Cabo Verde em clima de avaliação governativa
20 de março de 2015 O Governo da oitava legislatura foi empossado a 21 de março de 2011. Nesse dia, o primeiro-ministro prometeu muito trabalho para que Cabo Verde "possa continuar na senda do desenvolvimento".
José Maria Neves comprometeu-se a acelerar o ritmo de transformação da economia e da modernização da sociedade cabo-verdiana.
Quatro anos depois garante que a maioria das promessas foi cumprida: "Globalmente as promessas que fizemos foram cumpridas e outras estão ainda a ser cumpridas. É claro que num leque vasto de muitas ações e de uma agenda governativa muito sobrecarregada não teremos ainda realizado tudo."
Ulisses Correia e Silva, o líder do Movimento para a Democracia, o principal partido da oposição, faz uma leitura contrária e recorda que "o país tem uma alta taxa de desemprego, a atingir fortemente os nossos jovens. O desemprego mais o sub-emprego, que é um trabalho muito precário, atinge quase 100 mil cabo-verdianos."
Para o líder da oposição "é uma preocupação fundamental porque quase 50% da população em idade e condições de trabalhar não tem uma ocupação remunerada". E Correia e Silva prossegue com a lista de problemas que o árquipélago enfrenta: "Baixo crescimento económico e um nível muito baixo de tranquilidade e segurança, para além de um nível de rendimento das famílias e das empresas que tem estado a baixar constantemente".
Às críticas da oposição o primeiro-ministro cabo-verdiano responde que nem tudo se resolve duma assentada e fala em novos desafios: "Depois de um longo trabalho e de termos solucionado um conjunto de preocupações, surgem agora novos desafios. Temos desafios, por exemplo, na área da segurança com o recrudescimento do narcotráfico, o crescimento da criminalidade urbana e da deliquência juvenil e crimes relacionados com a violência na base no género. Há vários desafios que se colocam a Cabo Verde e estamos a tomar novas medidas".
Governo está esgotado, diz o MpD
O líder do MpD contrapõe que o Governo está cansado e precisa ser mudado com urgência. Para Correia e Silva "há muito tempo que está esgotado pelo tempo que já leva no poder. Remodelar esse Governo não vai resultar absolutamente em nada".
Um dos sinais de esgotamento deste Governo, segundo Ulisses Correia e Silva, é a dívida pública bem superior a 100 por cento: "É preciso que os cabo-verdianos percebam muito bem o que isso significa. Um país com excesso de endividamento é um país com excesso de dificuldades de pagar no futuro essa dívida. A dívida foi feita para enfrentar os desafios do país, para modernizar as nossas infra-estururas e para dar resposta a um conjunto de desafios que se colocam a Cabo Verde neste momento." Na troca de argumentos, Ulisses Correia e Silva diz que o Governo de José Maria Neves nem sequer soube aproveitar um dos seus pontos positivos: a infraestruturação do país.
"Cabo Verde está num momento em que o seu grande desafio é garantir a capacidade de financiamento da economia. E o que temos é o seguinte: muitas das infraestruturas foram feitas sem capacidade de gerar esse fluxo", critica.
O Governo tem mais um ano de vida. 2015 será essencialmente um ano de pré-campanha, as próximas eleições legislativas devem acontecer no primeiro trimestre de 2016.
Antes disso, deverá haver algumas mexidas no elenco governamental, segundo o primeiro-ministro. Sabendo que vai deixar o executivo, José Maria Neves não esclarece no entanto se é candidato às eleições presidenciais de 2016: "Não vou falar das eleições presidenciais. A porta não está fechada nem aberta" sublinhou o chefe do executivo cabo-verdiano num recente encontro com jornalistas.