brevemente, vamos enviar uma delegação do WASCAL que virá trabalhar com os técnicos cabo-verdianos para estudarmos a melhor forma de implementarmos este projeto".
WASCAL / Cabo Verde - MP3-Mono
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Segundo os especialistas, Cabo Verde, como país saheliano fustigado frequentemente por secas e com pouco solo disponível para a agricultura, sempre esteve interessado em projetos ou iniciativas capazes de mitigar os efeitos das mudanças climáticas através de uma utilização mais adequada do solo.
África exige justiça ambiental
Cientistas dizem que a Terra poderá aquecer até quatro graus até ao fim do século. A África já sofre com o aquecimento global. Caso não se combata a alteração do clima, as consequências serão desastrosas.
Foto: Getty Images/AFP/S. Maina
Há cada vez menos água em África
Segundo o Banco Mundial, basta um aquecimento do clima de dois graus centígrados para que caia menos um terço de chuva em África. O que terá como consequência um aumento das secas. Na seca extrema de meados de 1990, os pastores etíopes perderam cerca de metade do seu gado.
Foto: Getty Images/AFP/S. Maina
Chuva a mais
Futuramente as chuvas poderão aumentar no leste da África. Mas serão chuvas torrenciais concentradas em poucos dias e não regulares e distribuídas pelo ano. Em 2011, a cidade portuária tanzaniana Dar-es-Salam foi surpreendida por fortes quedas de chuva, que submergiram bairros inteiros. Pelo menos 23 pessoas morreram, outras 10 000 tiveram que abandonar as suas casas.
Foto: cc-by-sa-Muddyb Blast Producer
Colheitas falhadas
Em África cerca de 90% dos produtos agrários são cultivados por pequenos agricultores. Caso não se reforce marcadamente a sua resistência contra o aumento de secas e enchentes, mais 20% pessoas do que hoje vão passar fome, alerta a Organização das Nações Unidas.
Foto: Getty Images/AFP/A. Joe
Riscos para a saúde
Já hoje a alimentação deficiente por causa de colheitas fracas representa um problema em muitos países. Muitas pessoas mudam-se para os bairros de lata das grandes cidades, onde doenças como a cólera se espalham rapidamente. Um aumento da temperatura poderá fazer disparar a incidência de doenças como a malária, inclusive nos planaltos africanos, onde, até agora, a maleita não existe.
Foto: Getty Images/S. Maina
Extinção das espécies
O aumento da temperatura influencia eco sistemas completos. Muitos animais e plantas não se conseguem adaptar suficientemente depressa. Segundo um relatório do Conselho Mundial do Clima, entre 20% a 30% de todas as espécies estão ameaçadas de extinção por causa da mudança do clima.
Foto: CC/by-sa-sentouno
O Kilimanjaro sem neve
A manta de neve do monte Kilimanjaro tem 12 000 anos. Nos últimos 100 anos derreteu mais de 80% do seu gelo. Caso prevaleçam as condições atuais, o gelo no Kilimanjaro desaparecerá entre 2022 e 2033, calcula uma equipa de cientistas do Estado federado do Ohio, nos Estados Unidos da América. A seca e a falta de chuva levam a que o gelo derreta rapidamente.
Foto: Jim Williams, NASA GSFC Scientific Visualization Studio, and the Landsat 7 Science Team
Só quando a última árvore for abatida ...
A mudança do clima deve-se, sobretudo, aos carros, centrais de energia e fábricas na Europa, América e Ásia. Mas o abate de árvores em muitas florestas africanas, por exemplo, para produzir carvão vegetal, aumenta o CO2 na atmosfera e contribui para o esgotamento dos solos. Em tempos, um terço da superfície do Quénia era floresta, hoje são apenas 2%.
Foto: Getty Images/AFP/T. Karumba
Muda a muda cresce a floresta
Hoje, muitas pessoas já se aperceberam da necessidade de medidas para contrariar este desenvolvimento nefasto. Há algumas décadas, cidadãos empenhados no Quénia começaram a plantar novas árvores, contribuindo para que a superfície florestal crescesse para 7%. As árvores impedem que a chuva leve a preciosa terra arável e retiram os gases de efeito de estufa da natureza.
Foto: DW/H. Fischer
Proteção através da diversidade
As monoculturas são vulneráveis a secas e animais daninhos. Se forem plantadas diversas frutas lado a lado, a colheita fica assegurada, mesmo que uma espécie falhe. Segundo o Programa Ambiental das Nações Unidas, a agricultura ecológica aumenta também bastante mais a resistência às consequências da mudança do clima do que a agricultura convencional.
Foto: Imago
Menos palavras, mais ação
Reservas subterrâneas de água da chuva, seguros contra o risco de colheitas falhadas: há muitas maneiras de, pelo menos, amenizar as consequências do aquecimento global. A assistência ao desenvolvimento e a protecção do clima não podem ser separadas, exigiram, recentemente, os delegados numa conferência das Nações Unidas. Mas não houve promessas concretas de assistência.
Foto: picture alliance/Philipp Ziser
Paris desperta expectativas
“Justiça ambiental, já!” exigiram os manifestantes na Conferência do Clima das Nações Unidas em Durban, na África do Sul, em 2011. Agora o mundo aguarda a conferência que se realiza em Paris no fim de 2015. Está planeada a assinatura de um acordo global sobre o clima, com o objetivo de limitar o aquecimento global a dois graus centígrados e reduzir as consequências nefastas da mudança do clima.