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SociedadeCabo Verde

Cabo Verde: "Maioria dos professores ignorou a greve"

Lusa
21 de setembro de 2024

Em declarações esta sexta-feira, dia em que terminou a greve de dois dias dos professores, o ministro da Educação de Cabo Verde negou ainda as "intimidações" dos profissionais da classe, denunciadas pelos sindicatos.

Escola Secundária Domingos Ramos
Escola Secundária Domingos Ramos, cidade da PraiaFoto: Ângelo Semedo/DW

O ministro da Educação cabo-verdiano disse que a maioria dos professores ignorou a greve de dois dias que terminou, esta sexta-feira (20.09), considerando que os docentes concordam com as propostas do Governo para a classe. 

"A larga maioria, mais de 90% dos professores, não só estão de acordo com o novo plano de carreiras, como não aderiu à greve. Penso que os líderes sindicais deviam tirar ilações", referiu Amadeu Cruz, ressalvando a participação na ilha de São Vicente. 

A nível nacional, "praticamente não houve adesão, em vários concelhos e várias ilhas, excetuando na ilha de São Vicente onde houve participação a rondar 25%. Nas demais, praticamente não houve adesão", referiu. 

Os três sindicatos de professores de Cabo Verde referiram que a greve teve impacto nalgumas escolas, mas sem números de adesão agregados - depois de dirigentes terem admitido à Lusa uma fraca adesão, alegando intimidações. 

"Não perseguimos ninguém, é uma falsa questão", referiu o ministro, acrescentando ter conhecimento de "líderes de sindicatos" que pressionaram professores "para aderir à greve". 

Greve dos professores na Escola Secundária Domingos RamosFoto: Ângelo Semedo/DW

"Nenhum Governo dialogou tanto com os sindicatos, nenhum ministro da educação fez tantas reuniões com sindicatos como eu tenho feito", disse Amadeu Cruz. 

"Que reivindicações estão por atender?"

Na sexta-feira, o Governo respondeu a uma das reivindicações e publicou uma lista de 1.005 professores do ensino básico que vão beneficiar do "subsídio de não redução de horário". 

Segundo o ministro, é o culminar "da resolução das pendências erradas do Governo anterior", acumuladas desde 2008, pedindo aos sindicatos que esclareçam que reivindicações estão por atender. 

O Governo tem anunciado uma despesa adicional de cerca de 800 milhões de escudos (7,3 milhões de euros) anuais com a valorização das carreiras, além de novos aumentos salariais previstos para o novo plano de carreiras. 

No entanto, os sindicatos dizem que está em causa a equiparação da classe, em vários aspetos, à administração pública, com um Plano de Carreiras, Funções e Remunerações (PCFR), reclamando a manutenção de um estatuto da classe docente, tal como acontece com outras profissões, como os médicos.

Amadeu Cruz esclareceu que, com a nova lei de bases do emprego público, o plano de carreiras assume a designação de PCFR, mas os professores continuam a gozar do mesmo estatuto e prerrogativas. 

"Têm de esclarecer quais são as outras questões", pediu o ministro, perguntando "se estão interessados noutras agendas" com objetivos políticos, que implicam "perpetuar a instabilidade". 

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