Os cabo-verdianos escolhem no próximo domingo (17.10) o novo Presidente da República. Na corrida eleitoral estão sete candidatos, entre os quais, os antigos primeiros-ministros Carlos Veiga e José Maria Neves.
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Sete candidatos para um único lugar. Durante duas semanas, percorreram Cabo Verde de uma ponta à outra na caça ao voto. A campanha eleitoral termina esta sexta-feira (15.10) e, na hora do balanço, todos dizem que vão ganhar.
O jurista e antigo primeiro-ministro Carlos Veiga é um dos não têm dúvidas. "Sinto-me muito bem apoiado, sinto uma força cada vez maior e estou contente pela forma como a campanha decorreu. Foi uma campanha alegre, bem-humorada e mobilizadora", afirmou.
"De todas as vezes que fomos a uma localidade, sentimos a onda da vitória a aumentar e estamos convencidos que vamos ganhar no domingo. O desejável é que tudo fique resolvido já este domingo, mas quem decide isso são os eleitores", acrescentou.
Formado em Administração de Empresas, o antigo primeiro-ministro José Maria Neves diz que faltou debate e confronto de ideias durante a campanha, marcada, sobretudo, por marketing político.
"Um candidato a Presidente da República deve ser genuíno, autêntico. Deve apresentar e debater as suas ideias para que o povo saiba o que está a pensar de modo a fazer uma melhor escolha no dia 17. É fundamental haver debates e apresentação de ideias", salienta.
"Nova visão para o futuro"
O jurista Hélio Sanches, também candidato, considera-se já um vitorioso nesta corrida presidencial.
"Estou satisfeito e já sinto a responsabilidade como o próximo Presidente da República. Estou preparado com energia e capacidade para ser o novo Chefe de Estado de Cabo Verde e para ajudar o meu país, que precisa de mim agora mais do que nunca. Cabo Verde precisa de um novo líder com uma nova visão para o futuro".
O jurista e professor universitário Casimiro de Pina diz-se convicto numa vitória expressiva este domingo.
"Estou convicto e sempre fui convicto nos valores que defendi, nos valores supremos da República com base na minha luta pela afirmação dos direitos fundamentais e da Constituição. E é por isto que estou confiante que os cabo-verdianos vão dar-me uma grande vitória e uma grande votação no dia 17 de outubro", frisa.
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"Grande surpresa"
No domingo, haverá uma grande surpresa. Esta convicção é do candidato Gilson Alves ao fazer o balanço da campanha eleitoral.
"Nós sabemos dos constrangimentos. Nós não temos a máquina partidária, mas eu tenho a sensação de que o que nos espera é uma grande surpresa que ainda ninguém viu e que só será vista nas urnas. Isto enche-me de esperança. Eu acho que tenho um bom instinto para ver coisas que as outras pessoas não veem", garante.
Também o combatente da liberdade da pátria Joaquim Jaime Monteiro mostra-se convicto de que vai ser o próximo Presidente da República.
"Pelos indicadores que tenho e pela minha experiência só com a alta traficância instalada em Cabo Verde de compra de votos que dará vitória a um outro candidato", disse.
Para o engenheiro naval Fernando Rocha Delgado a experiência tem sido positiva. "A mensagem passou, os jovens receberam-me com agrado, muitos estão a aplaudir-me, os que me criticam são os que estão atrelados aos partidos políticos. É uma experiência positiva e sem dúvida já ganhei".
Campanha sem sobressaltos
A campanha decorreu sem sobressaltos, segundo a presidente da Comissão Nacional de Eleições, Maria do Rosário Pereira.
"A primeira avaliação que fazemos da campanha é positiva, não tem havido percalços de maior que põe em causa o direito da liberdade de expressão dos candidatos. Isto é muito importante numa campanha eleitoral, que todos os candidatos tenham a liberdade de deslocarem-se, de abordar os eleitores e passarem as suas mensagens", explica.
As eleições presidenciais em Cabo Verde têm tido sempre altas taxas de abstenção. Em 2016, o índice foi de 64,3%. Cerca de 400 mil eleitores estão inscritos para votar nestas eleições, sendo 343 mil no país e 56 mil na diáspora.
Jorge Carlos Fonseca, que cumpre o segundo e último mandato como Presidente da República, apela a todos os eleitores para irem votar. "Todos devem ir votar e não deixar que os outros escolham por ele. Quanto mais se vota mais se participa tanto melhor", deixa o repto.
As eleições presidenciais cabo-verdianas vão ser acompanhadas por 104 observadores internacionais, sendo 71 da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), 30 da União Africana e três, dos EUA.
A votação ocorre das 7h às 18h, no horário local. Caso nenhum candidato consiga a maioria dos votos no domingo, a segunda volta, com os dois mais votados, está agendada para 31 de outubro.
Presidenciais em Cabo Verde: Quem são os candidatos?
