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Educação

Cabo Verde: Alunos aprendem com manuais cheios de erros

Glória Sousa
3 de outubro de 2017

Ministério da Educação contabiliza mais de 260 erros em manuais de várias disciplinas. Linguista Manuel Veiga considera situação inadmissível, e PAICV exige retirada dos manuais de circulação nas escolas.

Foto: Jekesai Njikizana/AFP/Getty Images

Os erros começam logo na capa dos manuais. Por exemplo, "Matimatica Manual" em vez de "Manual de Matemática" é como se apresenta o livro da disciplina para o 1º e 2º anos. Há ainda indicação de meses com o número de dias errado (como dezembro com apenas 30 dias). São mais de 260 erros de linguística e também científicos já reconhecidos pelo Ministério da Educação.

"Acho que a nação inteira, neste momento, está de boca aberta com o que se passou, porque não era admissível", afirma Manuel Veiga, linguista cabo-verdiano e professor universitário jubilado.

Perante o cenário "ou houve incompetência ou houve negligência ou ambas as coisas. Não é admissível que no material didático haja erros", acrescenta Manuel Veiga.

A contestação dos encarregados de educação surgiu primeiramente nas redes sociais. A diretora nacional da Educação, Adriana Mendonça, também responsável pela revisão, admitiu, os erros dos manuais editados por uma empresa sueca.

03.10 Cabo Verde: Manuais com erros - MP3-Mono

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"Tem erros no segundo ano de escolaridade, no terceiro ano de escolaridade, em todos os outros manuais que já estão em curso há algum tempo", afirmou Adriana Mendonça.

Manuel Veiga questiona a conduta do Ministério da Educação: "Não dá para perceber como é que o Ministério da Educação, depois de todos os avanços que houve em matéria de educação em Cabo Verde, põe de parte toda a experiência adquirida num passado recente e vem fazer isto com um gabinete estrangeiro, sueco, que não domina o português e sem participação nacional competente", contesta o linguista cabo-verdiano.

Ministério da Educação não retira livros

Adriana Mendonça disse que estão a ser produzidas erratas e garantiu que os manuais escolares não serão retirados. "Enquanto educadora e enquanto responsável, não me parece que seja de todo pertinente retirar estes manuais do mercado, como os de Língua Portuguesa, Ciências, Matemática, por aí além, e deixar as crianças sem livros", entende a diretora nacional da Educação e responsável pela revisão dos livros.

Para o linguista Manuel Veiga, essa decisão é "inadmissível". Adriana Mendonça "devia ser responsabilizada pela observação que fez", acrescenta o professor universitário jubilado. "Depois um aluno vai ao exame e reproduz os erros. Como é que esse aluno vai ser avaliado negativamente?", questiona Manuel Veiga.

"Portanto, o material tem que ser retirado de circulação e colocados os manuais antigos ou então novos manuais – ainda há possibilidade de se fazer novos manuais", defende o linguista cabo-verdiano.

PAICV ataca

PAICV exige a retirada dos livros com errosFoto: picture-alliance/dpa/M. Cruz

Também Nuías Silva, vice-presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), na oposição, entende que "a única solução que se vislumbra é a sua substituição por outros feitos de forma responsável, mediante acompanhamento, coordenação pedagógioca, correção, revisão e seguimento por parte do Governo de Cabo Verde, através do Ministério da Educação".

Em conferência de imprensa, Nuías Silva disse que "são erros de tal forma graves que colocam o país numa situação ridícula".

Está já a circular na internet uma petição que exige ao Ministério da Educação a retirada do mercado dos manuais com erros.

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