Cabo Verde vai às urnas no domingo (17.10) para eleger o novo Presidente da República. Sete candidatos estão na corrida ao Palácio do Platô. Conheça, nesta galeria, as propostas que têm marcado a campanha eleitoral.
Foto: Ângelo Semedo/DW
Arranque da campanha
As ilhas cabo-verdianas vivem, desde 30 de setembro, um intenso clima de campanha eleitoral. No domingo (17.10), os cidadão vão às urnas para eleger o novo Presidente da República, que irá suceder a Jorge Carlos Fonseca. São sete os candidatos, a maioria independentes, que concorrem em dois círculos eleitorais, nacional e diáspora, ao Palácio do Platô. Algo inédito no país.
Foto: Ângelo Semedo/DW
"Novos tempos, novos líderes"
Hélio Sanches aponta a segurança e a justiça como algumas das suas prioridades, caso seja eleito. Afirma que será um Presidente atento às desigualdades sociais existentes em Cabo Verde e que trabalhará para um país mais justo. Ao nível externo, o candidato cujo lema de campanha é "Novos tempos, novos líderes", defende a plena integração do país na CEDEAO.
Foto: Edson Waldir
Equilíbrio
O antigo primeiro-ministro José Maria Neves, que líderou o país de 2001 a 2016, quer chegar agora ao Palácio Presidencial. Diz que, se for eleito, a sua grande prioridade será ajudar Cabo Verde a recuperar da crise causada pela pandemia. Pede equilíbrio e promete trabalhar em cooperação com o Governo. Garante que será um árbitro imparcial do jogo político.
Foto: Ângelo Semedo/DW
Terceira tentativa
É a terceira vez que Carlos Veiga concorre às eleições presidenciais. Nas anteriores, em 2001 e 2006, ficou pelo caminho. Mas, desta vez, está confiante e já canta vitória. Afirma que será um Presidente cumpridor da Constituição, independente e defensor dos interesses e direitos do povo. Quer também ajudar o país a superar a crise provocada pela pandemia.
Foto: Ângelo Semedo/DW
Regime presidencialista em Cabo Verde?
O candidato Gilson Alves defende "poder absoluto" para o Presidente da República e propõe um regime presidencialista em Cabo Verde. Caso for eleito, diz que vai fazer uma revisão constitucional. Promete ser um presidente "forte" e "autoritário", que consegue responder às preocupações dos cabo-verdianos.
Foto: Ângelo Semedo/DW
"Cumprir a Constituição"
Casimiro de Pina tem a justiça como um dos pilares da sua campanha e promete "Cumprir a Constituição". Se for eleito Presidente, diz que vai lutar para que o setor da justiça seja mais célere e responsável. Garante que irá exercer a magistratura de influência e estar atento aos problemas que afetam os cabo-verdianos.
Foto: Ângelo Semedo/DW
De novo na estrada
Joaquim Monteiro é o candidato mais velho na corrida presidencial. Está novamente na estrada para cumprir a sua terceira maratona em direção ao Palácio do Platô. Ele considera que o país está à deriva. Por isso, em caso de vitória, disse que vai "planificar", "programar" e "unir" Cabo Verde.
Foto: Oldimiro Moreira
Mais poderes para o Presidente
Reforçar a democracia e obrigar o Governo a respeitar os direitos dos cidadãos são algumas das promessas do candidato Fernando Delgado. O engenheiro naval crítica o estado atual do país, sobretudo ao nível da justiça e segurança. Fernando Delgado defende a revisão urgente da Constituição e mais poderes para o Presidente da República, particularmente ao nível judicial.
Foto: Décio Barros
Apoio partidário
Das sete candidaturas, apenas duas têm apoio partidário: Carlos Veiga, que já foi primeiro-ministro (de 1991 a 2000), é apoiado pelo partido no poder, o MPD, e pela UCID; e José Maria Neves, também antigo primeiro-ministro (de 2001 a 2016), apoiado pela oposição, o PAICV. Recentemente, este último recebeu apoio de Cláudio Silva, que liderou o PTS nas legislativas de abril último.
Foto: Ângelo Semedo/DW
Propostas com pés de barro?
Vários candidatos têm feito propostas que, em termos práticos, são impossíveis de concretizar, tendo em conta o poder "limitado" do Presidente da República em Cabo Verde. Estas propostas são vistas por alguns analistas como uma tentativa de confundir o eleitorado, levando-o ao engano.
Foto: Ângelo Semedo/DW
Uso de recursos de Estado nas campanhas?
Alguns candidatos têm denunciado o uso de recursos públicos por parte da candidatura de Carlos Veiga, apoiada pelo partido que sustenta o Governo, o MPD. Outros cidadãos têm reclamado nas redes sociais contra a presença de viaturas do Estado, bem como ministros em ações de campanha eleitoral. Entretanto, o candidato em causa refuta as acusações.